Xadrez

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(Jimin)

Sinto uma parte de mim completa. Eu estou finalmente conseguindo consertar as coisas, e me libertar das correntes que me aprisionavam.

Não achei que seria tão difícil. Confiar nas pessoas depois de despedaçarem sua confiança, é algo extremamente demorado e complicado. Aprendi e coloquei na minha cabeça que amigos de verdade são para sempre, e que irmãos, por mais que há algum ódio, sempre defendem um ao outro com unhas e dentes.

Resolvi pensar assim sobre Namjoon e Jin para conseguir não sentir medo de suas partidas, pois isso se tornou o maior dos pesadelos quando eu decidi confiar outra vez.

Amorosamente, ciclos se encerram, e eu notei durante minha vida toda que ninguém realmente ama alguém para sempre, não fora dos livros. Não tenho a certeza de que alguém me amaria tanto ao ponto de me desejar em cada universo ou até mesmo, além dele.

E se for para ir embora um dia, é melhor que nem passe pela porta.

—Espera aqui, vou ver se o suspeito está na sala de interrogatório pra você. — Ouço o chefe dizer, querendo relembrar os tempos em que ele me convocava para adentrar na cabeça dos suspeitos e os fazerem falar.

Acho que nunca estudei exatamente essa área da psicologia. Sempre usei meus pensamentos, meus medos, minhas experiências como base para adentrar na mente complicada de alguém criminoso. Talvez entendê-los ou, fazê-los acharem que os entendo, assim passando a confiança.

Talvez eu também diga o que eu queria ter escutado um dia, que alguém tivesse me entendido assim como eu os entendo.

Enquanto o Namjoon não retorna com a entrada livre para a sala de interrogatório, decido ligar o celular outra vez. Sentado ao banco de um dos corredores, retiro o aparelho desligado do bolso, me recordando da última mensagem que havia enviado.

Eu não quero ler, eu não vou ler.

Pressiono o botão ao lado e observo a logo iluminando levemente meu rosto aflito, com medo de ler algo sem querer. Assim que ligado, levando a tela bloqueada, duas notificações vibram o aparelho em minhas mãos, como se vibrasse junto o coração dentro do meu peito.

Eu apenas encarei os dois contatos da notificação, do Jun, e um número desconhecido.

Eu ignorei completamente as 7 novas mensagens do Jungkook e cliquei no número que eu não fazia ideia de quem era, porém seria sem dúvidas menos arriscado que ler aquelas respostas agora e querer me matar.

+1 702 913062013
online

Oii, detetive
            19:05

Meu coração não parou de bater forte nem ao menos um segundo. Tentei especular, tentei supor quem poderia ser mas, nada veio em minha mente turbulenta nesse momento.

+1 702 913062013
online

Oii, detetive
            19:05

                                                                 Quem é?
                                                                       19:07

O humilde cartomante que
levou um tiro por um loirinho besta
                                                      19:07

E dessa vez meu peito parou abruptamente. Meus olhos se arregalaram e meu corpo se levantou do banco em que estava estabelecido e despojado com tanta rapidez, que senti minhas pernas falharem por um segundo.

Quem Matou Min-Ji? - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora