Capítulo 5

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Oliver tinha bastante certeza de que estava tremendo desde que aquelas palavras odiosas — que ele não ousaria repetir nem mesmo em pensamento — de Peter Byers mais cedo.

Ele tinha certeza que perdera parte de todo o diálogo depois disso, porque quando Oliver finalmente percebeu, eles estavam em meio a uma briga e Jeremy estava lutando para tirar Chris de cima de Byers e eles estavam se apressando para a barraca de Fitrat para que conseguissem tratar das mãos machucadas de Chris. Embora Oliver tivesse a distinta noção de que Byers estava precisando de mais atenção médica do que seu melhor amigo, algo que o aliviava.

Oliver detestaria que Chris tivesse se machucado por causa dele e odiava mais ainda o fato de que ele sabia que o amigo arrumaria problemas com os Wood se continuasse com aquilo. Ele já tinha um histórico mais do que suficiente de brigas com Peter Byers para uma vida inteira.

E, apesar de esses pensamentos estarem zunindo em sua mente, nada o fazia tremer mais do que a expressão de Knox assim que ele entrou na barraca de atendimento médico e pedira para conversar com ele em particular.

As coisas não tinham sido fáceis durante o inverno, quando eles não podiam se ver, e isso, junto com a insegurança de Knox em relação ao relacionamento deles, vinha causando problemas. Mas aquela tarde que passaram na feira tinha sido calma e casual, completamente feliz e havia assegurado à mente paranoica de Oliver que estava tudo bem.

É claro que ele sabia, no entanto, que as palavras de Peter Byers acabariam por causar uma impressão forte no namorado, mas esperava que pudesse consolá-lo. Mas assim que deram a volta na barraca dos primeiros socorros em direção a uma área deserta, a primeira coisa que Knox falou fez com que Oliver congelasse no lugar:

— Eu não sei se posso lidar com isso.

O garoto estava praticamente mastigando o lábio inferior, parecendo tão nervoso quanto o primeiro beijo que trocaram meses atrás. Oliver odiou vê-lo daquela maneira, porque não era assim que ele queria que Knox olhasse para ele — com insegurança, nervoso, como se esperasse que ele ficasse bravo por causa disso.

— Você sabe que o que Byers falou não é verdade, não é? — Oliver perguntou calmamente, aproximando-se para envolver o rosto de Knox em suas mãos. Ele se sentiu relaxando um pouco quando o garoto não recuou. — O que nós temos não é errado, Knox.

— Eu sei. — A voz dele estava trêmula e Knox tinha os olhos puxados fechados, como se ele estivesse com medo de olhar para Oliver. — Não é porque eu acho que nós somos errados, Oli. Eu só... eu não consigo viver com o medo de que outras pessoas descubram, do que vai acontecer se elas descobrirem. Não agora, pelo menos.

O coração de Oliver se retorceu dentro do peito dele, quebrando-se mais uma vez e o garoto se perguntou quantas malditas vezes um coração poderia se partir, quantas mais vezes ele teria de enfrentar aquela dor. Se algum dia tudo pararia ou se ele teria que carregar aquilo tudo consigo pelo resto de sua vida.

Mas apesar da mágoa, Oliver entendia muito bem o que Knox queria dizer, ele entendia a insegurança e o medo e o sentimento de que ele podia segurar tudo isso mais um pouquinho, trancafiar para que ninguém visse, nem mesmo o próprio Knox.

E, apesar de Oliver saber que aquilo não era certo, ele não podia forçar Knox a perceber aquilo também, por isso, com algum custo, Oliver deu dois passos para trás, obrigando-se a soltar o rosto do garoto por quem se apaixonara. Foi só então que Knox finalmente abriu os olhos castanhos, encarando-o com apreensão, esperando para ver o que Oliver diria sobre todo aquele assunto.

Mas ele estava cansado demais para dar uma lição de moral e, de qualquer modo, Oliver não tinha qualquer responsabilidade de dar conselhos a Knox quando sabia que o garoto não o ouviria. Talvez ele só estivesse procurando um motivo para terminar as coisas com Oliver sendo um babaca, também.

Aos Poetas Decadentes - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora