Dolio tchagui

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Kise olhou para a garota inconsciente que ainda lutava para ter fôlego, mesmo que a detestasse, menosprezasse e sentisse a repugnância ele ainda não podia evitar o aperto no peito, o peso na consciência. Querendo ou não, ela ainda era uma garota que não deveria ter sido judiada de tal maneira. O loiro também não podia negar que aquela luta era dele e que deveria ser justo, mesmo que seu oponente não fosse.

- Eu sinto muito, mas podemos terminar isto aqui? - Questionou o loiro. - Eu até que entendo a situação, mas preciso enfrenta-lo na próxima partida. Vou derrotá-lo. Não me importo de fazer parte da Geração Milagrosa. Já falei isso uma vez pro Kagamizinho. Mas não é tão pouco pra você pegar de graça, Shogo.

- Não quero comprar sua participação. Eu já disse, Ryota. Só disse para me entregar se não quiser, imbecil. - Respondeu o moreno erguendo a cabeça para demonstrar superioridade e descendo as mesmas escadas de onde havia vindo. - E, quando a pequena Prodígio da Faixas acordar, diga que eu mandei lembranças.

Um silêncio durou entre o grupo. Um silêncio incomodo que fazia Taiga temer que pudessem escutar seu coração quando ele olhou mais uma vez para S/N. Um silêncio que desesperou Alex quando a menina em seus braços tossiu e abriu os olhos em uma pequena fresta com dificuldade.

- Melhor leva-la ao hospital. Ao menos em algum lugar onde ela possa descansar. - Disse  Kise sem entender a própria preocupação, talvez seja porquê o mesmo sabia como o irmão da garota iria perder a sanidade ao saber daquilo.

- Taiga, ajude-me a leva-la para dentro. - Pediu Alex ao tentar levantar a garota.

O ruivo correu até a mesma e a pegou em seus braços, a cabeça da garota repousou no ombro do rapaz, as pernas soltas enquanto ele a pegava com uma mão por debaixo dos joelhos e a outra nas costas, os braços foram colocados na barriga da garota para não atrapalhar o andar do maior, que a levava com todo cuidado possível para dentro enquanto era seguido pelos demais.

- Taiga. - Chamou Himuro. - Por que veio aqui?

- Eu conto outra hora, desculpa. - Respondeu o ruivo em meio a um suspiro. - Kise, não perca.

- Claro que não! - Respondeu o loiro seguindo o caminho oposto ao da entrada principal.

Ao entrarem no ginásio, o grupo se dispersou, Himuro seguiu seu até o encontro com o time e Alex precisou de um tempo sozinha para respirar, a luz forte fez com que S/N despertasse completamente e se soltasse dos braços do ruivo, mas isso não significava que conseguia andar sem um apoio, com o braço ao redor dos ombros do mais velho, ambos procuraram o time pela arquibancada.

- Você está bem? - Perguntou o ruivo preocupado.

- Eu vou ficar, não se preocupe. - Respondeu a mais nova, mas o sorriso em seu rosto não era o suficiente para acalentar o coração do garoto.

- Ei! Vocês dois, venham aqui! - A voz de Koganei foi ouvida e a dupla seguiu o caminho da mesma.

S/N torcia para o irmão não ver a marca em seu pescoço quando a garota se sentou ao lado do mesmo e Taiga do outro lado. A garota estava cansada, mesmo que quisesse ver a derrota de Shogo, ela não conseguia manter os olhos abertos, então, em uma derrota contra o sono, deitou a cabeça no ombro do irmão que a olhava curioso.

Perdida no mundo dos sonhos, a garota não sabia o que acontecia ao seu redor, não pode impedir Taiga de contar o ocorrido para o time, nem os comentários de Tetsuya sobre o moreno que jogava no time vermelho, não pode ver como o time da Kaijo estava se esforçando, muito menos a ira de Junpei e de Riko ao olhar o jogo, não pode ver como o placar mudava constantemente de pontuação. 

Não pode ver como Kise havia copiado as habilidades de seus antigos colegas de time, não viu o como o loiro estava se tornando um pequeno monstro como ela, um que a mais nova poderia se divertir em quadra. Ela não o viu, mas sentiu aquela força atravessar seu corpo adormecido e chegar em seus sonhos.

A mais nova acordou atordoada com o som e olhou para baixo, vendo a quadra onde Kise e Shoga disputavam uma vitória, agora podia ver a trapaça e a vitória da Kaijo.

Uma vitória que Shoga Haizaki não deixaria passar em vão.

A garota se levantou e saiu com a desculpa de que ia ao banheiro, correu até Aomine que estava a poucos metros e que também sabia dos planos de Haizaki.

- O que aconteceu com o seu pescoço? - Perguntou o mais velho que diminui o passo para acompanhar a garota.

- Advinha. - Brincou e o mais velho soltou um suspiro irritado.

- Vamos resolver isso.

Conforme as pessoas iam saindo da quadra, Shoga esperava que o jogador loiro da Kaijo saísse para a comemoração da vitória, o uniforme vermelho foi o que o dedurou em meio a multidão.

- A Kaijo não saiu ainda. - Pronunciou Aomine atrás do rapaz.

- Se você está pensando em se vingar do Kise, pode esquecer. - Avisou a menor com um olhar tão gélido quanto o vento da noite de inverno.

- Se for para casa, a gente deixa isso para trás. Por mais que eu não queira.

- Como quiserem, idiotas. Farei o que eu quiser.

- Se quer jogar basquete, isso não me importa, mas não se meta com eles fazendo uma bobagem fora da quadra. - Disse o maior apoiando o braço nos ombros da garota em um modo protetor.

Ele não estava dizendo aquilo apenas por causa de Kise.

- Que estranho. - Respondeu o moreno em meio de uma risada. - Você sempre foi um bom menino assim? E pelo visto ainda é o cachorrinho da primeira na Geração Milagrosa. 

- Perdeu para o Kise, Haizaki. Não sabe o quanto ele e o Tes treinaram. Não faça nenhuma outra bobagem. - Avisou a garota.

- Entendi. Agora terei que destruí-los mesmo. Já falei, eu não ligo. Infelizmente, não sou como vocês, não ligo para o basquete. Se quiserem que eu pare, terão que me deter!

Shogo correu até os dois, pronto para golpear o rosto de Aomine, contudo, em um movimento rápido e de legítima defesa, a garota levantou a perna e realizou o movimento dolio tchagui, um movimento simples que teve como alvo o rosto do mais velho.

- Então eu farei isso.  - O corpo do rapaz caiu no chão, o chute havia o deixado tonto demais para levantar, então, sem opções, fingiu desmaiar.

- Você é rápida. - Elogiou o moreno ao seu lado.

- E você é meu cachorrinho? - Brincou a mais nova que riu com o rosto ruborizado do maior. - O que a gente faz agora?

- Só vamos embora.

Pass it to me again!Onde histórias criam vida. Descubra agora