– Yukio? Trouxe chá – bati na porta educadamente, mas ele não respondeu – Yukio, você está aí? Vou abrir a porta...
Ele estava no fundo da sua sala escrevendo atentamente. De vez em quando ele parava e pensava por alguns momentos, depois voltava a escrever. Me aproximei dele e deixei o chá próximo e o avisei novamente, ele nem se preocupou em se virar ao responder um obrigado com a voz distante e fraca.
Seu rosto estava pálido e havia enormes sombras escuras sob seus olhos. Estar acordado durante o dia devia ser tortuoso e difícil para ele, mas ele continuou a trabalhar em um ritmo tão febril que parecia que estava possuído.
– Yukio – sussurrei colocando uma quantidade razoável de capsulas ao lado do chá – antes de eu ir... bom, você sabe o que é. Espero que te ajude. Não se esforce demais.
Ele olhou de canto de olho, parecendo de repente furioso, depois suspirou e sussurrou para si mesmo.
– Não é o momento de fingir que estou bem. Se for necessário me tornar um monstro para vencer, que seja.
– Você anda trabalhando sem parar. Às vezes me pergunto quando você dorme, se é que dorme. Seu corpo irá cobrar caro isso – suspirei e o deixei trabalhando.
Já estávamos ali há quase um mês. Não tivemos mais notícias de Kai e nem fomos atacados, mas eu sabia que Yukio seguia procurando incansavelmente seu paradeiro. Me sentei perto da janela do salão principal, olhando para fora, sem muito o que fazer.
Vi soldados rasos falando entre eles e deixando o semblante cada vez mais sombrio, mas não eram apenas os ânimos dos soldados rasos que estavam se desgastando, todos os capitães pareciam igualmente tensos.
– Cara, eles estão fazendo tanto barulho lá fora – Natsu disse chegando ao salão com Satoru e gritou pela porta – Ei, vocês estão falando demais! Se vocês têm tempo para brincar, que tal irem afiar suas espadas, hein?
– Sim, senhor – escutei um soldado falando – Minhas desculpas.
Satoru observou os dois homens fugirem, suspirou e deixou os ombros caírem.
– Acho que eles provavelmente só querem esquecer todos os seus problemas. Talvez eles só queiram dançar como loucos. Afinal, quem sabe quando podemos ser atacados de novo?
– O futuro está parecendo muito sombrio para nós. Pensar nisso só está me deixando deprimido. Você também quer dançar, Satoru? – notei o sorriso debochado de Natsu se desenhando – Podemos desenhar rostos na sua barriga, ao redor de sua cicatriz! Tenho certeza de que você vai chamar atenção de todas as garotas!
– Desgraçado – Satoru disse dando um pequeno murro em seu amigo enquanto ria – Você realmente está querendo pagar pela sua bebida hoje. Bem quando eu estava pensando em te convidar para uma dose.
– Ei, ei – Natsu disse se arrependendo teatralmente – Se acalme, eu só estava brincando! Você me conhece, sou apenas um garoto. Eu digo todo tipo de merda que não quero dizer!
– Vocês estão saindo? – perguntei sorrindo para eles.
– Sim – Natsu respondeu – eu não me curo bem quando estou preso com um bando de homens. Se Yukio aparecer, você pode simplesmente dizer a ele que estou indo ao funeral dos meus pais ou coisa assim?
– Está bem – eu disse rindo.
– Certo, Ambar – Satoru disse – Acha que pode ficar de olho nesse lugar para nós enquanto estivermos fora?
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Fendas
Fantasía"Dizem que o universo é extenso, que não tem fim, mas eu discordo. Todo universo tem um fim, e onde um termina, começa outro." Era apenas uma prova, ela deveria passá-la e voltar para casa, mas algo não saiu como o planejado e a situação a forçou fa...