Wonder

153 27 2
                                    

Passaram cerca de cinco minutos desde que o carro foi ligado e nós não falamos mais nada. -Em quanto tempo vamos chegar? –Pergunto.
-A viagem dura cinco horas. –Arregalo meus olhos espantada e torço meu nariz com isso. –Mais de cinco horas na verdade.
-Mais de cinco horas? -Suspiro cansada só de imaginar a quão longa seria a viagem. -Não tem como pegar um atalho? -Deito minha cabeça no vidro do carro enquanto ele dirige para longe da cidade. Apesar do céu já estar claro, ainda era cedo o que consequentemente deixava as ruas vazias e as lojas fechadas.
-Lamento te dizer, mas não. -Noto de canto de olho que ele vira o rosto para a minha direção. -Apesar disso eu posso tentar dirigir mais rápido quando chegarmos em uma rodovia. -Afirmo com a cabeça e decido olhar para ele.
-Vamos chegar antes do meio dia pelo menos? -Apoio minha cabeça no assento do carro enquanto ainda estou com o rosto virado para ele.
-Depende. -Apolo volta a prestar atenção na estrada.
-Depende do que? -Pergunto ainda olhando ele e presto atenção em como o mesmo reagia.
-Se vamos parar para ir no banheiro, reabastecer o carro ou descansar. -Ele olha para o painel, percebo que seus olhos vão direto para o tanque de gasolina. -Essas coisas.
-Ah ...-Viro meu rosto para frente e olho como a rua estava quieta, não tinha trânsito algum o que ajudava na nossa pressa. Se isso durar algumas horas talvez a gente chegue antes do esperado. -Acho que eu nunca andei tanto de carro.
-Com o tempo eu acabei me acostumando, eu devo ter rodado seu país umas seis vezes no mínimo. –Arregalo meus olhos surpresa, ele nesses anos que mora aqui já viajou mais do que eu pela minha vida inteira aqui, para ser sincera acho que eu nem vi a estátua da liberdade desde que mudei de estado.
-O que te leva tanto a viajar de um lado para o outro? –Pergunto ainda olhando para frente e sei que ele está do mesmo jeito que eu.
- Trabalho. –Reviro meus olhos e meu humor ácido não me permite ficar quieta.
-Jura? Pensei que viajava isso tudo por hobby. –Ouço um riso baixo dele e não entendo o motivo, mas sigo com a conversa e penso em fazer outra pergunta mais especifica. –Quais trabalhos você se refere?
Mordo meu lábio inferior e adiciono uma fala mentalmente sem expressar qualquer emoção. –"Sequestro de outras garotas ou coisa parecida? "
-Você por acaso quer ver meu currículo? –Vejo que ele está com as duas mãos no volante, limito minha visão subir até este ponto. –Ele é bem extenso, não sei se vai querer ler tanto assim. –Agradeço pelo humor dele não ser alterado pela minha pergunta, talvez fosse agir na defensiva e me tratasse mal por isso.
-Na verdade seria uma honra. –Dou um sorrisinho e tiro os sapatos dos meus pés para ficar mais confortável. –Saber mais sobre o meu sequestrador e todos os trabalhos dele antes de mim. –Estico minhas pernas e descanso as duas uma sobre a outra no painel, o carro era todo filmado então ninguém de fora conseguiria ver como estou sentada.
-Estou me sentindo em uma entrevista de emprego. –Consigo ouvir o sorriso na sua voz e nego com a cabeça.
-Por isso mesmo que você deveria responder minha pergunta. –Ele limpa a garganta enquanto dirige, o que chama a minha atenção.
-Qual era ela mesmo? –O carro para no meio da rua por conta do semáforo o que faz ele me olhar.
Penso em como reformular a frase e enquanto isso sinto seus olhos me queimarem. –Com mais o que você trabalhou? –Estava com a cabeça tombada para o lado enquanto pensava, e logo depois de falar eu volto a olhar Apolo que ainda estava com os olhos grudados no meu rosto.
-Trabalhei com tudo que você pode imaginar. –Sua cabeça estava apoiada no assento do carro assim como a minha.
-Com tudo? –Ele afirma com a cabeça, não estava sorrindo ou com uma carranca no rosto. –Até com ...-Paro no meio por estar com vergonha de perguntar. –Esquece.
Apolo olha para os detalhes no meu rosto. –Não. –Fala baixo e não entendo o significado da sua palavra negativa. –Pode me perguntar princesa. –Prendo minha respiração ao ouvir sua última palavra.
"Deus, como eu adoro e odeio esse apelido ao mesmo tempo. " –Solto o ar dos meus pulmões para poder voltar a falar.
-Você trabalhou até com drogas? –Não tiro os olhos do seu rosto e muito menos dos seus olhos. –Me refiro as ilícitas. –Apolo parece se segurar um pouco antes de me responder.
-Sim. –Ele responde sincero. –Na verdade essa é a minha "especialidade". –Tira as mãos do volante para fazer aspas com os dedos. –Não desvio o olhar do dele.
-Hum. –Essa é a única coisa que eu falo.
-Essa sua resposta é um bom sinal? –Me pergunta, eu dou de ombros.
-Acho que sim. –Afirmo olhando para ele. –Quer dizer... –Paro um tempo para pensar. –Você me sequestrou então eu acho que isso é o de menos. –Acabo tirando uma risada dele com essa fala.
-Não tem como negar. –Diz sorrindo e me olhando.
"Que droga de sorriso bonito. " –Eu odeio me sentir desse jeito só com uma simples ação dele direcionada a mim, consigo perder até a minha linha de raciocínio as vezes.
Ouvimos um som alto de buzina vinda de trás do carro, viramos nosso pescoço ao mesmo tempo para descobrir o motivo do barulho e vemos um homem dentro de uma BMW apontando para o farol com cara de bravo. –Merda, o sinal está verde. –Apolo fala ao endireitar o corpo no banco e logo dá partida no carro com certa pressa.
Vejo que era verdade então arrumo meu corpo. –A gente se distraiu só, espero que ele não esteja esperando por muito tempo. –Falo e olho ligeiramente para trás e vejo que o homem começou a dirigir logo depois a gente. O lado bom é que ele era o único nos esperando.
-Sim. –Ele gruda os olhos na rua novamente, conforme o carro vai andando eu consigo notar que já estamos longe do centro e em pouco tempo sairíamos da cidade. –Eu me distraí até demais. –Apolo fala baixo, parecia eu não queria que eu ouvisse.
"O que raios ele está pensando? " –Mordo meu lábio inferior e torço para conseguir entender sua ação, foi um bom ou mal sinal o que ele disse? No tom que disse eu duvido que seja algo bom, parecia um pouco melancólico e pensativo. –"Esquece ele Isabela. " –Balanço minha cabeça e respiro fundo.
Continuo olhando para frente e de longe consigo ver uma placa verde de "Deixando a cidade, volte sempre", dou um pequeno sorriso assim que passamos por ela. –"Uma cidade a menos ao lado dele. "
Não deveria pensar desse jeito, mas parece que quanto mais perto de Winsconsin chegamos eu sinto um alivio e uma dor no peito ao mesmo tempo. Alivio por que vou estar longe de Apolo finalmente e não precisar lidar com os sentimentos que estou começando a sentir por ele e dor no peito por medo do que pode acontecer comigo e pela possibilidade de nunca mais ver ele de novo.
"O que caralhos ele fez comigo? " –Pergunto para mim mesma ao notar que independente do que eu pense tudo vai voltar em direção a ele, essa situação é toda uma droga.
Respiro fundo e recolho minhas pernas do painel. –"Eu preciso me distrair com urgência. " –Tento começar a pensar em qualquer coisa que me livrasse dele na minha mente.
Fecho meus olhos e encosto minha na janela do carro ainda pensando no Apolo e em tudo relacionado a ele. Ainda não consegui definir o que eu sinto por ele no momento, apenas torço para ser algo passageiro.
Continuamos em completo silêncio dentro do carro por um tempo que parece durar pouco mais de vinte minutos, não deveria ser tão difícil passar as próximas horas desse jeito com ele. Se for necessário, em último caso eu finjo que estou dormindo para evitar que a gente converse. –"Quanto menos contanto tivermos, melhor vai ser para mim. " –Penso e observo o cenário que passa na janela do carro.
Pelas placas que estavam começando a passar na estrada estávamos perto de entrar em outra cidade, o seu nome era Waverly e parecia ser bem calma e pacata, pelo pouco que sei sobre este país eu me lembro que teremos que passar por cima de um extenso lago que corta o Tennessee ao meio para atravessar o estado e chegarmos no Arkansas. A viagem realmente seria longa e cansativa.
Solto um suspiro. –Dou um dólar por seus pensamentos. –Ouço a voz de Apolo falar ao meu lado o que chama minha atenção.
-O que você disse? -Tiro minha cabeça da janela do carro e olho para ele. -Estava distraída desculpa.
-Eu disse que dou um dólar por seus pensamentos. –Me olha rapidamente, mas logo volta sua atenção para a estrada.
-Um dólar? –Pergunto olhando para Apolo e vejo o mesmo confirmar com a cabeça. -Pensa que sou tão barata assim? –Ouço sua risada ecoar no carro.
-Está bem, certo. –Responde sorrindo olhando para frente. -Quanto que você cobra por seus pensamentos princesa? –Reformula a frase.
"Não me chama assim. " –Tenho vontade de falar.
Continuo olhando para o seu rosto. -Não sei quanto cobrar, ninguém nunca quis saber o que eu penso. –Falo sincera. –Talvez você devesse me pagar aquele milk-shake que ainda está me devendo e o resto eu me decido depois. –Noto que para o meu alivio acabamos de chegar
-Resto? –Pergunta sorrindo. –Pelo jeito seus pensamentos são bem caros. –Afirmo com a cabeça por concordar com o que ele fala.
-Esse é meu preço. –Dou de ombros e foco meus olhos para o asfalto da rua. –Vai aceitar ele ou não?
-Eu vou aceitar, mas só porque estou muito curioso. –Apolo aumenta a velocidade do carro o que faz com que tudo do lado de fora pareça um borrão bem desenhado no ar.
-Curioso com o que? –Pergunto realmente querendo saber o motivo para ele se sentir assim. –Meus pensamentos são mais tediosos do que parece.
-Você está olhando para um ponto fixo e parece mais concentrada do que eu que estou dirigindo, então fiquei curioso. –Afirmo com a cabeça e começo a selecionar o que eu iria falar para ele. –Afinal, no que você estava pensando?
-Em como a viagem até o Arkansas vai ser longa e muito cansativa. –Continuo olhando para ele. –Ainda temos que atravessar duas cidades para chegar no Kentucky lake.
-Nós já estamos em Waverly, creio que no ritmo que estou dirigindo a gente chegue na ponte em no máximo trinta minutos. –Franzo a minha testa.
-Estamos em Velozes e Furiosos por acaso? –Depois da minha fala a velocidade do carro diminui um pouco o que me faz sorrir sem perceber.
-Melhor agora? –Olho pela janela e deu para perceber que o ritmo que o carro estava andando diminuiu um pouco, o que me deixa feliz.
-Muito melhor. –Sorrio de forma sarcástica mesmo sabendo que ele não tinha visto o meu rosto.
-Disponha princesa. –Tento ignorar o apelido que tinha usado comigo e resolvo voltar no assunto do meu interesse.
-Não se esquece do meu milk-shake, até perdi a conta de quantos dias você já está me devendo. –Ele solta um riso baixo.
-Você nunca vai esquecer disso?
-Não até você pagar o que me deve. –Falo sincera. –Me prometeu então vai ter que cumprir. –Ele solta uma risada.
-Você pareceu uma criança falando agora. –Dou de ombros sorrindo.
-Eu apenas fui sincera. –Fico olhando para frente.
-Jajá eu pago o que estou te devendo okay? Não esquenta. –Reviro meus olhos e noto que conseguimos sair de Waverly incrivelmente rápido.
-Você me disse isso três vezes e em nenhuma delas eu peguei meu milk-shake. –Apolo me olha rapidamente, estava com um sorriso convencido no rosto pois ele sabe que estou certa.
-Tá, você venceu. –Continuo sorrindo. –Mas da próxima vez vai ser sério, eu prometo. –Dou de ombros e olho para o nome da nova cidade que estamos entrando, "Hurricane Mills".
-Você que sabe. –Olho para a placa que passa por nós. –Quanto mais tempo você demorar, mais vai ter juros.
-O que? –Ouço sua voz surpresa o que me faz sorrir. –Você está contando juros mesmo?
-Claro que sim, eu não sou boba Apolo. –Respondo ainda sorrindo e olho para ele que ainda estava dirigindo.
-Você está parecendo uma mercenária, isso sim. –Rio com a sua fala.
-Não tenho como negar. –Admito que ele estava certo e noto que Apolo parecia estar mais leve do que antes, talvez o medo de sermos pegos já tenha ido embora. –Agora chegou minha vez.
-Sua vez do que?
-De ouvir o que você estava pensando. –Apolo vira o pescoço para mim rápido, o que faz a gente se olhar por alguns segundos.
Foi inevitável não sentir um frio na barriga quando nossos olhos se encontraram, eu odeio ficar desse jeito só com um olhar dele. Me sinto totalmente fora de mim.
-Meus pensamentos? –O mesmo estava com uma mão no volante enquanto a outra descansa no colo. -Isso não faz parte do nosso acordo.
-Não importa, mesmo assim ainda quero saber. –Falo sorrindo. –Você está me devendo.
-Não posso te falar o que estou pensando. –Fala baixo para mim e continua dirigindo, com os olhos focados na rua, o que para mim acaba sendo um pouco estranho.
-Por que não pode me contar? –Continuo olhando ele sem me preocupar. –Eu sou boa em guardar segredo, não conto para ninguém.
-Porque o que eu estou pensando não é certo. –Levo meu dedinho para a boca enquanto tento juntar as peças e descobrir ao o que ele está se referindo.
-Você acabou de me deixar mais curiosa. –Minha cabeça ainda estava tombada no assento. –O que eu preciso fazer para você me falar seus pensamentos?
-Eu temo que independente do que você fazer não vai adiantar muito, não posso te falar. –Franzo a minha testa e reviro meus olhos logo depois. –Talvez até piore meus pensamentos.
"Piorar? " –Me pergunto e decido olhar para frente.
-Então tem a ver comigo? –Me inclino para apertar o botão e ligar o rádio, prevejo que vamos voltar a ficar em silêncio, desse jeito era menos constrangedor.
-Hum ...-Se eu me esforçasse iria conseguir ouvir o som das engrenagens rodando na sua cabeça. –Em parte sim. –Sua resposta tinha sido vaga, poderia ser tanto algo bom quanto ruim.
-Seja mais específico, por favor. –Ouço uma risada baixa dele.
-Se eu falar mais do que isso você vai descobrir. –Dessa vez eu que solto uma risada.
-Mas essa é a minha intenção Apolo. –Começo a pular algumas estações do rádio na espera de achar alguma que tocasse uma música que eu goste. –Ainda não vai me contar?
-Não. –Noto que ele nega com a cabeça.
-Droga, eu ainda vou fazer você me falar. –Dou um pequeno sorriso.
Volto a prestar atenção na rua e nos caminhos que estávamos fazendo, nem tinha notado que nesse tempo em que conversamos parece que acabamos indo mais rápido que o comum, quando estou com ele o tempo corre sempre de um jeito diferente. As vezes mais rápido e outras mais lento.
-Estamos perto da ponte. –Levanto as mãos para o céu de uma forma dramática e recebo uma risada dele.
-Já estava na hora. –Falo com humor na voz, ouvir a risada dele é contagiante.
"Odeio isso. " –Olho para o céu e reparo que o dia estava bonito e não muito quente, perfeito eu diria.
-Estou falando sério. –Volto a falar. –Minha bunda fica quadrada de tanto ficar sentada e as vezes é meio chato. –No final da longa rua já era possível ver a ponte esperando nós dois, creio que se continuarmos assim a gente chegue antes do almoço.
-Até com a minha companhia? –Faço uma careta.
-Acho que fica pior com você aqui. –Falo irônica e ouço sua resposta que estava no mesmo tom que a minha.
-Ha ha ha. –Olho na sua direção para ver como seu rosto estava, lindo como sempre. –Você deveria estar em um circo.
-Ironicamente você não é o primeiro a me falar isso. –Tinha parado em uma estação aleatória do carro e finalmente começa a tocar uma música que eu conheço.
-Deve ser por que é verdade, não acha? –Reviro meus olhos em resposta e deito minha cabeça na janela do carro para olhar melhor o lago.
-Na verdade eu não acho. –Acabo sorrindo, até quando ele pega no meu pé eu gosto.
"Não se apaixone por ele Isabela. "–Afirmo com a cabeça e decido não continuar o assunto, talvez seja melhor eu colocar meu plano B em pratica. Fingir que estou dormindo. Pode me chamar de covarde por preferir fugir a assumir o que eu sinto, mas eu prefiro assim.
Espreguiço meu corpo e junto minhas pernas para o banco, ficando um pouco encolhida. –Eu estou com sono. –Falo e abro a boca para bocejar logo depois. –Se importa se eu dormir?
-Não, fica à vontade. –Nega com a cabeça e me olha rapidamente, dou um pequeno sorriso e deito um pouco o banco do passageiro para ficar mais confortável.
-Se acontecer algo, me acorda. –Falo baixo e me deito melhor com o corpo virado na direção.
-Tudo bem, não se preocupa. –Sorri mesmo olhando para frente. –Se tiver alguma notícia deles eu aviso
-Obrigada. –Agradeço baixo e logo fecho meus olhos fingindo dormir.

(...)

Não foi tão ruim passar alguns minutos com os olhos fechados e sem sentir sono algum ou qualquer vontade de dormir, era melhor isso do que correr risco de conversar com ele e cair nos seus encantos. Creio que o mais difícil está sendo ouvir ele cantar uma música que toca baixo no rádio e não poder abrir os olhos para poder ver como seus lábios mexem e como seu rosto interpretava as palavras que ele cantava.
-I wonder. –Assim que a primeira palavra saí da sua boca eu seguro minha respiração, como se isso fosse fazer meus ouvidos ouvirem melhor. -if I'm being real, Do I speak my truth or do I filter to how I feel?
"Ele ouve músicas românticas? "–Pergunto sem acreditar no que estava ouvindo. –"Isso não é possível. "
Continuo sem mexer um músculo, apenas fico deitada e com os olhos fechados, tento não focar muito na letra da música que ele canta e apesar de ser difícil eu consigo por alguns segundos até ouvir um trecho em especifico.
- Right before I close my eyes, The only thing that's on my mind. –Eu conheço essa música de algum lugar, só não consigo identificar o lugar. -Been dreaming that you feel it too. –Consigo ouvir meu coração bater mais forte no peito ao ouvir essa frase saindo da sua boca, respiro fundo uma vez apenas e mexo meu corpo, estava sendo impossível me segurar. -I wonder what it's like to be loved by you.
A adrenalina que sinto no momento faz minhas veias e artérias ficarem geladas por alguns segundos, eu devo ter ouvido errado o que ele cantou. –"É só uma música Isabela, não quer dizer nada ...São apenas palavras. " –Ouço minha mente, o que ele cantou não quer dizer nada e muito menos para mim.
Ele continua cantando a música e quando não sabe a letra apenas cantarola a melodia no ritmo correto, nesse momento se tornou um inferno continuar de olhos fechados. Estou atenta a qualquer sinal ou brecha que possa me fazer acordar, um barulho alto, buzinas dos carros, qualquer coisa.
Em pouco tempo ele para de cantar, sinto um pequeno alivio quando a música acaba e isso me faz ter menos pressa para abrir meus olhos novamente. O rádio toca mais duas músicas quando o carro passa por um buraco relativamente grande, aproveito o momento para "acordar" do meu sono.
Abro os olhos devagar e bocejo logo depois atraindo a atenção do Apolo para mim, finjo me sentar com preguiça e coço os olhos logo depois. –Dormi por quanto tempo?
-Quase uma hora e meia. –Arregalo meus olhos como se estivesse surpresa.
"Sou uma boa mentirosa e ótima atriz."
-Dormi muito. –Falo baixo e me estico logo depois. –Falta muito ainda? –Olho para ele que afirma com a cabeça.
-Não saímos do Tennessee ainda. –Reviro meus olhos.
-Isso parece uma tortura. –Arrumo a cadeira do banco para ficar normal e olho para ele, mas desvio logo ao me lembrar da música que o mesmo cantou.
-Podemos fazer uma parada se quiser. –Nego com a cabeça.
–Não precisa, vai ser mais perigoso ainda. –Olho para o lado, alguns carros estavam perto e pareciam ir para o mesmo destino que a gente.
-Provavelmente não. –Apolo se inclina um pouco para abaixar o som do rádio. –Estamos em dois agora, ou seja, mil vezes mais difícil de sermos rastreados. –Volta a se arrumar no banco e deixa as duas mãos no volante. –Garanto que corremos menos perigo do que antes.
-Tem certeza Apolo? –Ele afirma com a cabeça.
-Cem por cento de certeza. –Antes de eu conseguir responder ele minha barriga solta um ronco alto fazendo ele rir alto. –Vou entender que isso foi uma resposta positiva.
-Droga, fui traída pelo meu próprio corpo. –Depois de falar isso ouço outra risada dele.
-Agora não tem mais volta, podemos parar para comer e comprar algumas coisas para viagem. –Noto que Apolo toma um caminho diferente que estavam na rodovia principal. –Depois paramos só para dormir, o que acha?
-Por mim tudo bem. –Sorrio para ele rapidamente.
"Pelo menos vou poder sair desse carro, parece que aqui dentro fica tudo pior com ele por perto. "

Apaixonada Pelo Meu SequestradorOnde histórias criam vida. Descubra agora