23 - MAIO 1865 - parte 1

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– Eu deveria dormir – falei para mim mesma como se me repreender ajudasse a conciliar o sono, mas minha mente estava bem acordada. Eu não iria adormecer tão cedo.

Já fazia muito tempo que eu não conseguia dormir bem, aquilo já não era novidade para mim. Eu precisava dormir logo, ou dormiria demais pela manhã e isso seria constrangedor, já que todos ali levantavam muito cedo. Quando forcei meus olhos a fecharem pela milésima vez, ouvi alguém se aproximar da minha porta.

– Você está acordada? – Yukio perguntou firme.

– Sim, pode entrar – falei me sentando – Aconteceu alguma coisa?

– Você tem uma visita – ele respondeu tranquilamente – Apresse-se.

Ele me esperou na porta do quarto enquanto eu colocava uma roupa um pouco mais decente e me arrastei até o salão atrás dele.

Todos os capitães estavam lá. Olhei estranhada para toda aquela comoção.

– Olá, Ambar – escutei a voz animada de Selina que veio me abraçar – Como você está?

– Selina? – a afastei com cuidado do abraço e a olhei realmente surpresa por vê-la ali – O que você está fazendo aqui?

Me virei e levantei uma sobrancelha ao notar uma bela mulher vestida de ninja ao seu lado. Reconheci-a, mesmo com um traje totalmente diferente. Era Keiko, a mesma que me passou a mensagem no bordel. Selina percebeu minha expressão e se apressou em explicar.

– Oh, sim. Ela está comigo – ela falou em tom de desculpas – Minha guarda-costas, pode-se dizer.

– Escolta, Selina? – falei cruzando os braços – Sério?

Ela deu de ombros. Os capitães ficaram em silêncio, satisfeitos em simplesmente observar nossa conversa.

– Eu vim para te levar, princesa – ela falou sorrindo.

Isso não estava na pequena lista que eu comecei a compilar de motivos pelas quais Selina havia me procurado. Olhei ao redor da sala e notei que ninguém mais ali esperava por isso.

– Desculpa... acho que não entendi direito – falei estranhada.

– Não, o que você não entende é a situação delicada em que você está. Você confia em mim, certo? – ela falou ainda sorrindo.

– Não há tempo – Keiko falou ao lado de Selina – Devemos partir imediatamente. Vamos logo, princesa.

– Não me interprete mal, Selina – falei com um tom de irritação na voz – mas por que eu deveria ir com você?

– Sim – Natsu falou interferindo – essa é uma pergunta muito boa. Você acabou de entrar aqui pedindo para vê-la e agora quer tirá-la de nós? Acho que é hora de você nos contar o que diabos está acontecendo aqui.

Eu olhei friamente para Selina. Eu não tinha nada contra ela, mas pedir para confiar as cegas em uma pessoa que eu não via há anos era pedir muito. Eu não deixava meus olhos desviarem nem por um segundo dos seus.

– ... Sim – ela falou se dando por vencida – suponho que você tenha razão. Muito bem.

Ela olhou ao redor da sala antes de continuar.

– Ouvi dizer que vocês cruzaram espadas contra a família Saikhan uma ou duas vezes – ela falou.

– Como você sabe disso? – Yukio perguntou severamente.

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