Um Adeus

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(Jimin)

Me perco admirando o envelope branco imóvel em minha mesa. Definitivamente os pensamentos me torturam. Talvez eu não queira ler, talvez a minha vida esteja boa do jeito que está e essa carta só me fará voltar ao sofrimento de relembrar da minha mãe.

Prefiro pensar que o passado se trancou, à sete chaves, e nada daquilo poderá mais me atormentar. Convenhamos que ela também sofreu naquela casa, e eu fico feliz que um de nós literalmente conseguiu esquecer da dor inevitável de se lembrar.

Eu tenho tanta sorte. Jungkook fez toda a situação agonizante da visita se transformar um momento especial, que eu tanto desejei assim que a encontrei, que ela se lembrasse de mim ao menos uma vez. E então meu pensamento se acalmou ao tê-lo comigo, me fazendo pensar racionalmente sobre toda a situação.

Tenho o que queria de certa forma, e prefiro dessa maneira. Prefiro que ela se lembre desse Jimin, o jovem que a faz lembrar da árvore favorita, e que não se esquece das minhas visitas frequentes. Criamos um novo carinho, mesmo que não se lembre da maternidade, consigo sentir que ela vê algo especial em mim. Eu queria muito que ela relembrasse permanentemente, mas protegê-la de toda a dor e trauma que passou, definitivamente é a melhor opção.

E eu me sinto bem com isso. Me sinto ótimo, aliás, sem a angústia atormentando meu peito todo pós visita que fazia.

—Bom dia, detetive. — Escuto Jun dizer com a porta entreaberta, pedindo permissão para que entrasse.

Eu sorri fraco, abaixando a cabeça e erguendo a mão em um chamado para que se aproximasse. É surpreendente como tudo que ele faz e diz me faz tremer, como se fosse a primeira vez. Todo santo dia, é como se eu me apaixonasse pela primeira vez, e essa sensação é impagável.

—Bom dia, novato. — Digo firme, movendo a cadeira giratória para trás com os meus pés no chão, podendo deixar meu corpo mais despojado no assento de escritório.

—Por acaso isso é algum tipo de provocação? — Ele se aproxima sorridente, observando meu corpo atentamente atrás da mesa.

Meus cotovelos estão repousados nos braços da cadeira, e minhas pernas mantêm uma distância longa, praticamente entregando a resposta para a sua pergunta. Mas para ter certeza, aproximo meu rosto de uma das minhas mãos, sem descolar o cotovelo da cadeira, me permitindo passar o polegar lentamente em meu lábio inferior, encarando seu declínio.

—Vem cá. — Digo em sussurro, apontando a minha cabeça de seu corpo até o meu colo, instigando exatamente onde eu queria que ele viesse.

Seu sorriso sem jeito me alegra, e isso acontece toda vez que minhas provocações funcionam, pois eu sei que saí vitorioso. Recebo seu corpo bem próximo ao meu rosto, podendo sentir seu perfume forte e viciante, junto a correntinha prata que bate em meu pescoço. Seu corpo finalmente se acomoda em meu colo, atingindo sem dó o meu pau, ao se sentar. Me permito respirar fundo em um revirar de olhos, passando lentamente a língua por dentro da minha bochecha direita.

Desgraçado, ele fez de propósito.

—O que foi? — Ele diz em tom irônico, sorrindo ladino ao admirar meus lábios pressionados.

Nessa competição, eu definitivamente não vou perder.

—Você fez o que eu mandei? — Digo sem expressar um sorriso sequer, despojando ainda mais a minha postura, consequentemente fazendo seu corpo saltar levemente em meu colo.

Ele respira fundo, gaguejando nitidamente antes de ao menos tentar juntar as palavras que se misturam ao sair.

—Sim, detetive. Eu consegui a lista com os nomes de todos os funcionários. — Consigo notar sua boca dizer no automático, pois alguém ainda não tira a atenção dos meus lábios.

Quem Matou Min-Ji? - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora