16-A única mulher que eu me casaria

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Sara on

Vir pro Brasil era algo decidido, mas minha conversa com Taehyung quase me deixou insegura.

Quase.

Eu não decidi essa volta de uma hora para outra, foram necessárias muitas conversas com minha família, amigos, seções de terapia, decidir o que eu queria o que me deixaria de fato bem.

Mas, apesar de ter sido uma decisão madura e a melhor no momento, eu sabia que eu estava abrindo mão do Tae.

Não apenas do Tae, mas de toda uma vida na Coreia.

Vir para o Brasil há 7 meses atrás me ajudou, mas não foi fácil.

Financeiramente eu e minha família estamos bem, estou estudando e continuo na mesma função, que ocupava na Coreia,  na escola daqui.

Ainda assim, a depressão e ansiedade estão me causando algumas dores que eu achei que não doessem mais, me sinto fraca.

Por não conseguir superar um episódio que aconteceu há tanto tempo.

Eu percebi que não dá para fugir de mim mesma, não importa se no Brasil ou na Coreia, certas dores precisam ser reconhecidas e serem curadas.

Eu sei que os meninos estão aqui no Brasil, mas eu percebi que até essas feridas se curarem vai levar um tempo, que talvez o Tae não esteja disposto a esperar e eu não teria coragem de pedir para o Tae.

Nem sei porquê estou perdendo tempo cogitando essas coisas.

Respiro fundo e entro na suíte presidencial de um hotel chique de São Paulo.

A turnê mundial do BTS está no Brasil e, mesmo não querendo muito correr o risco de Taehyung aparecer, resolvi ouvir Bra e ver minha amiga.

Assim que chego no local, percebo que é uma especie de reunião dos membros do bts e suas respectivas mulheres. 

Todos estavam acompanhados.

Inclusive Taehyung.

Meu corpo é percorrido por um frio, mas logo me recomponho, eu sabia que isso poderia acontecer.

— Amiga! — A mulher de Hoseok vem em minha direção — você tá linda Sara — Bra me dá um beijo e um abraço, em seguida se afasta segurando meus ombros me olhando.

— Obrigada — respondo timidamente, meu cabelo agora está cor de mel e as ondas não são mais uma mistura de no e pontas duplas.

Não consigo pensar muito sobre o que está acontecendo, porque sou cercada por todas as meninas, da sorriso bonito até Maria, que finalmente está noiva.

Me fala sorrindo mostrando o solitário na mão direita.

Quando finalmente cumprimento todas as meninas, é a vez dos sete coreanos, deixo Tae por último, porque quis evitar o sofrimento o máximo possível.

— Noona! — Tae se aproxima com um dos braços ao redor da pequena cintura de uma mulher pequena de olhos grandes, cílios espessos, nariz arrebitado e extremamente magra.

A mulher é linda e por mais que me doa admitir ambos formam um casal lindo.

Tae solta a cintura da moça e me abraça educadamente.

Eu não sei se é apenas eu que sinto o desconforto no local, ou se está assim para todo mundo.

— Essa aqui é a Anna, minha namorada, ela é a atriz mais talentosa da França— É claro a admiração do coreano, seus olhos brilham.

Tae me apresenta sua namorada e eu me obrigo a sorrir quando sinto vontade de chorar.

Mas seria egoísmo meu, não ficar feliz ao ver Taehyung feliz. E meu, quer dizer não é mais meu Tae — nunca foi —, mas continua sendo o meu sorriso preferido e eu nunca vi esse sorriso lindo como agora.

Taehyung está feliz.

E Eu estou me reconstruindo. Ainda. Me sinto bem atrás no tempo.

Ou seja, Taehyung não estaria feliz assim se fosse eu ao seu lado.

Eu nunca neguei meu amor, ao contrário declarei por escrito e até gritei!

Orgulho? Nunca nem vi.

Mas ainda não estava pronta para viver um namoro ou qualquer relação, que não fosse amizade.

Eu voltei para casa, não me despedi do Taehyung porque não era um adeus.

Eu ridiculamente achei que um homem como Taehyung iria esperar por mim.

Meu coração tava querendo se desmanchar em gritos, meu cérebro queria fugir daquele lugar.

E eu? Me obrigo a corresponder o sorriso da moça a minha frente.

Ah esqueci de mencionar que a Anna é pelo menos uns 10 anos mais nova que eu.

Sim, humilhação em cima de humilhação.

— Oi, tudo bem?

Oi você é linda— a mais nova fala e agora nem ficar com raiva da Anna eu posso porque a menina é linda e gentil — Nossa, ela fala inglês bem, né? Se não fosse a roupa eu nem acharia que não é igual a gente. — vejo a europeia se virar para Taehyung e falar num sussurro e em coreano, baixo o suficiente para não ser ouvida por ninguém a não ser Taehyung e eu.

— Ah, então eu não sou igual mesmo. Licença. — respondo em coreano e a cara da morena é impagável, seus olhos faltam saltar de seu rosto perfeito — tchau seu Tae — uso o seu e saio, deixando um Tae completamente imóvel no lugar.

Percebo que todos ao redor notam que algo aconteceu, então, desisto de sair respiro fundo e vou em direção a morena e Maria, que estão com seus respectivos marido e noivo.

— O que aquela francesinha falou?

— que sou pobre. O óbvio — respondo morena fugindo do assunto.

— Eu só suporto as coisas que essa menina fala porque o Tae nos obriga — Jin responde

— a Anna é muito ingênua e novinha e as vezes fala sem pensar, desculpa noona. — não encaro Tae porque não consigo acreditar que meu amigo está justificando o preconceito da namorada —  todos nós já passamos por essa idade e essa fase...

— desculpa irmão, mas eu nunca fui preconceituoso ou metido — Yoongi responde olhando as unhas.

— hyung a Anna não é...

—  falar que eu sou pobre como se isso me diminuísse e me tornasse menos capaz não é ingenuidade é questão de caráter. Parabéns não achei que tu fosses do tipo que só ligava para aparência.

— Ah sabe de uma coisa? Não vou discutir.

— porque sabe que tá errado— Maria responde, mas Tae me olha fixamente

— A Maria está correta — respondo sem desviar os olhos do rosto do coreano, que levanta o queixo e não desvia o olhar— o que é? vai atrás da novinha e ingênua — rio ironicamente de boca serrada.

— Eu vou mesmo. Atrás da minha mulher.

—Ué? Tae casou e eu não soube e sequer recebi um convite? — Jin nos olha sério enquanto pergunta isso.

— Então trata logo de marcar a data do nosso casamento, lembra que tu falaste que iríamos nos casar so quando Taehyung casasse — Maria responde rindo.

— Casou seu tae? — pergunto e nem eu acredito que acabei de perguntar isso, meu coração começa a bater forte enquanto espero a resposta.

Taehyung continua andando, por um momento acho que o mais novo não vai falar.

Mas Tae volta, sem me olhar.

— Não hyung não casei — responde Jin

— A única mulher que eu me casaria me abandonou após falar que não iria me abandonar — Tae me olha e sai, sem dar tempo de eu falar.

Eu nunca te amei. Ainda. (Livro 6)Onde histórias criam vida. Descubra agora