Capítulo 2 - Senhor Thomas

5.3K 323 45
                                    

Nina

Não sei se entro de vez ou se bato na porta. Droga! Foda-se, vou entrar. O que pode dar errado?

Entro na sala e me deparo com um homem de quase 2 metros de altura, vestido com roupa social. — Minha nossa senhora! — Olha o tamanho desses músculos... Olho de cima a baixo, esquadrinhando seu corpo.

— Bom dia, senhorita? — Ele me tira dos meus devaneios. Sorrio fraco. — Senhorita?

— Nina, não, é... é... — Merda, merda, merda. — Meu nome é Giannina, me desculpe, senhor. — A sala começa a rir. Que maneira de começar a semana! Que vergonha! É sério, Nina? Você deixou que esse cara gostoso te deixasse toda desconcertada? Minha cara queima de vergonha.

— Ok, senhorita Giannina, eu sou o professor Mark, e como estava me apresentando para a sala assim que você chegou, vou ministrar as aulas de penal no lugar do senhor Thomas. Infelizmente, ele faleceu durante o final de semana. — O choque pela informação fez com que eu arregalasse os olhos, e minha cara de espanto estava evidente. Tudo bem que ninguém gostava do senhor Thomas; ele era um tremendo cuzão. Acho que todos os professores de penal são.

Fico tão pasma pela notícia que me esqueço de estar em frente ao "senhor gostoso Mark, o novo professor de penal". Mordo minha boca e ouço um limpar a garganta. Por Deus, minha cara deve estar um verdadeiro pimentão vermelho. Sigo em direção a uma mesa vazia na fileira da frente e começo a prestar atenção e anotar as informações que Mark passava.

Ele não dá trégua. Mal chegou e já estava lotando a sala de trabalhos, provas e seminários, tudo o que Thomas não fez em um ano, Mark planejava fazer em dois meses.

Ao acabar a aula, encontro com Luana para ir embora. Conto a ela sobre a novidade, a benção ou maldição que o universo havia me presenteado neste dia tão fodido.

— Eu não acredito que você ganhou um professor gostoso! — Luana para na minha frente enquanto caminhamos para o estacionamento.

— Em qual parte você ouviu que ele é a personificação do diabo? Ele pode ser lindo, mas é um tremendo carrasco!

— Ué, Lúcifer era um anjo de Luz, e foda-se! Meus professores são gays, o que não me incomoda, afinal, sou bissexual. Mas olha que oportunidade de se divertir. Você pode fazer umas horinhas extracurriculares! — Olho pasma para ela. Luana cursava moda.

— Você só pode estar louca! Ele deve ser casado! Eca! Ele deve ser uns 20 anos mais velho? — Penso na possibilidade, mas já caio na real. — Luana, vamos para terapia agora! Você está louca!

Ela ri e fomos embora. Chegando em casa, o caminho começa a ficar longo e lento. Odeio o fato de morar sozinha. Agradeci à minha amiga pela carona e segui para meu apartamento. Ao me aproximar da porta, me deparo com não apenas uma notificação, mas três. Começo a ler, segurando as lágrimas de raiva. Recebo mais notificações extrajudiciais. Se eu não pagar os aluguéis atrasados dentro de 3 dias, serei despejada. Era tudo o que me faltava.

Onde vou arrumar grana nessa altura do problema? Minhas aulas são integrais; não terei tempo de trabalhar e estudar!

Desço as escadas do prédio correndo, meu coração batendo mais rápido do que nunca. Cada passo que me aproximo do banco é uma mistura de esperança e medo. Atravesso a rua com pressa, ignorando o sinal vermelho piscando, e chego à porta do banco ofegante.

Entro e olho ao redor, procurando o rosto familiar do gerente. Ele está lá, atrás de sua mesa, ocupado com papéis e olhando para o computador. Respiro fundo, tentando reunir coragem para o que está por vir.

Caminho até sua mesa, tentando parecer confiante, mesmo com o nervosismo fervendo dentro de mim. Ele levanta os olhos, um sorriso educado se desfazendo quando me reconhece.

Secret Life - NinaOnde histórias criam vida. Descubra agora