Apolo
Desde que me entendo por gente sou uma pessoa difícil de lidar, não só em relacionamentos românticos, mas em todos os âmbitos da minha vida, acho que isso foi devido a minha infância um pouco conturbada que me ensinou muito, eu aprendi a como agir em situações que uma criança nunca deveria ter presenciado, aprendi a sofrer calado e engolir todos meus pensamentos ou dores, as vezes acabo falando o que não devo e descontando minha raiva nas outras pessoas, não me orgulho disso. Com certeza essa é a pior parte das minhas cicatrizes. Em alguns momentos ser desse jeito acaba se tornando uma vantagem, e eu me aproveito disso em todos os trabalhos que sou convocado para fazer. Lamentavelmente a vida me ensinou a ser quem eu realmente sou, apenas assim conseguiria talvez ter uma boa chance de vida, não estou falando de oportunidade, mas sim de viver.
A primeira lembrança que eu tenho de quando tudo começou a mudar foi quando tinha cinco anos de idade, ou algo entorno dessa idade, afinal eu era novo para me recordar disso e mesmo assim fui obrigado a presenciar uma das piores cenas da minha vida. Me lembro inicialmente de estar com minha mãe na sala de casa após chegar com a minha babá, estava tão feliz naquele dia pelo novo amigo que eu fiz no parque que mal percebi na sombra do meu pai escorando ao canto do cômodo. Essa não foi a primeira vez que ele bateu em mim ou na minha mãe, mas foi a primeira vez que eu notei algo de diferente nele. Arrisco dizer que algo sombrio estava em volta dele.
Depois daquele dia situações como essas se tornaram mais recorrentes e comuns de se acontecer no dia a dia, como garrafas de bebidas jogadas pelo chão da casa, brigas de rua a qual ele se envolvia e voltava com o rosto quebrado em casa ou passar dias sem dar notícias e voltar uma semana depois totalmente bêbado e sem falar comigo ou muito menos com a minha mãe.
A mudança de ações dele foi gradativa, mas mesmo assim não fez com que eu me machucasse menos, se eu forçar minha memória e ver algumas fotos antigas de quando eu era bebe ou tinha uns três anos consigo lembrar que ele foi um bom pai e um bom marido por um certo tempo, meu azar é que não durou muito tempo. Lembro até hoje do dia em que minha mãe tentou me explicar o que estava acontecendo com ele.
(...)
Meu dia hoje foi muito legal na escola, aprendi a como escrever algumas palavras novas e estava ansioso para mostrar ao papai, sei que ficará orgulhoso de mim ao ver que sou inteligente igual a ele.
- Lembra do que te falei querido? -Concordo com a cabeça mesmo sem entender direito o motivo para eu precisar ver se papai estava de mal humor antes de falar com ele.
- Eu lembro mamãe.
-Então vai esperar.
-Sim. -Andamos juntos de mãos dadas na calçada das ruas de Bradford, uma cidade da Inglaterra.
- Eu sei que você não gosta de todo esse cuidado apenas para conversar com ele meu amor, mas isso é necessário para o seu bem.
-Mas porquê? Ele é meu papai, meus amigos sempre falam que o pai deles adora quando olham os cadernos deles. -Falo baixo e com a cabeça curvada para baixo.
- É complicado filho.
- Mas ...-Paro no meio da frase e fungo por sentir vontade de chorar, mamãe percebe e então para de andar, se abaixa na minha frente.
-O seu papai está passando por uma fase difícil depois que foi demitido do emprego, ele acha que se beber aquelas coisas os problemas dele vão desaparecer. -Limpa meu rosto com sua mão e me dá um sorriso lindo. - Mas é o contrário o que acontece. -Se levanta do chão e volta a juntar nossas mãos.
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Apaixonada Pelo Meu Sequestrador
RomanceAs pessoas costumam dizer que as histórias ou filmes clássicos são sempre os melhores de ver, o que elas não falam é que o romance clichê são sempre os melhores de se viver. Sentir frio na barriga por conta das borboletas no estômago, as mãos suarem...