45 - NOVEMBRO DE 1866

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– Onde está o Hayato? – perguntei a mim mesma. Todos já haviam retornado, menos ele.

– Vai logo atrás dele, Ambar – Lidy sorriu para mim ao ver minha cara.

Lidy não vivia ali, mas aparecia com uma certa frequência para nos visitar. Apesar de que tenho minhas dúvidas se 99% dessa vontade dela não era apenas por Yukio, mas eu não me importava. Era bom ter minha amiga próximo a mim de vez em quando.

Saito havia saído malvestido para o frio, como sempre, e o anoitecer só estava piorando o clima. Servi o chá para todos e decidi ir procurá-lo. Apenas a uma curta distância de casa eu o encontrei. Me aproximei cruzando o braço para me aquecer melhor.

– Hayato, o que você está fazendo aqui? Você deveria estar vestindo uma jaqueta ou algo assim...

Ele se virou com muita calma e sorriu.

– Estou em casa, Ambar.

– Não me diga "estou em casa". O que você está fazendo aqui? Está congelando!

– Eu pensei que se eu esperasse o suficiente, você viria me buscar – ele me deu seu sorriso cativante.

– Buscar você? – o olhei confusa – Se você queria me ver, bastava ter voltado para casa. Se quiser ficar aqui, tudo bem, mas pelo menos volte e pegue uma jaqueta.

– Eu não estou com frio.

– Não me venha com essa! Suas mãos estão praticamente azuis. Vamos, vamos para casa. É bom e quente lá.

Eu puxei sua manga na tentativa de fazê-lo se mover. Ele pegou meu rosto com as duas mãos e me fez olhar para ele.

– Ah! Que mão gelada. O que você está fazendo? Vamos, está na cara que você está com frio.

– Espera só mais alguns minutos... – ele seguiu sorrindo e me segurando da mesma maneira.

– Por quê?

– Apenas espere. Você verá – foi sua única resposta.

– Está bem – sorri para ele – é muito difícil dizer não para você.

Ele me abraçou, e ficamos esperando até que ele levantou a cabeça em direção ao céu.

– Aí vem...

Eu segui seu olhar e vi pequenas manchas brancas aparecerem do alto.

– Neve – sorri e senti que meus olhos brilhavam, eu jamais me cansaria de ver aquilo – Isso é o que você queria me mostrar...

– Eu queria ver a neve cair com você.

Mais e mais flocos caíram, macios, silenciosos e lindos.

– É tão bonito – falei olhando para a neve e em seguida para ele.

Tínhamos visto muita neve enquanto estávamos juntos, mas esta parecia especial, talvez porque me desse nostalgia ou simplesmente porque eu estava com ele. A beleza daquele momento para mim era algo quase sobrenatural. Enquanto observávamos, quase senti como se o tempo tivesse deixado de existir.

– Eu sabia que você gostaria – sua voz estava baixa e calorosa – Também te trouxe isto.

Ele depositou com cuidado um pequeno Omamori com uma pétala de cerejeira amarrada cuidadosamente em uma pequena fita. Sorri maravilhada com o fato de ele se lembrar desses pequenos detalhes. Olhei no fundo de seus olhos sentindo o corpo aquecer com tal gesto e o beijei.

– Aonde você conseguiu essa pétala – perguntei baixo. Eu sabia que não estávamos na época das cerejeiras. Ele apenas sorriu sem responder.

Desde que decidimos ficar juntos, Saito não sente mais a mesma dor de antes, ele não recusa quando é necessário e eu particularmente desfruto bastante desses momentos. Saito após todas as lutas que travamos juntos, passou a ter uma nova segurança de si mesmo e eu sei que qualquer caminho que ele possa escolher no futuro, eu não tenho dúvidas de que será o certo, e eu o seguirei.

– Vamos ficar juntos para sempre – falei mais para mim mesma que para ele.

– Sim, vamos – ele seguia sorrindo.

A neve continuou caindo ao nosso redor, mas tudo o que eu podia ver, eram seus olhos azuis quase grudados aos meus.

            A neve continuou caindo ao nosso redor, mas tudo o que eu podia ver, eram seus olhos azuis quase grudados aos meus

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