Capítulo 37

9 4 0
                                    

Depois da obtenção bem sucedida dos ingredientes para a Poção da Cura, todos regressaram ao castelo de Elementalya, como tinham combinado. O plano era achar uma maneira de juntar os ingredientes e dar a poção completa ao rei, a fim de preservar mais alguns anos de vida do mesmo.

O grupo de Mara fora o primeiro a chegar, uma vez que foram aqueles que mais perto estavam da ilha de Elementalya. Assim que os pégasos pousaram no chão, o grupo dirigiu-se para o interior do castelo, para verificarem se mais alguém tinha chegado.

Mara ia no final do grupo, admirando Elementalya e imaginando como seria o reino, caso o rei regressasse à sua força original. Iria ser um reino incrível. Os campos iriam ficar novamente férteis e tudo aquilo que estava seco iria, provavelmente, ficar mais verdejante do que nunca. Elementalya iria voltar à sua glória ancestral.

Enquanto Mara imaginava toda a beleza que Elementalya poderia possuir, um pequeno gato passou pela moça. O animal aproximou-se da humana e começou a esfregar-se nas pernas da mesma, como se pedisse por carinho.

A moça pegou no animal e começou a acarinha-lo, ouvindo o ronronar de satisfação do mesmo.

- Tu és um menino muito lindo! - exclamou ela, enquanto o afagava.

O gato saltou-lhe do colo e transformou-se numa bela moça de cabelos pretos e pele siamês. Era uma metamorfa.

Mara corou de imediato, envergonhada pelo erro que cometera.

- Desculpa, desculpa, eu não queria... eu não sabia... - balbuciou a moça, nervosa.

- Não faz mal! - exclamou a pequena gata com um sorriso na face - Não tinhas como saber.

Mara olhou para a moça confusa. No mundo dos humanos, era possível fazer uma mudança total de género, se assim o desejassem, mas, em Phythox, parecia que isso poderia não ser possível.

- Não se pode fazer a cirurgia, aqui, em Phythox? - perguntou Mara, curiosa.

- Eu acho que sim, mas não sabemos as implicações nos nossos poderes.

- Estou a ver...

- Não é estranho, para ti?! Quer dizer, quando eu estive no mundo humano, eles desprezavam aqueles que eram como eu. Diziam que estavam a desrespeitar Deus e que não mereciam viver e todas essas coisas.

- Eu acho que é normal - respondeu Mara, dando de ombros - Quer dizer, dizem que Deus criara o primeiro homem e a primeira mulher, mas, a partir deles, foram os humanos que ficaram com a tarefa de se reproduzirem. Claro que há exceções. Mas eu acredito que a genética pode cometer erros e nós temos o livre arbítrio de corrigir esses erros. Se tu te sentes como uma mulher, significa que és uma, independentemente, do gênero em que nasceste. Creio que Deus nos deu o livre arbítrio para fazermos aquilo que parecia o mais correto para nós.

- Isso é um pensamento muito bonito - comentou a moça com os olhos embaçados - Sou a Alissa.

- Mara.

- Mara, creio que tu foste a bênção que Deus enviou para Phythox. Acho que a tua missão, aqui, é ajudar-nos a vermos as coisas de diferentes formas.

Mara sorriu envergonhada. Nunca ninguém lhe tinha dito aquilo. Ela nunca sentira que fora especial, de algum modo. Aliás, haviam pessoas que gostavam de a relembrar constantemente de que ela não valia nada. Pessoas podres. Que tinham corações de pedra e cujas palavras transportavam mais veneno que a mais letal de todas as cobras.

- Eu gosto de ajudar pessoas - proferiu Mara - Mesmo que muitos achem que eu sou fraca e não valho nada, eu gosto de mostrar às pessoas o seu verdadeiro significado.

A Fairytale DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora