Aos Poetas Decadentes - Volume 2

Capítulo 28

Chris definitivamente não aguentava mais ter que conviver com Edward Kittan — e ele podia falar isso depois de um mês e meio convivendo com o outro rapaz. Ele era exatamente como Chris o conhecera na escola, sem mudar uma característica sequer: educado e charmoso com quem queria enquanto destilava desprezo e crueldade para quem não podia se defender dele.

Todas aquelas eram características que Chris simplesmente desprezava em qualquer ser humano. Felizmente, poucas pessoas pareciam realmente comprar o fingimento de Edward — entre eles, Marjorie e Loren, principalmente —, então Chris não fazia muito barulho sobre o comportamento dele, mas a vontade de querer socar aquele rosto de novo estava cada vez maior dentro dele.

Foi por isso que, naquela manhã, Chris simplesmente decidira não ir à aula de Elijah — ele estava completamente enfastiado de Edward tentando aparecer a toda hora, tentando engajá-lo em uma disputa de qual dos dois sabia mais sobre o assunto que Elijah estava ensinando. Então, Chris decidiu que seria mais saudável tirar um tempo de tudo aquilo — seu orgulho estava incomodando demais a cada vez que ele se recusava a entrar no jogo do outro.

Então, ele se escondeu, é claro, na Casa Secreta, onde sabia que terá pelo menos um pouco de paz, uma vez que Edward, ainda bem, não descobrira sobre o lugar ainda. Chris tremia só de pensar no que poderia acontecer quando Edward finalmente descobrisse aquele lugar, o quanto a casa e seus arredores significavam para Chris e seus amigos. Na maior parte do tempo, ele simplesmente tentava não pensar sobre o assunto.

Em geral, Chris tentava não pensar sobre Edward.

Foi por isso principalmente que Annie e os outros o encontraram rabiscando furiosamente em seu caderno: Chris passara a manhã inteira escrevendo sobre sua irritação e profunda raiva. Aquilo o ajudava a tirar do peito o que de outra forma teria sido impossível, todos os seus sentimentos colocados em palavras de um jeito que qualquer um poderia entender e sentir junto com ele.

— Edward disse que você amarelou hoje. — Disse Oliver como cumprimento ao se sentar à mesa da biblioteca do andar de cima, bem de frente para Chris, que revirou os olhos, bufando. — Eu disse que ele deveria deixar de ser um mau perdedor.

Chris havia ganhado a discussão da manhã anterior.

— Ele adorou ser respondido daquela maneira, como você pode imaginar. — Noah completou com bom humor sarcástico. — Ficou vermelhinho de vergonha e raiva. Elijah teve que segurar a risada.

— Vocês ficam rindo, mas depois ele fica ainda pior por causas dessas provocações. — Repreendeu Annie, sentando ao lado dele e mexendo na lateral dos cabelos de Chris. — Você está parecendo exausto.

Ele se sentiu acalmar com aquele carinho, seus ombros deixando de ter o mesmo peso quase imediatamente. Chris olhou para Annie ao seu lado e fechou os olhos com um grande suspiro.

— Eu não dormi bem ontem a noite. — Disse Chris em um murmúrio, se inclinando no banco de madeira em que estavam sentados para recostar a cabeça na curva do pescoço de Annie, que continuou a fazer carinho nos cabelos dele, apenas ouvindo. — Tinha muito na minha cabeça e quando eu finalmente consegui dormir, eu não conseguia desligar. Foi um sono muito ruim.

— Você está ansioso. — Disse Noah imediatamente, o olhar atento sobre Chris. — Também está sentindo mais alguma coisa?

Chris hesitou, mas assentiu.

— Um pouco de falta de ar, como se eu não conseguisse encher meus pulmões. — Seus amigos se entreolharam, parecendo preocupados com ele então, o que fez com que Chris se mexesse, inquieto. — Não é nada, provavelmente vai passar daqui algumas horas.

— Chris. — Disse Annie quase imediatamente em um tom de censura. — Não tem problema nenhum deixar que a gente cuide de você.

Mas tinha, sim, problema. Chris não estava confortável com toda aquela atenção em cima de si mesmo, por isso ele balançou negativamente a cabeça, mesmo que aquilo fizesse com que seu peito apertasse mais um pouco, e disse com o tom mais leve que pôde encontrar: