Capítulo 27

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Os guardas guiavam o grupo por um corredor sólido e escuro, que guiava às masmorras do castelo da Rainha das Bruxas. As masmorras localizavam-se mesmo por baixo da sala do trono, na qual estava um alçapão dourado que lhe dava acesso. A construção foi feita desta forma, de modo a permitir que a Rainha pudesse dar permissão ou não, para quem quisesse entrar nas masmorras.

Passados alguns segundos, os guardas empurraram o grupo para dentro de uma das maiores cela que lá se localizavam. Era toda feita de pedra e possua dois bancos compridos, encostados à parede. Por cima de um dos bancos, havia uma pequena janela, da qual era visível a luz do Sol ou da Lua, no caso de ser noite.

Os guardas colocaram algemas especiais em cada um. Era algemas azuis que brilhavam, quando entravam em contacto com o Mistlyn presente no sangue de cada ser sobrenatural. Essas algemas foram construídas para restringir a utilização de poderes de cada ser, caso estes fossem presos. Mara fora a única que não recebera as algemas especiais, no entanto, os guardas colocaram-lhe umas algemas normais, para impedir que ela conseguisse fugir.

Assim que os guardas abandonaram as masmorras, o grupo tentou fazer de tudo para escapar da dita cela. Henry tentava forçar as algemas, mas era em vão. Nate e Axel tentavam usar os seus poderes, mas era igualmente em vão. Karina tentava obter uma conexão com a Natureza e Daisy tentava obter uma conexão com o oceano, mas foram ambas fracassadas. Matt, Philipa e Nora sentaram-se num dos bancos, apenas a olhar para os amigos, enquanto Mara se sentara no chão, encarando as algemas que lhe foram colocadas. Seria ela assim tão fraca, para nem sequer ser digna de usar umas algemas especiais?

Já Sophia, olhava para tudo ao seu redor e, à medida que ia olhando para cada um dos amigos, sentia a sobrecarga dos seus ombros a aumentar. Eles iriam todos permanecer ali, à fome, à sede, sem alternativa de ir embora, e iriam todos morrer porque ela decidira confiar em Leonard. Decidira colocar as suas vidas nas mãos de alguém que nem conhecia direito, tudo porque precisavam de um bruxo, para executar o feitiço.

Pouco a pouco, tudo voltou a acontecer. A respiração de Sophia começou a ficar irregular, o seu coração palpitava, como se quisesse sair-lhe do peito, as suas mãos e pernas começaram a tremer e as lágrimas brotavam dos seus olhos. Os pensamentos tornavam-se cada vez mais assoladores, cada vez mais sombrios e tudo parecia estar a ser amplificado mil vezes. A respiração ficava ainda mais incontrolável, as mãos e as pernas tremiam cada vez mais e a sua visão estava completamente embaçada, pela velocidade avassaladora com que as lágrimas lhe percorriam a face, como se estivessem a tentar fugir de toda aquela negatividade que habitava na sua cabeça.

A moça não conseguia fazer. Não conseguia controlar os seus pensamentos, não conseguia tentar controlar a sua respiração, não conseguia fazer com que tudo parasse e, ainda por cima, estava à frente de todos. Mais frágil do que nunca. Mais desamparada do que nunca. Ou era isso que ela pensava.

Rapidamente, Philipa percebeu que algo não estava certo com a irmã. Sophia tinha a cabeça baixa e os membros tremiam demasiado, para ser apenas nervosismo. Ela estava a ter um ataque de ansiedade.

- Merda! – murmurou Philipa, levantando-se em direção à irmã. Este ato fez os restantes pararem e encararem Sophia. Como puderam estar tão absortos, para não entenderem o que se estava a passar? Tinham tudo como garantido, julgavam que a moça estava livre da ansiedade, quando, na verdade, ela apenas escondeu as coisas demasiado bem.

Philipa tentou segurar nas mãos da irmã e murmurar algumas palavras consoladoras, mas não parecia funcionar. Sophia estava demasiado enterrada nos seus pensamentos, para poder ser puxada de volta, para a realidade.

- Temos de fazer alguma coisa! – gritou Philipa em pânico – Não a podemos deixar neste estado!

- Deixa-me passar, por favor – pediu Mara. Philipa acenou com a cabeça e levantou-se, deixando a humana passar. Mara ajoelhou-se, perto de Sophia, e respirou fundo. Ela tinha de fazer algo, para a ajudar. Era para isso que ela ali estava – Sophia, olha para mim – pediu a moça quase num sussurro. Sophia continuava cabisbaixa, a tremer e com respiração irregular. Parecia que não ouvia o que Mara lhe dizia – Sophia, olha para mim – pediu a humana, mas uma vez, mas sem sucesso – Sophia, tu és mais forte que tudo isso! Tu consegues lutar contra isso! E, mesmo que não consigas, só te peço para olhares para mim, que eu estou aqui para te ajudar! – gritou Mara, por fim.

A Fairytale DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora