Beleza

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S/N estava ansiosa tanto para as semifinais quanto para seu encontro com o Murasakibara. A garota não conseguiu conter a alegria enquanto comprava roupas novas e discutia com Alex as melhores opções de roupas. E era impossível não ficar ansiosa e nem nervosa.

A mais nova não sabia o que faria no encontro, já que o estava sendo planejado pelo arroxeado que lhe escondia tudo sobre e, a única coisa que lhe foi contada, era o ponto de encontro e o horário. Fazendo com que a ansiedade aumentasse ainda mais.

A mais nova o conhecia há anos, mas, ainda assim, conseguia ficar nervosa ao olhar para as orbes violetas que sempre teve apego, não conseguia ficar calma quando a mão do mais velho acariciava sua cabeça e a voz grave tocava seus ouvidos.

E, mesmo agora, ela ainda sentia-se como a mesma garota de três anos atrás, quando o conheceu e começou a desenvolver seus sentimentos nunca antes sentidos.

Seu coração que sempre batia mais rápido, sua boca seca e as mãos úmidas de suor. Seu rosto se aquecia e sua mente entrava em um branco. A voz falhava e suas pernas usavam todas as forças de seu corpo para ficar em pé.

A menina começou a contar os dias para o encontro e, a cada hora, ficava mais ansiosa. Já havia escolhido a roupa que a fazia parecer mais madura, o seu perfume favorito que a lembrava da praia no inverno frio, sabia a maquiagem que iria usar, como iria andar na bota com um salto maior que seu punho.

Estava animada com seu primeiro encontro oficial. Mas seu coração ainda doía por algum motivo que não conseguia dizer.

Tetsuya estava feliz pela irmã, mesmo que quisesse protege-la de todo mal que um homem podia lhe causar, ele sabia que não poderia prende-la e reprimi-la de ter sua vida e escolhas. Estava feliz por vê-la tão animada na véspera do encontro, feliz por poder ver a animação nos olhos azuis da irmã e de como ela parecia bem.

Na manhã seguinte, a garota havia acordado mais cedo que o normal. Feito a típica corrida matinal, sem tirar o sorriso do rosto em nenhum momento, mesmo que seu corpo pedisse por ar. Ao chegar em casa, espremeu um limão e o bebeu com café, a bebida critica seguida da quente fazia sentir-se bem.

Ainda lhe restavam cinco horas até seu encontro, podia se arrumar em uma. Com esse pensamento, a jovem voltou para o quarto e começou a trabalhar. 

Por causa dos jogos do irmão e os treinos de Taiga, a mais nova atrasou seu trabalho, tendo uma pilha de e-mails para responder e currículos para analisar, não eram coisas difíceis e podiam ser resolvidos rapidamente, mas aquilo era seu trabalho.

A jovem terminou o trabalho mais rápido do que imaginava, restando ainda pouco mais de duas horas e meia até seu encontro. 

Com as roupas em mãos, a garota foi ao banheiro e tomou um banho, os cabelos molhados escorriam grudavam em suas costas, eles haviam crescido muito, agora estavam abaixo dos ombros, diferente de quando seu irmão começou o ensino médio, que estavam na altura de seu queixo.

O perfume se impregnou na pele nas primeiras borrifadas. Os cabelos foram secos e presos em uma trança. A calça social preta realçava seu quadril, a blusa branca justa e que combinava com o sobretudo marrom pendurado na porta, tais vestes sempre lhe caiam bem, mesmo que ela fosse nova. A maquiagem básica e simples realçavam sua beleza natural e disfarçava seu nervosismo.

A bela garota se olhou no espelho. Ela estava linda, mesmo que não aceitasse isso e achasse imperfeições onde não existem.

Saindo do banheiro, S/N deu de cara com o irmão que ficou encantado com a garota.

- Uau... - Suspirou.

- O que você acha? - A garota, inconscientemente, levou uma mecha solta atrás da orelha e deu um sorriso de canto.

- Você está... uau. - Sorriu. - Está linda.

O mais velho se aproximou e beijou a testa da garota.

- Eu acho que devia ter me arrumado melhor, meu cabelo não está muito bom e a maquiagem está fraca... Essa roupa está boa? Eu acabei ganhando um pouco de peso então minha barriga está mais a mostra e o casaco não vai esconder tão facilmente. 

- E isso importa? Você está linda como sempre foi e sempre será. Está estonteante. E, se ele realmente gosta de você, tenho certeza de que não vai ligar para isso. E eu tenho certeza que você não ganhou peso, pelo contrário, estou com medo de que acabe ficando doente e, se não for pelo peso, vai ser pelo excesso de beleza. - Tais palavras sempre alegravam seu dia.

O irmão que, vez ou outra, parecia mais um pai. O rapaz que disse que ela não precisava seguir os passos dos pais e o ritmo do colegas, que não precisava esconder a inteligência e que sentiu mais orgulho que os outros quando a garota saltou duas séries. Que, mesmo tendo um salário menor no trabalho de meio período, ainda era aquele que insistia em pagar as contas e comprar mimos para a irmã. E que lhe deu um ombro para chorar e um abraço para chamar de lar.

- Eu te amo, Tes. - Disse a mais nova o abraçando.

- Eu também te amo, maninha. - Respondeu o mais velho beijando o cabelo arrumado da irmã. - Melhor ir terminar de se arrumar antes que eu mude de ideia sobre esse encontro.

- Está bem. Está bem. - Brincou a mais nova que correu para o quarto.

O salto da bota batia no chão conforme a garota andava no quarto, o sobre tudo batia em seu joelhos e, vez ou outra, arrumava a casaca em seu corpo. Em algum momento, a jovem se sentou na sala com um livro enquanto seu irmão assistia o jornal. Ficou ali por mais meia hora na tentativa de ler, mas a cada dois parágrafos, ela olhava o relógio em seu pulso.

Ainda faltava uma hora para o encontro. Era quinze minutos de caminhada até o ponto de encontro, sairia vinte e cinco minutos mais cedo para caso tivesse problemas no caminho.

Sem se concentrar no livro, decidiu assistir ao jornal com noticias piores que as palavras do livro que lia. Mas nem o jornal chamou sua atenção.

- Vamos jogar shogi? - Sugeriu a garota.

- Você sempre ganha. - Respondeu o garoto.

- Damas?

- Pior ainda.

- Ludo? - Questionou atraindo a atenção do irmão.

- Você ganha tudo.

- Eu pego leve.

- Pega o ludo.

Pass it to me again!Onde histórias criam vida. Descubra agora