Barreira

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(Jimin)

Minha cabeça lateja como se formigas andassem em círculos lá dentro. Não sinto nada além de dores no corpo inteiro, como se eu fosse composto apenas disso. Meus braços e pernas formigam sem parar, mas o que me incomoda é o chiado no meu ouvido me impedindo de ouvir ao redor.

Sinto meu corpo em movimento como se estivesse dentro de algum veículo. Outra coisa que me faz resmungar é a máscara de oxigênio em meu rosto, me fazendo respirar fundo, sentindo a fumaça úmida entrar.

Tento abrir meus olhos, enxergando apenas por uma vinheta embaçada. A primeira coisa que observo é uma janela iluminar meu rosto, dificultando mais ainda minha visão. Sem dúvidas estou em uma ambulância.

Olhei para o lado lentamente sentindo dificuldade de mexer o meu pescoço. Jungkook está na maca no outro canto da ambulância, ainda desacordado. O novato usa uma tala no pescoço e também uma máscara de oxigênio.

Analiso seu estado, ele parece bem mais machucado que eu. Seus braços repletos de arranhões, seu rosto que sangra em determinadas partes sem parar, e seu movimento do peito que parece subir com dificuldade.

—Garoto! — Ouço uma voz familiar.

Viro meu rosto outra vez bem devagar, tendo o Namjoon em minha visão escura. Parece um círculo onde em sua volta possui uma vinheta preta, e apenas no centro a imagem é mostrada.

—Garoto, está me ouvindo? Eu estou aqui! — Sinto o desespero em sua voz. O que me preocupa é ver sua mão em meu braço mas não sentir o seu toque, pela dormência dos meus músculos.

Começo a piscar os olhos pesadamente e respirar mais devagar, sem força nenhuma para permanecer acordado.

—Aguenta mais um pouco, garoto, você vai ficar bem! Me entendeu? .... Jimin?

Foi a última coisa que escutei.

(...)

Abro meus olhos de repente. Um lugar familiar é vasculhado pelo meu olhar enquanto permaneço encolhido na cama, abraçando meus joelhos em posição fetal. Eu estava no meu quarto de infância.

É tudo tão nostálgico, como se eu soubesse que estou em uma lembrança dentro da minha cabeça perturbadora. Minha cama pequena com lençóis do "O Incrível Mundo de Gumball", a cômoda repleta de brinquedos, meu aquário com um peixe chamado Nemo, e o Ddosun, meu cachorrinho que dorme tranquilo no tapete.

Decido soltar meus joelhos encolhidos e sair da cama. Escuto sons estranhos que me dão medo, mas não consigo parar de me mover para ver de onde vem os barulhos.

Abro a porta do quarto devagar pela madeira antiga não fazer barulho, então escuto a voz da minha mãe vindo da cozinha.

—Eu não quero os seus amigos aqui! Eles olham estranho pro Jiminie, são todos uns bêbados! — Ela grita.

—Você não manda em porra nenhuma, e eu vou trazê-los aqui o quanto eu quiser, caralho! — A voz daquele monstro assustador me faz encolher e fechar os olhos ofegante.

—Ele é nosso filho!

—Não, aquele merdinha é SEU filho! — Nunca entendi porquê meu pai me odiava tanto, todos os dias eu tentei me concertar, melhorar, surpreendê-lo, mas nada funcionava.

—Não fala dele assim.

—Você está falando demais hoje, se não calar essa boca ficará mais roxa ainda. — Ouço seus passos fortes ecoarem na madeira, se aproximando do meu quarto.

Quem Matou Min-Ji? - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora