29 - JULHO 1865 - PARTE 1

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O trabalho no complexo se acumulava, havia poucos homens e quase ninguém para ajudar a mantê-lo em ordem e por isso me ocupava praticamente o dia todo. Eu havia acabado de limpar o salão quando os homens começaram a retornar das patrulhas.

– Ei – Satoru disse cansado – Estamos de volta. O dia hoje parecia que não acabaria.

– Bem-vindos de volta – falei sorrindo.

– Estou ficando realmente cansado desse Saikhan – Natsu resmungou – ele solta algumas de suas transformações, mas não dá as caras. Devíamos estar sentados em uma bela sala quente nos embebedando, não lá fora pegando essas coisas. Você sabe que eu não ganhei nenhum ryō esse ano?

Ele continuou resmungando com raiva para si mesmo enquanto tirava o casaco e o pendurava.

– Oh, Natsu – Takashi falou rindo – Você não parou de falar sobre isso o dia todo.

– O problema é que caçar essas coisas não tem trazido muito retorno financeiro, não é verdade? – Natsu disse, ainda irritado.

– E tirando isso? – perguntei vestindo o melhor sorriso que eu podia – Como foi lá fora?

– Não há problemas sérios – Saito respondeu – por enquanto.

– Entendi – falei ainda sorrindo – Que bom.

Com aquele breve comentário de Saito, senti meu corpo relaxar um pouco. Eu não fazia ideia do que poderia acontecer nos próximos dias, então cada dia trazia uma nova tensão e cada retorno deles era quando a tensão aliviava. Isso também já tinha se tornado rotina. Eu tinha acabado de soltar um suspiro de alívio quando um barulho semelhante a um pequeno trovão ecoou de algum lugar fora do complexo.

– Diabos – Natsu falou abrindo mais os olhos – Isso foi tiroteio, não foi?

O pequeno vestígio de bom humor evaporou de vez e todos os rostos na sala se voltaram para a fonte do som, tensos e sérios.

– Então, finalmente começou, hein? – Satoru disse suspirando e colocando uma mão na cintura.

Fixei o olhar na porta. Agora que tudo havia começado, eu não estava certa do próximo passo. Continuava me sentindo inútil ali, mas ao menos sabia me defender com uma espada. A batalha finalmente tinha começado.

– Eu deveria ir lá ver se realmente são eles – Natsu falou se prontificando.

– Se acalme – Saito falou tranquilamente – Não faremos nada até que o comandante volte. Entendido?

– Tudo bem – Satoru respondeu – Mas alguém precisa contar para o resto dos homens. Eu poderia fazer isso, ao menos?

Saito acenou com a cabeça e Satoru desapareceu, correndo porta afora. Saito se virou para mim sem mudar por um instante sua expressão.

– Você, provavelmente deveria... – ele começou a falar, mas foi interrompido por uma explosão ensurdecedora que rasgou o ar, fazendo todo o edifício estremecer.

Senti um frio na espinha e falei baixo:

– Eles estão aqui – meu corpo começou a tremer.

Saito e Natsu se entreolharam e saíram correndo porta afora.

– Que inferno! – Natsu gritou.

Essa última frase de Natsu me deixou em alerta total e eu corri até o pátio. Mandei o sinal e em poucos segundos diversas fendas se abriram.

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