Aos Poetas Decadentes - Volume 2

Capítulo 34

Algumas horas depois, eles se reuniram na Casa Secreta — Noah conseguiu convencê-los de irem para a aula de Caroline — a primeira que a mulher daria sem Elijah —, porque nenhum deles queria realmente deixá-la na mão. Então, todos eles enduraram algumas horas de aula junto de Edward, embora o grupo estivesse claramente mais desligado que o normal.

Noah fez questão de elogiar a aula de Caroline, no entanto, sabendo que aquilo seria importante para ela e, como ele previra, seus amigos seguiram seu exemplo assim que perceberam o mesmo. O sorriso da mulher foi o suficiente para melhorar o humor de todos eles. Mas agora que o grupo estava reunido na Casa Secreta — Ellen inclusa —, o ar ao redor deles estava sombrio.

Noah passou os olhos pela sala de estar da casa, observando Chris e Annie sentados lado a lado, a mão dos dois segurando uma a outra como se suas vidas dependessem disso, e Ellen, em uma das poltronas enquanto Oliver estava sentado ao seu lado. O rapaz mantinha uma certa distância de Noah, parecendo sombrio com seus próprios pensamentos.

— Eu fico feliz que você tenha contado para eles. — Disse Ellen com sensibilidade para Annie assim que a garota acabou de explicar a situação. — E concordo que Edward ficar aqui está afetando todos nós, mas não vejo como podemos nos livrar dele até que tio Elijah volte. Eu não tenho certeza se Caroline vai querer mandá-lo embora por causa da parceria da empresa com o pai dele.

Era uma apreensão válida, Noah sabia: mesmo que Caroline pudesse fazer quaisquer decisões que quisesse em Taigh Hill como a dona da casa, a empresa dos Wood era outra coisa completamente diferente. E qualquer idiota saberia que expulsar o filho de um sócio da casa deles sob uma acusação tão grave teria consequências no relacionamento de Elijah com o pai de Edward.

Mas razão era uma coisa que Noah estava relutante em considerar quando o assunto era Edward Kittan. Depois daqueles meses inteiros tendo que aguentar enquanto o rapaz fazia tudo o que podia para desestabilizá-los, para inferiorizá-los, Noah estava começando a perder a paciência. Ele sabia que, como um convidado, deveria ficar fora do assunto, mas a lembrança da crise de ansiedade de Chris semanas atrás, de como Edward falava com eles, das lágrimas de Annie na noite anterior, fazia com que Noah quisesse expulsar Edward de Taigh Hill imediatamente.

Durante quatro anos, desde que eles tinham chegado à propriedade dos Wood, Noah havia achado naquele lugar uma paz que nunca sentira antes na vida. Taigh Hill era sua casa, onde ele podia achar conforto e amor sempre que precisasse — assim como quando não precisava também. E aqueles eram seus amigos, sua família escolhida. Ele não deixaria que alguém, qualquer um, os machucasse se pudesse evitar.

— Mas nós precisamos fazer alguma coisa, alguma coisa que faça com que Edward entenda que nós não estamos aqui como vítimas dos joguinhos dele. — Disse Chris, determinado, e Oliver balançou a cabeça, concordando.

— Mesmo que a gente faça alguma coisa, contar sobre o que está acontecendo para Caroline ainda é uma boa ideia. — Disse Ellen cuidadosamente. — Dessa forma, nós não corremos o risco de sermos responsabilizados por nos defender.

— Ela tem razão, Chris. — Oliver interveio quando o amigo começou a protestar. — Edward age desse modo por causa da confiança de que nós não vamos acabar recorrendo a alguma autoridade. No caso, Caroline. Eu ficaria surpreso se ele sequer pensasse nela como uma autoridade.

— Acredite, ele não pensa. — Disse Annie sombriamente, as memórias estampadas no rosto dela fazendo com que a mão de Noah se fechasse em um punho involuntariamente.

Oliver assentiu para Annie e então olhou em volta, para cada um deles:

— Independentemente, Edward só tem a coragem de fazer o que faz porque ele conta com a falta de consequências por ter ultrapassado os nossos limites. Nós não podemos deixar que ele ache que as consequências por ter nos tratado dessa maneira não vão vir, porque senão, ele vai continuar com isso até conseguir alguma coisa de nós.