Euforia

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(Jimin)

Minhas pernas tremem, sem força e ânimo, mas continuam batendo contra o chão do quarto. Digamos que meu coração se encontra na mesma situação, fraco porém ainda batendo, mas eu preferiria que não estivesse.

Ainda encarando meu corpo imóvel, desajeitado e jogado na cadeira giratória, noto a luz do amanhecer provindo da janela, iluminar minhas coxas expostas. Os recentes arranhados pelas minhas próprias unhas após longas crises de ansiedade durante toda a madrugada, parecem brilhar com tal luminosidade de mais um maldito dia surgindo.

Não esperava que as crises voltariam, e muito menos tentei dormir para fazê-las passar pois eu sei que os pesadelos pioram quando elas estão presentes.

Movimento milimetricamente somente o pescoço, notando a mesa repleta dos objetos de tortura para o meu corpo que me acompanharam a noite e distraíram minha mente. Diversas garrafas de álcool vazias, caixas e caixas de cigarros também com o veneno em falta, e um maldito papel, que me fez chorar mais do que deveria a madrugada toda.

É o meu desenho, o que Jungkook fez naquele hospital, que enquanto ele admirava meus detalhes à ponto de passar para o grafite, eu o desprezava.

Sinto minha garganta arder por tanta passagem de líquido alcoólico, meu estômago gritar por alimento e um pouco de água, e meus pulmões, implorando por oxigênio.

Eu estou destruído.

Ainda na mesma posição durante bastante tempo, sinto algo escorrer em meu rosto. Uma substância mais demorada de escorregar de uma só vez. Foi quando eu coloquei um dos dedos em meu nariz, sentindo o líquido umedecer minha pele, me fazendo notar a sua cor avermelhada ao levar aquilo ao meu campo de visão.

Eu não me desesperei. Apenas respirei fundo, e pressionei minhas mãos trêmulas nos braços da cadeira. Eu não sinto forças, e muito menos vontade de levantar daqui, mas sangrar pelo nariz não me parece sinônimo de algo agradável.

Tento levantar mais uma vez, conseguindo ficar de pé. Mesmo que meus joelhos falhem e meus tornozelos tremem, acho que consigo chegar até o banheiro.

—Jimin?! — Ouço alguém bater na porta trancada, fazendo meu corpo se arrepiar em uma onda única, na qual me faz cair para frente e apoiar sem forças na cama, já que foi a primeira coisa que estava ali.

—Sim!? — Tento dizer, mas minha voz sai rouca e falhada.

—Está tudo bem, Sherlock?! Eu e o Namjoon vamos sair com o Yayo, quer ir com a gente? Ou sei lá, quer que compro alguma coisa pra você? — Sua voz soa abafada pela porta, mas o entendo perfeitamente.

Me sinto aliviado em saber que eles irão se divertir, fará bem ao Yayo tê-los mais próximo além de mim, gosto que eles estão cuidando bem dele. Talvez eu precise dessa confiança e cuidado deles um com o outro em breve.

—Eu... — Tento me levantar mais uma vez, sentindo tudo dentro de mim arder. —Estou bem! — Digo ofegante assim que meus pés se firmam no chão, ainda sentindo o sangue escorrer pelo meu nariz.

—Mesmo?! — Ele insiste. —Jungkook disse a mesma coisa, ele não quis vir também.

Isso doeu, ele também deve estar mal, e por minha culpa.

—Sim! Eu vou continuar trabalhando, não se preocupe, tenho bastante anotações pra revisar sobre o caso. — Foi a maior frase que consegui dizer com toda essa escassez de força. —Ah, e se divirtam!

—Tudo bem, Sherlock, vou tentar trazer algo pra você mesmo assim, viu! Tchau! — Jin grita mais alto e com clareza, me fazendo sentir mais uma coisa escorrer, mas dessa vez, dos meus olhos.

Quem Matou Min-Ji? - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora