Capítulo 21 - Ato falho de ajuda a uma inocente

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Camila Cabello  |  Point of View





Era bom ter Lauren por perto, preciso de pessoas assim ao meu redor para me sentir segura. Entrar naquela loja me deixou frágil, me senti um balão entre espinhos, como se eu fosse explodir a qualquer segundo.

— Olá, como podemos ajudar? – O moço caminhou até onde eu estava e sorriu.

— Preciso falar com a Sofia.

— Você a conhece?

— Sou irmã dela.

— Irmã? – Ele me olhou estranho. — Deixa eu falar com ela, pode ficar à vontade.

Ele subiu a escadaria ao lado da janela lateral e eu fiquei olhando os quadrinhos ali expostos. Ele demorou, ou minha ansiedade estava me sufocando, o tempo realmente parou, não é possível que algo demore tanto.

Quando o moço finalmente desceu as malditas escadas, ele não estava mais tão amistoso, bem sério se aproximou.

— Ela não quer falar com você.

— Tudo bem, eu entendo. – Virei, mas óbvio que eu já esperava isso, então dei a volta nele e corri para as escadas, três portas me afastavam dela, de primeira entrei na sala dela, mas o cara se jogou contra meu corpo, me derrubando e me fazendo chocar minha cabeça na porta. — Sofia, precisamos conversar, é bem rápido, prometo não me demorar, me dê cinco minutos.

— Largue ela, Ryan. Eu disse para não ficar nervoso, ela não faz nada em público.

— Eu não vou deixar a senhora sozinha.

— Não se preocupe, ela nunca faria nada comigo.

— Lógico que não. – Falei, ele não parou de me asfixiar, eu podia demolir ele na pancada, mas isso dificultaria mais minha conversa com ela.

— Deixe ela, Ryan.

Ele me largou e eu me levantei rapidamente, gritando contra seu rosto e ele ficou branco, gargalhei com aquilo, ela o retirou dali e me sentei na poltrona ao lado da porta, massageando minha cabeça que doía bastante.

— Rápido, Camila. Tenho muito o que fazer.

— Seus negócios vão bem?

— Sim, por isso não posso me demorar.

— Você disse que nunca vai me perdoar pelo que fiz.

— Lógico que não, perdi meus pais por causa sua. – A encarei com a sobrancelha arqueada.

— O que aconteceu naquela noite?

— Meu Deus, Camila, como você é dissimulada, cara. Não é possível isso.

— Sofia, eu assumi a culpa porque Juan me falou que você fez aquilo.

— Você não vale nada mesmo, Camila. Juan me disse que você era manipuladora, mas nesse ponto.

— Eu juro a você, Sofia. Ele me puxou para o escritório, lembro até hoje que não acreditei nele, você era uma criança e me parecia absurdo, mas ele disse que você me ouviu falando aquelas coisas e como me idolatrava, tentou me ajudar.

— Eu nunca faria isso, eu estava no meu quarto quando aconteceu. Não tente limpar sua consciência me culpando pelos seus atos.

— Eu não tenho consciência pesada, Sofia. Eu não fiz nada e só me entreguei naquela noite porque o Juan me fez mesmo pensar que foi você, mas agora me sinto uma imbecil por ter acreditado nele.

— Você está tentando me convencer que foi para cadeia por achar que eu coloquei veneno naqueles pratos?

— Sim. Você era uma criança e ele me disse que fariam coisas horríveis com você, Juan era o mais promissor, ele estava entrando na faculdade e eu... bom, você sabe como eu era tratada naquela casa. Não deve lembrar muito, mas alguns momentos você deve lembrar, eu nunca fiz nada contra ninguém, eu ia fugir naquela noite, iria para a casa do Robbie e não ia mais incomodar ninguém. Eu não tinha motivos para matar aqueles dois, pois eu sempre fui melhor que eles. Eu era feliz e eles não.

— Camila, preciso que vá embora agora.

— Acredite...

— Saia daqui agora!

— Me desculpe roubar seu tempo.

Ela nada respondeu, sai de seu escritório e voltei para o carro. Eles me perguntaram como eu tinha ido, mas nada respondi.

— Ela fica meio calada assim quando está resolvendo as coisas na cabeça dela. – Alisha falou e me escorei no banco do carro.

— Você está bem? – Senti a mão de Lauren deslizar no meu pescoço e a ponta dos seus dedos fizeram uma pressão na minha nuca.

— Estou. – Coloquei minha mão sobre a dela. — Não sabe o quanto é bom ter você por perto, Lauren. A boa companhia de quem sempre sabe o que falar e tem um beijo tão gostoso que me faz esquecer um pouco dessa vida meio torta que eu tenho.

Ela sentou no meu colo, colocando um joelho a cada lado do meu quadril.

— Ei, comportem-se, crianças. Não tira a inocência do meu bebê, Lauren. – Alisha falou e fez Lauren sorrir, aproximando nossos rostos.

— Você não está me escondendo nada? – Ela disse me olhando nos olhos e eu acariciei o rosto dela.

— Não. A única coisa que eu escondia era aquela história. – Ela me beijou, mas diferente das outras vezes, algo parecia errado. Lauren parecia tensa. — Algum problema? – Falei a abraçando.

— Preciso te mostrar uma coisa que recebi.

— É ruim?

— Sim. Na verdade, não é, só que alguém me aconselhou a me afastar de você.

— E você quer se afastar?

— Não! Lógico que não.

— Lauren, você é livre, não precisa ficar se estiver com dúvida. Não vou prender você a essa confusão, nem devia ter te chamado aqui, eu só pensei... – Droga! Eu tenho que parar de pensar que minha vida vai ser normal.

Quando voltei a realidade, olhei para os bancos vazios na frente do carro, já estávamos na garagem.

— Parece que já chegamos. – Falei e ela ainda me encarava. — O Robbie pode te deixar em casa.

— Não vou te deixar sozinha, Camz. Sua conversa foi difícil e eu estou aqui por você.

— Você está com medo. Eu senti no seu beijo que está com medo.

— Nunca teria medo de você, estou aqui por você, Camila. Sabe disso, eu voltei e vou ficar. Só é difícil de lidar com o fato de alguém perseguindo você.

— Eu vou sair dessa, Lauren. Não foi a Sofia, não fui eu... só resta um suspeito na casa naquela noite.

Lauren selou nossos lábios antes de assentir. Ficamos conversando um pouco ali e depois entramos, contei aos três minha conversa com Sofia.

NÃO ESQUEÇAM!

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