Gatinho

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Os jogadores se cumprimentaram e a Kaijo saiu derrotada da quadra, os olhos chorosos e o coração apertado pelas esperanças vazias que foram deixadas neles. A Seirin seguiu o seu caminho para o vestiário, o cansaço no corpo dos rapazes era o oposto do caso da garota, ela sentia que conseguia jogar outra partida por conta da imensa animação e adrenalina em seu sangue.

Dentro do vestiário, S/N removeu a peruca e lavou o rosto, tirando a maquiagem, se escondeu em uma cabine e trocou de roupa. Voltando para o meio dos meninos, foi cumprimenta com sorrisos largos e piadas sobre "Makoto".

- Quando disseram sobre você jogar bem, achei que era piada. - Brincou Junpei. - Não que você já não tivesse provado isso, mas... Uau. 

- Nunca duvide da minha capacidade! - Disse rindo alto. - Eu vou na frente, quero jogar mais um pouco.

Saindo rapidamente do ginásio, a garota correu para casa apenas para trocar de roupas e pegar a bola de basquete do irmão e ir jogar um pouco na quadra próxima do lar. Ouviu o toque do seu celular no bolso, no visor tinha um contato conhecido que fez o sorriso se estender no rosto.

- Oi, Murasakibara. Você me viu jogar? - Perguntou a garota se sentando no banco da quadra estranhamente vazia e começou a quicar a bola, como um simples passa tempo.

- Eu vi, você foi incrível. - Disse o arroxeado com um sorriso nos lábios e as bochechas avermelhadas, agradeceu por ela não conseguir ver o quão bobo ele estava sendo. - Onde você está? Eu tenho um prêmio para você.

A animação se fez presente no corpo dela. Disse onde estava e não conseguia mais se manter parada no banco. Começou a jogar sozinha na quadra. Doida para vê-lo.

Em um momento de desatenção, sentiu braços fortes a rodear e um corpo grande se chocar contra o seu, um beijo simples no topo da sua cabeça junto de um "oi" dito baixinho. Sorridente, virou-se para o rapaz e abraçou o pescoço do maior que, em resposta, rodeou os braços na cintura da garota, a levantando do chão e deixando um beijo casto nos lábios da mais nova.

- Senti saudades. - Confessou o maior.

- A gente se viu antes do jogo!

- Muito tempo longe de ti, fiquei doente de saudades. - Brincou deixando rápidos beijos na boca da garota, selinhos pequenos e repletos do amor mais sincero que ele podia demonstrar.

Rindo. Ela deixou beijos por todo o rosto do maior. 

- Eu também estava com saudades, bobo. Mas qual é o meu presente? - Perguntou a garota animada.

- Feche os olhos. - Pediu o rapaz.

Com os olhos cerrados, o maior pegou a mão da menor e a estendeu, ela sentiu algo felpudo, quente e ouviu um miado baixo. Sem acreditar, ela abriu os olhos, vendo o pequeno felino que aparentava ter poucos dias de vida. Olhei incrédula para o mais velho que tinha um sorriso no rosto. Não conseguia acreditar no que tinha em mãos. Ouvi um miado baixo e o aproximei do meu peito.

Fiz um carinho atrás da orelha do gatinho caramelado e o ouvi ronronar. Sorri vendo os olhos azuis brilharem para mim e esticar as pequenas garras de forma fofa.

- Ele é lindo, Murasakibara. - Disse sorrindo para o maior que deixou um beijo em minha testa.

- Qual nome você vai dar? - Pergunto esticando a mão e tirando um fio teimoso do meu cabelo atrás da minha orelha.

- Não sei, eu vou pensar nisso ainda. - Sorri recebendo um selar rápido dele na minha boca, sentindo o gosto doce.

O gato em meu colo miou, ele arranhava de leve os braços de Murasakibara quando ele tocou meu pescoço, me fazendo rir baixo. Não jogamos nenhuma partida, apenas ficamos sentados no banco, aproveitando a companhia um do outro enquanto brincávamos com o pequeno felino que não tardou em dormir. 

- Você vai jogar contra o Akashi? - Perguntou o mais velho fazendo um carinho no meu cabelo.

- Se a Seirin precisar, sim. Essa luta é mais deles do que minha. - Respondeu soltando um pequeno bocejo. - Ei, quando que você vai voltar? Digo, para Akita.

S/N não era boba. Sabia que o garoto morava lá e tinha toda a sua vida na cidade a cerca de 554 quilômetros de Tóquio, o que equivalia a mais de 14 horas de viagem. Quando o mais velho voltasse para a cidade, quando poderiam se ver de novo? Seria um relacionamento mais virtual do que físico, certo? Ele ainda a amaria quando estivesse longe? Ainda seria fiel? Ambos possuem suas vidas e rotinas, eles conseguiriam se falar com frequência?

O garoto demorou para responder. Segurou a respiração e passou a pensar. Abraçou o corpo da menor, deixou um beijo nos cabelos azulados e levantou o rosto dela temeroso.

- Eu vou voltar logo depois do jogo das finais. - Confessou fechando os olhos e apoiando sua cabeça na da garota. Sentiu o seu coração rachar ao pensar em ficar longe dela de novo. - Prometo voltar o quanto antes. Vou te mandar mensagem todos os dias.

Ela não respondeu, apenas segurou a camisa do rapaz. Sentiu vontade de chorar. Como podia se apegar tanto em tão pouco tempo? Ela respirou fundo e sorriu para o maior.

- Está bem, prometo fazer o mesmo. - Disse deixando outro beijo na boca do maior.

Ela iria esconder a verdade dele também. Não apenas do irmão, dos amigos, mas de outra pessoa que amava. Preferia partir em silêncio durante o jogo, se juntaria a Alexandra e viajaria para os Estados Unidos sozinha, sem que ninguém soubesse e faria sua carreira no estrangeiro, seriam apenas os quatro ou cinco anos mais dolorosos da sua vida, mas eles renderiam tudo que sempre sonhara, desde uma vida confortável até retribuir a todos os sacrifícios do irmão.

Ela preferia partir calada, com a mente pesada, do que ter que consolar a todos.

Pass it to me again!Onde histórias criam vida. Descubra agora