Destino

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Seria um eufemismo se eu dissesse que não dormi durante essa noite, na verdade acho que desde que saí da faculdade eu não dormia tão mal quanto hoje. Não consegui por um segundo silenciar as vozes na minha cabeça, a ansiedade no meu estômago, e o medo que crescia dentro do meu peito a cada segundo.

Tentei contar carneiros, elefantes, fazer técnicas da internet, ter pensamentos positivos (que eu sabia que eram mentiras), mas nada adiantou.

Deveria ser cerca de quatro horas quando eu desisti de dormir e me dei por vencida, nada ia me acalmar a essa altura do campeonato. Passei o resto da madrugada pensando qual seria o meu destino, como planejavam me calar por saberem o que eu sei? Morte provavelmente. Era a decisão mais sensata que eles teriam, mas quem me quer tanto? A ponto de dar uma fortuna pela minha cabeça? Meu ex chefe eu sei que não, depois do que descobri ele não iria se esforçar tanto pra me levar viva para o outro lado do país, seria mais fácil enfiar uma bala em mim de uma vez. Talvez seja alguém que eu tenha lido nos arquivos, mas quem? Tinha tantos nomes que não me recordava nem do primeiro.

Eu definitivamente estava me sentindo uma barata tonta.

No café da manhã minha aparência entregou que passei a noite em claro preocupada com o dia de hoje.-Você parece cansada.-Olhei para o Caleb que aparentava estar preocupado comigo

-Já tive noites de sono melhores.-Encolho meus ombros e fico agradecida por nenhum dos outros estarem por perto para ouvir nossa conversa, principalmente Apolo.

-Como se sente?

-Com medo.-Respondi sem pensar.-Não sei o que vai acontecer, e isso me assusta um pouco.-Empurro a comida do prato por estar sem fome.

-Não se preocupe. Ainda me deve uma revanche, lembra?-Sorri sem mostrar os dentes como resposta.

-Claro.

Não quis manter a conversa por mais tempo, já me sentia sufocada o suficiente para me preocupar em não ficar em silêncio. Me desliguei novamente do resto do mundo, é difícil prestar atenção nas coisas quando minha cabeça só pensa se vou estar viva no final do dia, tinha tantas perguntas e sabia que nem todas teriam respostas. O que mais me deixa intrigada é em como vão ser as coisas depois, será que minha família vai me procurar? Ou já estão me procurando? Será que eu vou me tornar uma daquelas vítimas que eu assistia na televisão que somem e nunca mais são vistas? Era tudo um grande e embaçado ponto de interrogação dentro da minha cabeça.

Quando volto pra realidade olho para os lados e noto estar no saguão com Peter, sozinhos, isso era muito estranho.

-Deu azar em ficar comigo?-Comentei, não sei exatamente por quanto tempo ficamos sozinhos nesse silêncio.

Não obtive resposta. Mesmo nessa situação em que estou, ele ainda nutre esse sentimento de ódio por mim, um ódio sem sentido.

-Por que você me odeia tanto?-Resolvo confrontar Peter, quase não tivemos momentos a sós e esse provavelmente vai ser o último, então já que estou prestes a morrer pelo menos morro com ele me deixando ir em paz.

-O que?-Me perguntou, nesses momentos a ignorância é uma benção. Eu sei o motivo dele me odiar, mas é melhor mentir e tentar resolver do que forçar uma falsa simpatia.

-Eu nunca fiz nada para você me odiar, e mesmo estando aqui ainda sou educada. Por que me odeia tanto?-Repito a pergunta.

-Eu não sei.

-Não sabe?-Pergunto já sabendo que é mentira.-Então por que age comigo dessa forma?

-É mais fácil dessa forma.-Ele suspirou e tentei entender o que quis dizer com essa curta frase.-Eu...não superei um acontecimento pessoal ainda, então te odiar deixa tudo mais fácil e menos real.

Apaixonada Pelo Meu SequestradorOnde histórias criam vida. Descubra agora