15-Não é o nosso tempo

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Tae on
Eu sigo para onde meu carro está, não consigo ficar mais aqui. Nem quero que meus amigos me vejam chorando.

Sinto uma mão segurar meu pulso sem muita força, não preciso virar para saber que é a noona, seu perfume tem um cheirinho inconfundível de limão, algumas notas são de limão.

Por mais que eu queira a deixar ali e ir embora, me viro e a olho por alguns segundos, a noona tá diferente.

Parece mais segura, menos triste.

Não importa quanto Sara sorrisse nem quanto seu sorriso era lindo — e é lindo, sua boca carnuda tem um desenho de coração e seus dentes são naturalmente alinhados — não escondiam sua tristeza.

— Tae, desculpa eu não deveria ter falado aquelas coisas. — Sara solta meu pulso eu me controlo para não segurar sua mão, mas no fim seguro.

— Eu acho que eu mereço. — levanto o queixo tentando impedir que as lágrimas caiam, olho para lado e nossos amigos estão há alguns metros, mas não olham em minha direção.

Ignoram a cena de kdrama, no fundo todos sabem que eu e a noona precisamos conversar.

— Merece — abaixo meu rosto e encaro nossos dedos juntos — mas eu não deveria falar algo que não aconteceria, eu não ficaria com teus amigos.

— Me perdoa noona, eu sei que você não faria isso e tudo bem se aconcesse — a olho com o cenho franzido— não estaria tudo bem se acontecesse. Mas se você quisesse eu não teria nada a ver.

— Eu sei Taehyung, mas a gente precisa conversar— Sara da um sorriso e como seu sorriso fica lindo quando a noona usa batom — eu tento segurar seu rosto, mas a brasileira se afasta

Me olha com uma expressão de despedida, meu peito se comprime.

— Sim, mas porque eu to com a sensação que essa conversa não é como imaginei? — a mais velha desvia seu olhar.

— Tae. Eu te amo.

Eu não consigo reagir, ouvir a noona me falar isso é totalmente diferente de ler em um bilhete, eu dou um sorriso e fico ali, como se uma corrente elétrica percorresse meu corpo.

— Mas... — meu sorriso se desfaz e eu sei que não vou terminar a noite com a noona em meus braços, quando ouço o mas.

Eu fui pra Milão achando que seria como com a sorriso bonito.

Eu me escondi, fugi, fiquei com outras mulheres, bebi, dancei, ouvi música, escrevi música. Fotografei, visitei museus. Mas nada, nada diminuiu o sentimento que me leva para o topo do mundo e me arremessa no chão com uma facilidade que me assusta. O meu amor por um brasileira.

Eu tentei me enganar fingir que estava tudo bem. Mas não durou muito. Eu sentia falta da noona todas as noites.

Resolvi enfrentar meus medos e ser um homem melhor. Eu decidi me perdoar e me permitir ser feliz.
Eu voltei para Coreia disposto a implorar o perdão da brasileira que eu amo. Eu descobri que eu nunca amei. Ainda.

Eu amo agora. Amo a noona.

—Mas? — minha voz sai baixa.

— Você não é a única pessoa que eu amo.

Um filme vem, a noona ama o hyung. Fecho os punhos, porque sei que eu causei isso.

— O hyung....

— Eu nao estou com seu hyung. Nós somos só amigos.

Respiro em alívio.

— Eu amo outras pessoas, eu finalmente me amo e to começando a olhar as minhas necessidades e eu amo a profissional que estou me tornando. Eu finalmente to me sentindo viva de novo, após tantos anos. — impossível não sorri e não ficar feliz em ver a noona finalmente feliz ou no caminho.

— Mas não me sinto pronta para amar outra pessoa, principalmente quando a outra pessoa não sabe o que quer. Tu és importante. Mas não é minha vida Taehyung.

— Não é mais verdade. — consigo falar.

— Ainda assim Tae, estamos em momentos diferentes, uma hora tu falas que sou feia — me sinto um idiota — aí em seguida fala que sou linda e não me merece, aí some. — a cada frase me sinto infantil — mas reaparece e LITERALMENTE— a noona ri sem humor — foge de mim, aí manda seu hyung me buscar e me leva para sua casa fala que me ama e me beija, bebado é verdade. — eu não consigo falar nada — por último, me ignora por celular e presencialmente — eu abaixo o rosto,

— Tae tudo que eu não preciso é dessa montanha russa de sentimentos e desencontros, eu preciso de paz eu preciso lidar com minhas próprias oscilações. — eu fico imóvel, apenas respiro porque não sei o que falar e principalmente porque sei que não importa o que eu fale, a noona tá certa.

— Não vai falar nada? — a brasileira me olha um pouco ansiosa.

— Você tá certa noona, eu to uma bagunça. — fecho os olhos e dou um grito. — a brasileira me olha com carinho, mas nervosa, quando abro meus olhos e a olho novamente.

— Mas apesar de tudo isso seu Tae— a brasileira fala em um sorriso, me lembro de quando nos vimos a primeira vez. E da forma que a noona falava seu Tae — tu fostes meu primeiro amigo, além da família Jung. E eu não vou esquecer isso. Obrigada.

— Pára de falar assim noona, até parece despedida — limpo meus olhos, continuo chorando, mas abro um sorriso quadrado, não quero que a noona perceba o quão destruído eu to. — é só um pé na bunda que a noona tá me dando — brinco e sinto meu corpo doer.

— Não é um pé na bunda, imagina eu dando fora em kim Taehyung... — a mais baixinha sorri, mas está chorando também.

— Eu te amo noona. Eu te amo Sara. Eu nunca amei antes, me perdoa por não saber lidar com esse sentimento. Eu acabei achando que sabia, que já havia amado. Mas nunca amei. Ainda. Mas eu reconheço que talvez hoje eu não seja a pessoa que tu precisas, mas eu vou melhorar, até ser o kim Taehyung da noona.

— Tae, você já é o meu kim Taehyung, você não tem ideia do quão difícil era eu ficar pelo menos perto de um homem, confiar... imagina amar...

— Mas ainda não sou suficiente. — eu não controlo mais meu choro e começo a soluçar então vou para o meu carro, tento abrir o mais rápido que posso, mas a chave cai e a noona me abraça sinto todo seu corpo junto as minhas costas, o choro aumenta. — desculpa não queria que me visse assim, eu não sei... eu não...

— Tá tudo bem... — me viro e abraço a brasileira, escondendo meu rosto em seu pescoço, sinto seu cheirinho. — A gente só não está no tempo certo. A gente só precisa se curar.

— Não é um adeus? —Pergunto manhoso com a boca em seu pescoço.

— Não.

...

— Nossa hyung nem o Tae que levou o maior fora da vida, chegou atrasado hoje. — Jimin fala para Jhope.

Estávamos na empresa esperando o hyung para iniciarmos o ensaio. Estou tão alheio que não me dou ao esforço de responder a brincadeira do meu irmão.

Todo mundo percebeu e soube do que aconteceu ontem no jantar, então estão respeitando a situação.

— O voo da Sara saiu de madrugada, perdi a hora, desculpa.

— Voo? Que voo? — me viro para Jhope que troca olhares com yoongi hyung — fala logo hyung.

— A Sara voltou para o Brasil. — hyung me olha com pena.

— Férias? Visitar a família? — Namjoon pergunta antes que eu mesmo consiga dar comandos para minha boca se mexer, eu me levanto não consigo ficar mais sem me mexer.

— Responde Hoseok. — falo sério.

— A Sara não queria que ninguém soubesse, já era uma decisão de semanas atrás. — me aproximo do hyung.

— Hyung, FALA.

— A Sara voltou pra morar, desculpa Tae — não respondo porque saio da sala sem saber pra onde ir.

Sem direção pra ir.

Eu nunca te amei. Ainda. (Livro 6)Onde histórias criam vida. Descubra agora