Capítulo 26 - Erros

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Nina

Era um sábado e, enquanto caminhava em direção à faculdade, passei pela orla da praia. O sol da manhã iluminava a paisagem, mas minha mente estava mergulhada em pensamentos sombrios. Eu andava com passos lentos, tentando encontrar alguma paz no som das ondas quebrando na areia e na brisa leve que acariciava meu rosto.

Como um filme, a minha vida parecia passar diante dos meus olhos. Recordava o que havia me levado até aquele momento – o peso da perda, o vazio que sentia desde a morte da minha mãe. O sentimento de que tudo havia perdido o sentido se intensificava a cada passo. Minha mãe, que havia sido meu pilar e fonte de amor, havia se ido, e com ela parecia ter se ido o propósito da minha vida.

Enquanto caminhava, lágrimas escorriam pelo meu rosto. Era um sábado comum, mas a ausência dela tornava tudo um desafio. Não conseguia acreditar que aquele dia, há três anos, tinha sido o último abraço que lhe dei. A dor da perda ainda era fresca, como se o tempo não tivesse sido capaz de curar completamente as feridas que ela deixou.

Com a mente pesada e o coração apertado, eu tentava encontrar alguma forma de conforto na familiaridade do lugar, mas a sensação de perda era inescapável. Cada onda que chegava parecia trazer de volta a memória de momentos felizes que agora estavam longe. Caminhar pela praia, um lugar que costumava ser um refúgio, agora parecia mais um lembrete do que havia sido perdido.

— — — — — — — — — — 3 ANOS ATRÁS— — — — — — — — — —

— Mãe, acho que esse bolo não vai crescer — digo rindo da situação, enquanto olho para o forno — O fermento está fechado ainda!

— Minha nossa, filha! — Minha se aproxima enxugando as mãos no avental, rindo — Acho que vamos ter uma pedra ao invés de um bolo de chocolate!

— Posso ir ao mercado comprar as coisas de novo!

— Perfeito, chama a Luana para ir com você! Não quero que fique andando por aí sozinha.

Saio da cozinha pegando meu celular e enviando uma mensagem para Lua vir para irmos ao mercado.

— Filha, pega o dinheiro na minha carteira!

— Peguei, a Lua chegou — Falo entanto vejo a mensagem de Luana avisando que está na portaria — Vou indo e já volto!

...

Enquanto eu e a Lua subíamos as escadas, rindo pela bobeira que eu e a minha mãe havíamos feito, Luana para na escada me segurando pelo braço, ouvindo os barulhos de briga que vinha se algum apartamento próximo.

— Amiga, acho que é na sua casa! — Fala assustada.

— Ai meu Deus, vamos logo!

Subimos depressa, ao abrir a porta, vejo meu pai em cima da minha a esfaqueando. Meu mundo parou, olhar de minha mãe já estava sem vida.

— SUA BISCATINHA, OLHA QUE VOCÊ ME FEZ FAZER! VOCÊ ROUBOU MEU DINHEIRO E ELA PAGOU COM A VIDA! — Luana me puxava pelo braço, não consiga respirar — Agora você é a próxima!

Enquanto ele vinha em minha direção, minha amiga me puxou e saímos correndo pedindo socorro.

A polícia logo chegou.

— — — — — — — — — — ATUALMENTE — — — — — — — — — —

Chorando sentada na areia, recordo tudo o que aconteceu, aquele filha da puta matou minha mãe devido a dinheiro, para sustentar o maldito vício, como se não bastasse ele foder com tudo, Pitter só acabou de afundá-lo nessa situação medíocre — Deus eu só queria que tudo isso acabasse e voltar ao tempo que tinha minha mãe aqui — Não foi nem um pouco fácil encarar meu pai no tribunal, vê-lo confessar e se passar de bonzinho, na verdade acho que ele nunca foi bom, sempre bateu na minha mãe, me maltratava, seu vício nunca foi novidade.

Perco a noção do tempo vendo as ondas indo e vindo — droga, esqueci meu celular — me levantei limpando meu vestido, minha cabeça lateja, será uma caminhada e tanto até chegar em casa.

As ruas estavam vazias, o vento beijando minha pele fazendo meus pelos arrepiarem, uma sensação ruim percorreu pelo meu corpo, acho que deve ser só minha cabeça me sabotando.

Ando apressadamente, sinto que alguém me seguindo, olho para trás, mas não vejo ninguém, estou ficando louca — um carro com os faróis apagados se aproxima — não é nada, não é nada — repetia em minha cabeça.

Claro que estava errada, quanto mais andava rápido, mais o carro me seguia, começo a correr o mais rápido possível, mais alguns metros, preciso aguentar só mais alguns metros, meu desespero foi tão grande, minha crise de pânico atrapalhando respirar, meus pés falham e vou direto para o chão.

Uma pessoa toda de preto e encapuzada colocou um pano cobrindo minha boca e nariz, agora tudo está escuro. 

Secret Life - NinaOnde histórias criam vida. Descubra agora