Capítulo 11

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Nate abriu os olhos lentamente, sendo ofuscado por uma luz intensa. Esfregou os olhos algumas vezes, numa tentativa de se adaptar à luz, e, finalmente, abriu-os. À sua volta era tudo azul-claro, a cor do céu, e estava rodeado por diversos vapores brancos, que davam forma às nuvens.

- Regressei ao céu? - perguntou o moço a si mesmo, olhando em volta.

De repente, tudo começou a ficar escuro e, de um momento para o outro, o azul mudou para vermelho e as nuvens deram lugar às chamas ardentes que constituíam parte do Inferno.

- Mas que raio?! - protestou o Anjo, levantando-se bruscamente.

Ao longe ouvia-se uma risada. Era uma risada estridente, mas conhecida. A voz foi ficando cada vez mais alta, até chegar bem perto dos ouvidos de Nate e perfurá-los como uma espada.

- Tinhas saudades de casa? - perguntou-lhe a voz atrás dele, fazendo-o virar-se bruscamente.

À sua frente estava ele mesmo, por mais estranho que pareça. As faces eram iguais, o corpo era igual, a voz era igual... até o modo de falar era igual!

- Quem diabos és tu? - perguntou o moço transtornado e confuso.

- Ora, não se nota? - notava-se o sarcasmo na voz daquela figura misteriosa - Eu sou tu e tu és eu. Para fazer mais sentido, eu sou um pedaço de ti.

- O que fazes aqui? Melhor ainda, o que faço eu aqui?

- Tu é que te aventuraste por este Corredor, amigo, não fui eu! Tu sabes bem o que fazes aqui. Já eu...

- Tu o quê?

- Já eu estou aqui para me divertir e apoderar-me daquilo que deveria ser meu há muito tempo. Esse teu corpinho.

- Tens o mesmo corpo que eu. Para que raio queres o meu?

- É verdade que temos o mesmo corpo, mas este aqui não me permite andar por lá por fora. Já o teu permite.

- Só por cima do meu cadáver é que ficas com este corpo! - exclamou Nate, preparando-se para a batalha.

- Também serve - disse a voz, soltando uma gargalhada.

Os dois ficaram frente a frente. Ambos preparados para lutar. Nate deu o primeiro passo. Ergueu o braço e atirou uma bola de fogo celestial contra aquela figura, que se desviou perfeitamente do ataque. O Anjo ficou frustrado.

- Para me derrotares, terás de fazer melhor, anjinho - disse a figura com o sarcasmo que a caracterizava - Já eu não preciso de muito para te derrotar.

Dito isso, a figura ergueu o braço e criou a sua própria espada de fogo celestial.

- Vamos ver como te sais agora - disse ela com um sorriso nos lábios.

Era visível o pânico na cara de Nate. A figura sabia os seus truques mais secretos e estava agora a usá-los contra ele mesmo. Poderia este ser o fim do Guardião do Sol?

A figura avançou sobre Nate, atacando-o sem parar. Na sua face, brotava uma expressão determinada e confiante, como se ela soubesse perfeitamente que iria ganhar aquela batalha. Num ápice, Nate atirou várias bolas de fogo celestial contra aquela figura, numa tentativa de a manter ocupada.

- És muito esperto, para alguém que só faz burrada - comentou a figura, após ser derrubada por uma das bolas de fogo.

- Eu sei - respondeu Nate confiante.

- Quer dizer, para um Anjo, és capaz de ter mais pecados que os demónios de lá de baixo.

- Demónios como tu?

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