Capítulo 24

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Os olhos de Chris estavam queimando durante todo o trajeto em direção à estação de trem para que eles deixassem Jeane e Nana irem embora para casa — algo que ele estava mais do que relutante em fazer, como qualquer um poderia imaginar.

Quatro dias podiam parecer muito, mas a verdade era que o tempo passava rápido demais depois que se atingia uma certa idade: mesmo agora, ele tinha problemas em conciliar o pensamento de que já tinha dezoito anos com o sentimento de continuar tendo quinze anos, como se Chris mal tivesse mudado durante todos aqueles três anos.

O mundo lhe falava sem parar que ele já era um adulto, mas tudo o que Chris sentia era que estavam em uma espécie de limbo entra sua infância e uma adolescência que não havia se completado ainda, completamente congelado no tempo.

Ele era um adulto, mas mesmo assim, Chris não fazia ideia de como ser um adulto. Aquela vida não vinha com um manual de instruções e ele havia sido pego em uma espécie de luto pelos anos que já tinham se passado na vida dele, principalmente considerando as novas responsabilidades que pareciam prontas para esmagá-lo de todos os lados.

— Então, você já pensou que curso quer fazer na faculdade? — Perguntou Jeane, lembrando-o de uma das muitas coisas que o preocupavam.

Chris olhou para ela, sentada ao seu lado no banco de trás do carro enquanto Nana estava no banco do passageiro para um melhor conforto, e sorriu, beijando as costas da mão dela, que estivera entrelaçada na dele durante todo o trajeto.

— Tenho algumas ideias. — Disse ele vagamente, sem querer entrar no assunto, especialmente porque Chris estava evitando ao máximo pensar sobre a faculdade.

Diante daquela resposta, o olhar de Jeane procurou alguma coisa em seu semblante e pareceu ter encontrado, porque ela apenas assentiu e não insistiu no assunto, algo que lhe deu um grande alívio. Apesar de sua resposta à pergunta da mãe ser verdade, Chris não queria desencadear a preocupação que seus possíveis cursos causariam nela, principalmente por causa de Maxwell.

Embora ele estivesse diferente desde a última vez que Chris o vira.

Aquele pensamento azedou a boca de Chris quase de imediato: ele não deveria estar pensando assim, como se Maxwell merecesse o benefício da dúvida, porque Chris sabia que o pai não merecia aquilo. Ele tinha aprendido do jeito mais difícil que só deveria dar segundas chances àqueles que realmente as mereciam.

— Você deveria pintar mais quando voltar para casa. — Ele disse, mudando de assunto quando seus olhos pousaram nas mãos de Jeanne, que estavam manchadas de tinta.

A mulher havia passado parte da manhã com Annie e ele no estúdio da garota, pintando pela última vez antes de elas voltarem para Londres. Embora Chris tenha argumentado que ela sempre poderia comprar os materiais em Londres, sua mãe estava cética — segundo ela, suprimentos como tinta estavam, de fato, difíceis de encontrar por causa da guerra, mas todos eles sabiam que o problema era outro.

— Vamos ver como as coisas vão se desenvolver. — Foi a única resposta de Jeane, tão desconfortável com aquele assunto quanto Chris se sentira com as questões sobre a faculdade.

Em oposição ao dia em que ele viajou para a cidade para receber Jeane e Nana, a viagem até a estação pareceu tão rápida quanto o sopro de uma brisa no calor do verão. Num piscar de olhos, eles já estavam na estação e o trem estava prestes a partir para Londres para levar as duas das três mulheres mais importantes na vida de Chris para longe dele.

Como despedida, ele tentou não chorar enquanto beijava o rosto de Nana com carinho e então os dedos de sua mãe, as duas mãos dela pressionadas contra seus lábios com força antes que Jeane o puxasse para um abraço.

Aos Poetas Decadentes - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora