Capítulo 43

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Convencer Noah de que ele estava seguro levou um tempo mais longo do que ele gostaria, mas no fim, seus amigos conseguiram tirá-lo do estado de ansiedade extrema no qual ele havia caído mais cedo e convenceram-no a entrar para que eles pudessem entender toda aquela situação. Noah, por sua vez, sentia que queria se encolher até sumir enquanto todos a sua volta discutiam sobre o que tinha acontecido e ele se ocupava de encarar a caneca de chocolate quente em suas mãos.

A visão da caneca, no entanto, embrulhava seu estômago de Noah de um jeito que fazia impossível que ele bebesse sequer uma gota do líquido quente e doce que ele sabia que iria ajudar. Mesmo assim, Noah continuou a encarar o líquido marrom com teimosia, sem querer encarar sua mãe, que olhava para ele com preocupação, sua cadeira encaixada ao lado da poltrona em que Noah fora sentado perto de uma janela aberta.

O detalhe da janela foi uma cortesia de Oliver, que parecia entender tudo o que ele estava sentindo antes mesmo que Noah começasse a sentir aquilo. Meses atrás, Oliver descrevera com perfeição tudo o que passava pela mente dele quando estavam no terraço, mas ele não quis admitir aquilo — nem para si mesmo, nem para o amigo. Agora, no entanto, era impossível ignorar aquilo que lhe parecia dolorosamente óbvio: havia um medo dentro de Noah que não queria cessar, um medo do qual ele não sabia como se livrar.

— Eu não acho que nós estamos nos focando na coisa certa nessa situação toda. — Disse Ellen, parecendo impaciente e atraindo a atenção de Noah para ela. — Tudo isso começou quando Edward assediou Annie, não antes, não depois. O fato de que eles acabaram com o quarto dele no montante de coisas que ele fez é praticamente irrelevante.

— Irrelevante? — Perguntou Edward, indignado. — Você está se ouvindo? Seus amiguinhos e sua irmã foram terrivelmente rudes comigo desde que eu cheguei aqui.

— E você os provocou de propósito para conseguir esse tipo de reação. — Ellen contra atacou, ainda mantendo o tom controlado, mas com óbvia raiva. — Não ouse me tratar como se eu não soubesse bem o tipo desprezível de ser humano que você é, Kittan. Nós estávamos noivos, afinal de contas. E infelizmente, eu sou obrigada a adicionar.

Jeremy estava segurando as costas do vestido de Ellen até o momento, como se temesse que a namorada fosse avançar em alguém, o que, pela expressão de Ellen para Edward, parecia uma preocupação mais do que legítima. Noah observou enquanto os dois ex-noivos se olhavam com pura raiva passando entre eles e então moveu seus olhos para o resto da sala onde todos eles tinham sido obrigados a se reunir depois que Annie quebrara o nariz de Edward.

Annie estava sentada com Chris, que segurava a mão da namorada com carinho enquanto ambos observavam Ellen brigar pela irmã mais nova com unhas e dentes. Elijah, Elliot, Caroline e Loren estavam sentados diante do ex-casal, todos parecendo sobrecarregados com tudo o que estava acontecendo, algo com que Noah não poderia deixar de seu identificar. Marjorie, Jaime e Ella estavam sentados no canto mais perto da porta, todos eles com as expressões guardadas, embora não fosse difícil adivinhar quem a governanta apoiaria naquela situação toda. Oliver, por sua vez, havia se sentado ao lado de Noah, quase uma barreira protetora entre ele e tudo o que estava acontecendo no resto da sala, algo pela qual ele era grato ao amigo.

— Isso é ridículo. — Disse Edward então, a camisa branca que ele estava usando manchada pelo sangue seco que havia escapado de seu nariz quebrado. — Elijah, isso tudo é uma perda de tempo. Annie quebrou o meu nariz, essa é a única situação aqui!

— A situação é muito mais do que essa e todos nós aqui sabemos, senhor Kittan, então eu agradeceria se você não tentasse minimizá-la para proveito próprio. — Foi a resposta gelada de Elijah que fez com que Edward felizmente calasse a boca. Quando Ellen foi falar, no entanto, Elijah também a cortou: — Mas eu gostaria de ouvir a história de quem estava na situação, Ellen. Pare de tentar proteger Annie do que ela fez e, por favor, confie em mim para saber que melhor caminho tomar.

Aos Poetas Decadentes - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora