Pedacinho da Grécia

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-Agora não tem mais volta, podemos parar para comer e comprar algumas coisas para viagem. –Noto que Apolo toma um caminho diferente que estavam na rodovia principal. –Depois paramos só para dormir, o que acha?
-Por mim tudo bem. –Sorrio para ele rapidamente.
“Pelo menos vou poder sair desse carro, parece que aqui dentro fica tudo pior com ele por perto. ”
-Quer comer o que? –Pergunta para mim antes de dar uma curva com carro em uma esquina. –Tem alguma preferência? –Me inclino para colocar de volta o sapato no meu pé.
-Hum ... –Calço os dois de uma vez e começo a dar um laço em cada um. –Tenho uma ideia do que eu quero comer.
-O que? –Ouço o interesse na sua voz, Apolo diminui o ritmo do carro ainda olhando para frente.
-Eu acho esse momento perfeito para você me apresentar a comida grega da sua infância. –Termino de dar o último laço e volto a me sentar normalmente no banco. –O que você acha? –Viro meu rosto na sua direção.
-Eu acho que essa foi a melhor ideia que você já teve. -Me olha rapidamente e sorri o que me faz fazer o mesmo.
-Gostou mesmo? -Apolo anda com o carro mais um pouco e logo estaciona ele em frente a uma loja de roupas.
-Gostei, eu só preciso achar um restaurante grego aqui. -Ele tira o celular de dentro da bolsa e começa a digitar nele.
-Esse é um motivo para você ficar de bom humor e me contar o que estava pensando àquela hora. -Sorrio para tentar convencer ele a me contar. -Então? -Ele continua digitando e nega com a cabeça.
-Não. -Reviro meus olhos. -Precisa se esforçar mais se quiser saber sobre os meus pensamentos.
-Me esforçar o quanto mais exatamente? -Apolo deixa o celular sobre uma das pernas e volta a dirigir enquanto a voz da mulher do aplicativo dita as direções que ele precisa seguir com o carro. -Seja mais específico por favor.
Ele solta uma risada baixa enquanto não tira os olhos da rua. -Muito mais Isabela.
-Estou tentando te deixar de bom humor, isso já é um avanço, não é? -Continuo olhando para ele e recebo um dar de ombros.
-Talvez seja.
-Talvez? Não consegue nem me dar uma resposta direta? -A voz do celular fala antes dele conseguir me responder.
-Como eu já disse…-Faz uma pausa na frase. -Você vai precisar se esforçar muito mais. -Suspiro alto com raiva, essa não era a resposta que eu queria.
-Tudo bem. -Olho para a janela do carro e noto que a rua em que estamos tinha diversos tipos de restaurantes, japonês, brasileiro, mexicano, indiano e entre outros, parecia um verdadeiro centro culinário cultural. -Já entendi o recado.
-Não fica bravinha princesa. -Apolo entra em um estacionamento de um restaurante que eu não consigo notar qual é.
-Você me falando para eu não ficar brava, me deixa puta. -Dou um sorriso falso para ele e trato de colocar o capuz do moletom sobre a minha cabeça por conta do meu cabelo.
-Eu sei disso. -O carro finalmente para ao lado de outros, ele tira a chave da ignição e abre a porta, faço a mesma coisa. -Por esse motivo que eu falei. -Solta um riso baixo e abre a porta de trás para pegar a bolsa preta nas mãos.
-Você fez faculdade ou curso para saber me irritar tão bem assim? -Depois disso Apolo fecha sua porta assim como eu e tranca o carro ligando o alarme.
-Não fiz, deve ser algum tipo de talento natural. -Reviro meus olhos e começo a seguir ele pelo caminho de pedras que ia em direção ao interior do restaurante. -Na verdade me lembrei de algo.
-O que? -Olho para ele na esperança de me contar seus pensamentos.
-Por mais que a gente não corra muito perigo é melhor não abusar, então vamos tentar não demorar aqui okay? -Faço uma cara de decepção ao ouvir o que ele disse, não era o que eu queria saber.
Apesar disso confirmo com a minha cabeça. -Tudo bem, você que manda. -Penso em bater continência, mas desisto por estar com preguiça.
Continuo andando atrás dele com cuidado para não tropeçar no caminho de pedras e logo vejo a entrada do restaurante.
-Wow. -Falo surpresa ao ver a decoração extremamente fiel ao país, se usasse minha imaginação conseguia me ver na Grécia.
-O lugar é lindo não acha? -Eles para de andar o que me faz ficar ao seu lado, dou um giro no meu eixo para conseguir olhar a decoração com mais atenção e cuidado.
-Muito. -Falo sorrindo.
Tudo era branco, as paredes rústicas e o chão feito de pedras cinzas bem claras, com exceção dos móveis que eram da cor azul igual as janelas de madeira. Cada detalhe do lugar era perfeito, havia algumas flores trepadeiras distribuídas em uma parede que deixa o ambiente mais colorido e bonito de se olhar. Além disso tudo tinha alguns quadros com as imagens e das paisagens do país de origem que o restaurante é inspirado.
-Eu adorei esse lugar. -Digo olhando ao redor uma última vez antes voltar minha atenção para Apolo.
-Se você gostou só de olhar tenho certeza que vai adorar a comida. -Ele sorri e aponta para uma mesa nos fundos do restaurante onde não tinha teto o que fazia a claridade natural entrar em uma parte do recinto. Impossível de não adorar aqui.
-Eu concordo. -Sorrio para ele e logo sentamos um de frente para o outro, o local tinha uma família e mais um casal na parte da frente do restaurante, então essa região era toda nossa. -Você vai ter que escolher para mim, eu não tenho ideia do que deve ser gostoso no cardápio.
Antes de Apolo conseguir dar uma resposta uma garçonete vestida a rigor entrega para nós dois dois papéis laminados. -Sou a Carla e servirei vocês neste almoço, já sabem o que vão pedir? -Olho para ele que passa os dedos por cima do papel e eu apenas dou de ombros, tento ler os pratos, mas mal consigo falar algumas dessas palavras então eu desisto antes mesmo de começar.
-Em vou querer dois Souvlaki como prato principal e dois Galaktoboureko de sobremesa acompanho apenas de água por favor. -Ele fecha o cardápio e logo eu imito ele, a mulher anota tudo em um papel e recolhe as folhas.
-Já volto com o pedido de vocês. -Sorri simpática antes de sair e andar em direção à região que eu julgo ser a cozinha.
Assim que ela se afasta eu me inclino sobre a mesa. -O que você pediu para mim? -Pergunto preocupa e com medo da sua resposta.
-Uma coisa especial. -Franzo a minha testa por estar suspeita com ele e sem acreditar.
-Por acaso tem coração de galinha ou coisas do tipo? -Apolo acaba rindo alto e nega com a cabeça.
-Não mesmo Isabela. -Ele sorri o que me deixa desnorteada por um momento. -É churrasco grego, não precisa se preocupar.
Dou um pequeno suspiro aliviada ao ouvir o que seria o nosso almoço, não seria algo tão estranho de se comer.
-E qual a diferença do grego para o nosso churrasco? -Pergunto apoiando meus cotovelos na mesa, logo fazendo o mesmo com a minha cabeça em minhas mãos sem tirar os olhos de Apolo.
-O tempero grego é mil vezes mais saboroso, você vai adorar. –Apoia as costas na cadeira. –Dá para sentir o gosto do mediterrâneo na boca.
Franzo a minha testa e dou um sorrindo. -E qual exatamente é o gosto do mediterrâneo?
-Tem o sabor um pouco agridoce, você vai gostar. –Deito um pouco a minha cabeça para o lado o que me faz olhar melhor para ele. –E se não gostar eu compro outra coisa para você almoçar.
-Hum .... Tudo bem. –Afirmo com a cabeça e depois sorrio ao ter uma ideia. –Já que você não vai me contar o que acontece nessa cabecinha, eu acho que está me devendo pelo menos alguma coisa.
-Você realmente não esquece as coisas fácil. –Concordo com ele. –E que coisa é essa que você quer? –Finjo pensar na sua pergunta, mas eu já sabia a resposta exata para isso. –Então?
-Eu te faço uma pergunta e você me responde ela com sinceridade, o que acha? –Avalio seu rosto enquanto pensa na minha proposta.
-Depende da sua pergunta. –Tiro meu cotovelo da mesa.
-Do que exatamente? –Ele dá de ombros.
-Pergunta que a gente descobre junto. –Mordo meu lábio interior e afirmo com a cabeça olhando para ele em dúvida sobre o que perguntar.
-Hum …-Penso por um momento.
Eu sei o que eu quero perguntar, mas não posso falar o que eu quero ou isso me colocaria em uma situação que eu não quero estar. -"O que você sente por mim Apolo? Fale a verdade." -Apesar disso eu me mantenho quieta e apenas olhando para ele enquanto penso em uma pergunta melhor e menos comprometedora.
Sinto uma lâmpada se acender na minha cabeça. -Qual seu maior segredo? O mais sombrio. -Dou um sorriso e me inclino um pouco na mesa.
-Acho que você consegue ter uma ideia. -Aponta para mim, se referindo ao meu sequestro o que me faz revirar os olhos. -Tem outras coisas, mas eu não acho que seja uma boa ideia te falar.
-Não me refiro ao segredo de matar pessoas ou sequestrar elas, e sim a outro. -Eles se inclina ficando igual a mim.
-Está falando do que então? -Sorrio ao sentir o cheiro do seu perfume.
-Por acaso você tem algum ursinho escondido no fundo do seu armário ou dorme toda noite abraçada com um cobertor de infância? -Pergunto sorrindo já preparada para irritar ele com a sua resposta.
-O que? -Ele solta uma risada e logo a garçonete volta para a mesa com dois pratos nas mãos.
-Você me ouviu. -Disse e olho para a moça que estava sorrindo para nós. -Obrigada. -Agradeço ao mesmo tempo que Apolo.
-Já trago a água de vocês, licença. -Segura as duas mãos atrás do corpo e saí de perto da nossa mesa.
-Então? Qual vai ser a sua resposta? -Coloco meus braços na mesa e continuo olhando para ele que se inclina novamente sobre o seu prato e pega uma faca com uma das mãos.
Arregalo meus olhos ao ver a proximidade dele e na hora eu já sei que meu coração iria bater logo depois dessa ação, consigo sentir o cheiro do perfume dele na posição em que estava. Apolo segura no espeto do frango com uma das mãos e com a outra usa o talher para retirar o frango do longo palito e deixa junto de alguns legumes, cebola, tomate e pimentões grelhados.
-Desse jeito é mais fácil de você comer. -Fala ao terminar de arrumar meu prato e se senta normalmente na sua cadeira, dou um sorriso em agradecimento e por estar novamente com alguns centímetros separando nós dois.
-O cheiro está bom e a cara está ótima. -Falo olhando para o prato na minha frente.
-Espera só até experimentar, você vai adorar. -Ele sorri e faz a mesma coisa com a comida no seu prato, espero ele terminar para poder dar a primeira garfada.
-E como tem tanta certeza? -Espeto o frango e um pedaço de tomate juntos.
-Porque é impossível não gostar de comida grega. -Observo ele fazer o mesmo que eu enquanto me olha ansiosamente para ver a minha reação. -Experimenta. -Aponta para o meu prato.
-As ordens. -Levo a comida para a minha boca e tento manter meu olhar neutro, continuo olhando para ele mastigando.
-Então? -Me perguntou quando eu terminei de engolir.
-Nada mal. -Respondo simples, mas dou um sorriso ao ver a sua carranca. -Estou brincando, eu gostei mais do que imaginava.
A garçonete volta com dois copos de água gelada. -Espero que o almoço esteja do agrado de vocês, a sobremesa já está sendo preparada. -Dou um gole.
-Obrigada. -Apolo agradece e logo ela se retira.
-Ainda não me respondeu. -Olho para ele que estava concentrado na comida do prato. -Qual seu maior segredo? Que ninguém deve saber. -Volto a repetir a pergunta que havia feito para ele mais cedo.
-Hum …-Olho para ele que mastiga por alguns segundos antes de me responder. -Eu tenho uma coleção de bonecas. -Solto um riso baixo antes de voltar a dar outra garfada.
-Coleção de bonecas? -Levo a mão para frente da boca para poder falar. -E como são essas bonecas? -Dou um gole na água para disfarçar o meu sorriso.
-São bonecas russas. -Dessa vez é impossível não segurar a risada por mais que eu tente.
-Você está falando sério? -Pergunto sorrindo de forma debochada para ele que revira os olhos enquanto come.
Afirma com a cabeça. -Você queria saber meu segredo sombrio não queria? -Concordo ainda sorrindo. -Esse é ele e você não pode rir. -Aponta para mim brincando e eu nego.
-Claro que posso, você coleciona bonecas russas mesmo sendo inglês. -Nego com a cabeça sorrindo. -Isso é tão contraditório.
-Por isso que eu não conto para ninguém. -Levanto as duas mãos em forma de rendição e logo volto a comer.
-Prometo não tocar mais no assunto. -Falo olhando para ele e como mais um pedaço do frango. -Se…-Apolo volta a me olhar sério o que me faz rir baixo.
-Tem mais uma condição? -Afirmo com a cabeça e mantendo meu sorriso no rosto. -E qual seria ela?
-Você me mostrar elas, pelo menos uma por foto. -Sorrio entre os dentes.
-Eu sabia que te contar isso seria uma péssima ideia. -Foi de ombros e concordo com a cabeça, não tinha como negar.
-Então? -Como os legumes olhando para ele e dou um gole na água fresca.
-Sorte sua que eu tenho uma foto nesse celular. -Ele digita uma senha na tela e depois de clicar mais algumas coisas e me entregou o aparelho nas minhas mãos.
Olho a imagem onde cinco bonecas feitas de madeira e pintadas nos mínimos detalhes estavam uma ao lado da outra, conforme eu olhava para elas é possível notar que o tamanho vai diminuindo aos poucos até a quinta e última ver pequena. –Você tem quantas dessa? -Pergunto antes de entregar o celular de volta na mão dele.
-Prefiro manter essa informação em segredo. –Guarda o celular e logo voltamos a comer enquanto nos olhamos.
A conversa só acontece novamente quando terminamos de comer a sobremesa a qual eu não conseguia nem pronunciar o nome, Apolo pagou a conta e então saímos juntos.
-Gostou da comida? –Afirmo com a cabeça quando entramos no carro e logo ele dá a partida.
-Eu adorei. –Resolvo não colocar o cinto já que iriamos descer do carro daqui a pouco. –Queria poder comer mais vezes.
-Se der antes de chegarmos em Wisconsin a gente come mais. -Sorrio para ele rapidamente.
-Eu iria adorar. –Olho para a janela. –E você? Consegui fazer seu humor melhorar?
-Pode apostar que sim, era disso que eu precisava. –Luto contra a vontade de sorrir.
Nem parece que tínhamos escapados de tudo aquilo em um triz e estávamos aqui vivos, tudo o que aconteceu durante a madrugada, parecia apenas um pesadelo distante.
-Fico feliz em ter ajudado um pouco. –Olho para ele rapidamente. –Já comeu a comida que te deixa feliz e agora está com uma boa companhia, a junção perfeita.
Apolo me olha de forma debochada. –Você deveria ser menos convencida sabia? –Dou de ombros.
-Eu não posso parar, ser convencida faz parte do meu charme pessoal. –Noto que ele iria falar algo, mas desiste no meio do caminho, molha os lábios e continua olhando para a rua.
Em menos de cinco minutos chegamos em frente a um mercado, Apolo mexe por alguns segundos dentro da sua bolsa e retira um óculos de dentro. –Consegue usar lá dentro? –Afirmo com a cabeça e coloco ele de frente aos meus olhos e aproveito para cobrir minha cabeça com a touca do moletom. –Vamos ser rápidos, aqui tem câmeras e mais pessoas que no restaurante, então todo cuidado é pouco.
-Eu já saquei o esquema, entrar e sair sem sermos vistos. –Apolo veste um moletom parecido com o meu e logo descemos juntos, andamos para dentro do mercado, e ao olhar direito dava para notar que realmente estava cheio.
-Isso. –Murmurou baixo e segurou no meu pulso sem força e me puxa para um corredor de salgadinhos. –Pega o que você quiser, vamos passar o dia inteiro dentro do carro então a comida precisa dar até a noite.
-O que eu quiser mesmo? –Paramos de andar e olhamos para as prateleiras de guloseimas. Se eu criança estivesse aqui iria fazer o Apolo falir em só uma ida ao mercado.
-Depende. –Olhamos juntos para a infinidade de opções para escolhermos.
-Depende do que? –Pego um salgadinho de picanha, o mesmo que de Apolo e logo escolho outro clássico da mesma marca, andamos juntos dessa vez para as bebidas, durante todo o momento tento não levantar minha cabeça para as câmeras ou olhar diretamente para alguém.
-Não tem como você me pedir para comprar um pônei ou coisa do tipo. –Reviro meus olhos e pego uma latinha de refrigerante.
-Você realmente acha que eu iria querer um pônei? –Apolo faz uma escolha bem parecida com a minha.
Torço meu nariz. –“Copião. ”
-Nunca se sabe, não é? –Andamos para um local agora que prepara lanches para viagem que não precisa ser esquentado ou coisa do tipo, então seria perfeito.
-Você as vezes parece que nem se esforça para ser chato. –Fico ao seu lado na fila e vejo ele sorrir devido ao que eu falei.
-Te irritar é bem fácil, não preciso me esforçar muito para isso. –Rio de forma irônica e falsa.
-É um bom sinal ou ruim? –A fila anda e eu vou atrás dele.
-Para mim é um bom sinal, para você nem tanto. –Sorri para mim e em poucos segundos a nossa vez de fazer o pedido chega.
Peço um sanduiche com salame, alface, tomate e queijo, enquanto Apolo pede algo parecido, no lugar de salame é peito peru. –Não acredito que você pediu um de vinte centímetros. –Falo quando ele pega o saco com nossos pedidos depois de pagar.
-Por que não? –Reviro meus olhos.
-É muito grande. –Começamos a andar em direção ao caixa, mas olho uma garota no nosso lado com alguns doces no braço e eu dou um sorriso ao ter uma ideia então me viro para Apolo. –Vem cá. –Me apoio nele e tento fazer minha melhor expressão de cachorrinho sem dono. –Você disse que eu poderia pegar o que eu quiser, não é?
-Disse. –Me responde com certo receio no olhar. –Por que a pergunta? –Pisco meus olhos rápido na esperança dele se deixar levar pelas minhas palavras.
-Porque eu queria pegar umas balas ou chocolate. –Junto minhas mãos e sorrio de forma meiga. –Posso? –Ele me avalia de cima abaixo e para quando seus olhos grudam no meu.
Ele suspira. –Pode sim. –Olha para fila atrás dele, que já estava longa e depois para mim. –E eu posso confiar que você vai lá e depois volta sem tentar fugir?
-Claro. –Sorrio animada por conseguir o que eu queria, minha intenção não era fugir, sozinha era bem mais capaz de eu ser pega então não iria arriscar.
-Seja rápida então. –Afirmo com a cabeça e entrego para ele os salgadinhos que eu tinha escolhido.
-Eu vou ser. –Me inclino e beijo seu rosto em um momento de emoção, me arrependo logo depois ao ver sua afeição. –Eu já volto. –Dou um sorriso nada convincente e corro para o corredor dos doces e sobremesas, escolho duas barras de chocolate qualquer e um saco de balas de goma e volto sem pressa alguma para a fila, assim que fico ao seu lado de novo não levanto meu rosto.
-Pegou o que queria? –Afirmo com a cabeça rápido sem falar mais nada, passamos as coisas para a esteira e eu me coloco ao outro lado enquanto Apolo cuida de pagar, pego as sacolas com ele e andamos em silencio para o carro.
-Foi mal por aquilo. –Coloco o cinto de segurança e abro o saco de balas para comer, estico para ele pegar enquanto dirigia, o mesmo sem olhar consegue pegar uma minhoca roxa.
-Aquilo o que?
-Ter beijado seu rosto. –Respondo com a boca cheia. –Eu não devia ter feito. –Aproveito a situação por não precisar olhar no seu rosto.
-Ah, aquilo... –Afirmo com a cabeça. –Tudo bem. –Nega com a cabeça sem me olhar.
-Ótimo. –Dou um suspiro de leveza e olho para a rua.
Por um momento me lembro do nosso quase beijo no corredor do hotel, esse dia vai me perseguir por quanto mais tempo? –“Droga, se ele fosse feio ia deixar meu trabalho bem mais fácil.” –Me afundo no assento do carro e aproveito que estou comendo para ficar quieta o máximo de tempo que consigo.

Apaixonada Pelo Meu SequestradorOnde histórias criam vida. Descubra agora