Capítulo 15 - A teoria do copo soa como se ele estivesse meio cheio

3.7K 394 26
                                    

Camila Cabello  |  Point of View





Recobrei minha consciência e a água batia contra esse treco que eu estava presa. Meu Deus... me dá uma folga.

Me virei e senti dor quando escorei meu braço contra o chão, minha perna pouco se movimentava, parecia uma ponta de pedra que me escorei, esfreguei o tecido contra ela e demorou muito, minhas mãos doíam pra caralho, mas consegui rasgar ali, depois descarreguei toda minha raiva da situação ali e abri mais, até passar minha cabeça. Olhei para cima e não tinha ninguém cuidando para ver se o serviço estava terminado.

Abri mais a passagem e consegui sair dele, nem sabia que diabos era aquilo, mas joguei longe. Minha perna estava inchada e quando eu fui tossir, a lateral do meu corpo latejou.

Me levantei, a maior parte do meu corpo estava muito dolorida, mas minha perna era o inferno. Credo... como eu vou caminhar assim?

Segui a linha do penhasco, mas minha perna fisgava a cada movimento, a lateral do meu corpo estava latejando. Me escorei ali e ouvi barulhos, a sacola que me prendia estava boiando na água e alguém estava atirando nela. Me encolhi o máximo para não ser vista, estava escuro, eu estaria segura se não fizesse nenhum barulho.

Eu nem sei de que porra era feita aquela porcaria, mas ela afundou, era difícil de enxergar. Fiquei pensando quanto tempo seria necessário para ficar ali e o quanto essa pessoa quer se livrar de mim. Os disparos foram abafados por um silenciador, talvez tenha algum movimento.

Fiquei ali por muito tempo, depois segui caminhando, mas minha perna doeria menos se eu a arrancasse.

Só quando as pedras acabaram e cheguei a areia, comecei a me localizar, haviam luzes em uma casa perto da praia, seria uma longa caminhada, mas eu precisava ligar para Robbie vir me pegar.

Na metade do percurso eu pulava em um pé só e se a lateral do meu corpo não doesse tanto eu iria me arrastando pelas mãos.

Um casal estava sentado na rede na varanda da casa e se assustou quando me viu.

— Não precisam ficar com medo, só preciso de ajuda.

— Você está bem? – O cara disse me segurando e me apoiar nele me fez soltar um suspiro de alívio, não aguentava mais me sustentar. — Liga para uma ambulância.

— Não. Eu só preciso ligar para minha casa, meus amigos me ajudam, não precisam mesmo se incomodar.

— Você está muito machucada.

— Minha amiga é médica, só me deixe fazer uma ligação. – Ela colocou a cadeira ao meu lado e o cara me escorou na mesma. Ela me entregou o celular e disquei o número de casa.

— Alô.

— Alisha...

— Meu Deus, Camila. Onde você está?

— Onde eu estou. Pode dizer a ela? – Entreguei o celular para moça e elas ficaram se falando.

— O que aconteceu com você?

— Eu não sei, estava indo para casa e alguém me pegou, só lembro da dor e de acordar dentro um saco.

— Precisa chamar a polícia.

— Melhor não, só meus amigos vão ser suficiente.

— Você está com a perna quebrada.

— Impossível. Eu consegui caminhar até aqui, me jogaram daquele penhasco lá. – Eu disse apontando e ele levou a mão a boca.

— Mas quando eu caí de moto minha perna ficou inchada deste jeito.

— Ela está vindo, você quer uma água?

— Não. Só preciso ir para casa, mas muito obrigada mesmo por me ajudar.

— Amor, ela caminhou lá do penhasco, mas acho que essa perna dela está quebrada.

— Se ela caminhou não está. – Ele analisava minha perna e a distância. Ouvimos um barulho de pneus por conta da parada brusca.

— Robbie chegou. – Falei e logo as batidas aconteceram.

— Eles me ajudaram e eu olhei no olho mágico, era ele mesmo, com o semblante apavorado. Quando ela abriu a porta ele me agarrou, a dor foi insuportável, eu gritei.

— Me desculpa, eu fiquei tão preocupado, eu estava aqui perto tamanho meu desespero.

— Obrigado mesmo. – Falei ao casal e eles sorriram.

— O que vocês quiserem, carro, casa, barco, aparecem lá na empresa Amell que eu vou dar a vocês.

— Não precisa...

— É sério. Qualquer coisa, vocês salvaram a vida dela. – Ele disse e me apoiei nele para tentar diminuir a dor.

— Leve ela ao hospital.

— Já vou fazer isso.

— Ele me ajeitou no carro e saímos dali.

— Alisha?

— Ela estava em casa, pensamos que se você ligasse um de nós deveria estar ali. Graças a Deus pensamos nisso. Estava muito louco, estava nesses bares perguntando por você. O que houve?

— Alguém me pegou, me enfiou em um saco e me jogou do penhasco. – Ele começou a chorar. — Ei... eu tô legal.

— Eu achei que tinha perdido você. Deus... eu estou chorando de alívio, mas eu vou caçar quem fez isso com você. Eu vou achar esse covarde.

— Eu estou bem, Ro. – Eu tossi e gemi de dor. Comecei a ficar mais tonta e acabei apagando mais uma vez.


×××


Acordei e a luz incomodou muito, fui me acostumando aos poucos e depois percebi o quarto de hospital.

— Olá, você dormiu um bom tempo. Está sentindo alguma coisa?

— Não. Meus amigos estão aqui?

— Sim, eles não deixaram você sozinha nenhum segundo.

— Eu vou ficar legal?

— Você quebrou três costelas, duas falanges do pé e trincou a tíbia. Até agora não conseguimos entender como você caminhou.

— Acho que doía tanto que eu nem sentia mais dor, sabe?

— Mas se o osso saísse um milímetro para o lado, seria a pior dor da sua vida. Graças a Deus que não aconteceu. Vou chamar seus amigos, o turno do médico que está atendendo você começa em menos de uma hora, mas se não está sentindo nada só vamos acompanhar sua melhora.

— Obrigada.

Logo meus amigos entraram ali e me abraçaram, eles começaram a chorar e eu sorri, me sentia bem espremida entre eles, eles eram tudo que eu tinha.

— Você me assustou tanto, Camila. Que medo eu senti.

— Eu estou bem.

— Agora está, deixei dois seguranças na porta e você só vai andar com eles.

Não falei nada, apenas me aconcheguei entre aqueles abraços e foi bom de sentir segura ali.

NÃO ESQUEÇAM!

===================================
Não esqueçam de ACENDER a ESTRELINHA e COMENTAR, é importante para que mais pessoas consigam ler a história.
===================================

VenenoOnde histórias criam vida. Descubra agora