(Jimin)
Meu corpo inteiro ferve como se as lembranças caíssem sobre mim como uma panela de água quente.
Aquela voz, aquela maldita voz, que gritava e ordenava coisas o tempo inteiro como se eu fosse um adulto na época. Consigo ouvir sua rouca sonoridade estremecer meu corpo, assim como há alguns anos atrás, quando ele brigava comigo por conta de um simples copo quebrado, dentre todas as outras diversas situações.
O meu pai.
Eu não conseguia dizer uma palavra. Tudo era acorrentado por uma enorme angústia que subia em minha garganta. Minha mão treme ao segurar o telefone fixo, como se ele estivesse tão perto a ponto de que eu sentisse seu calor irritado.
—Pensou que eu estivesse preso? — Ele diz como se lesse minha mente. —Pois bem. Você ainda precisa saber de muitas coisas, criança.
—Vai se foder. — Digo choroso, sentindo meus dentes baterem um no outro.
—Não diga isso, meu filho. — Ele diz irônico. —Mas agora já é um adulto, certo? Entende bem como deve tratar o próprio pai.
—Como o maldito desgraçado que arruinou a minha vida no momento em que pensou engravidar a minha mãe. — Consigo dizer, mas deixando algumas lágrimas saírem junto com as palavras cuspidas.
Pensar na imagem monstruosa de como o seu rosto foi deixado em minha mente traumática, me faz fechar os olhos, separando o telefone do ouvido por alguns segundos para respirar.
—Vou ser direto. — Sua voz se modificou agudamente, me fazendo estremecer. —Você tirou uma coisa importante pra mim, Jimin. Tirou o meu braço direito e melhor amigo, Min-ji.
Escutar aquele nome de novo me faz ansiar minha morte no mesmo instante. Sinto meu estômago se enrolar e tudo em mim querer se debulhar em choro.
Foi quando tudo começou a se encaixar, me fazendo arregalar os olhos e suspirar a ponto de ser transmitido na linha.
—Ligou os pontos, não é, detetive. — Ele diz, me fazendo tampar os lábios e enxergar tudo embaçado.
O trabalho que meu pai tanto falava quando eu era criança, era simplesmente fazer parte da máfia. Min-ji também esteve lá desde o início, sendo o amigo novo de trabalho que ele tanto elogiava em exagero, a porra do seu melhor amigo.
Mas o que mais me assustava, é que ele não era apenas um dos funcionários. Relembrando parte da investigação, Kim me disse que Min-ji era braço direito do chefe da máfia.
Ou seja.
Meu pai é a porra do chefão daquela máfia, e Min-ji era seu braço direito.
—Foi simples. — Ele continua, enquanto minha cabeça borbulha. —Eles me tiraram da prisão, me acolheram, eu subi de cargo e agora sou o chefe que todos temem. Ouvi falar que você queria me conhecer, e bom, agora sabe que o seu pai é esse cara.
Deixo mais o ar escapar, me fazendo apoiar a mão livre do telefone em minha coxa, tentando não gritar de agonia.
—Eu continuei te acompanhando em cada passo, por anos. E é claro, que eu saberia descobrir o desgraçado que matou o meu melhor amigo. — Sua voz se aumenta de tom, me fazendo lembrar das gritarias que ele fazia em casa.
—Eu prendi um dos seus. — Digo trêmulo, com a voz instável, voltando a postura reta anterior.
—Yeonjun?! Ah, ele mereceu. Estava dando trabalho demais aqui dentro. — Ele ri. —Eu posso ser um monstro, Jimin, mas jamais um idiota. — E volta o tom sério anterior.
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Quem Matou Min-Ji? - Jikook
FanfictionUm detetive que luta para superar traumas do passado, e um novato que decide mudar a visão traumática dele sobre amor. Jimin como o experiente de Las Vegas, é convocado em uma investigação criminal, se tornando um dos crimes mais rigorosos e inusita...