Capítulo 28 - sem Ar

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Nina

Deitada no chão frio, sinto-me tão fraca que não consigo distinguir se a fraqueza vem das perdas de sangue devido aos cortes ou se estou sofrendo uma hemorragia interna das agressões. A dor é constante e insuportável. Meu corpo está coberto de hematomas e feridas, e o desespero é quase uma presença física ao meu lado. Não consigo me mexer e, a cada movimento, a dor se intensifica.

O silêncio do lugar é quebrado por passos que se aproximam. Tento abrir os olhos, mas a claridade que entra pelos pequenos espaços nas janelas faz com que meus olhos ardam. Finalmente, consigo ver uma figura se aproximando. É Pitter, com seu olhar cruel e um sorriso que só aumenta meu terror.

— A princesa está confortável em sua estadia? — ele diz, a voz carregada de uma malícia doentia. — Vou fazer você sofrer a cada segundo antes de finalmente te matar, e seu professorzinho de merda não vai poder fazer absolutamente nada, sabe por quê? Porque quebrarei cada osso do corpo dele, ele irá agonizar até ver você perdendo essa sua vidinha de bosta!

Sinto meu coração acelerar ao ouvir suas palavras. O rosto está tão inchado que mal consigo abrir os olhos, e a dor que sinto ao ser puxada pelos cabelos é agonizante. Pitter agarra meus cabelos e puxa com força, o que faz com que eu grite, embora o som seja abafado pela dor.

— Você vai ter que me implorar para te matar logo, Giannina! — ele diz, jogando meu corpo de volta no chão com uma força brutal. — Bem-vinda ao inferno, sua filha da puta!

— Eu... eu... eu não fiz nada — minha voz sai como um sussurro fraco, misturado com um pouco de sangue que escorre dos meus lábios.

— Nada? Você chamou a polícia, fodeu com a minha vida! — Pitter grita, com um ódio evidente.

— Pitter, ele matou a minha mãe! — eu falo com dificuldade, o queixo tremendo e a voz mal saindo.

— Foda-se, deveria ter matado você também! Teria me poupado tanto estresse! — ele retruca, com um desdém cruel. — Foi ele quem falou de você para a polícia, eu só chamei para ele e não para você!

A dor em minha garganta ao tentar falar é quase insuportável, e o sangue escorre mais. Cada vez que tento explicar, a dor só aumenta.

— Mentirosa! — Pitter vocifera, saindo do lugar. Mas ele para e se vira, com um olhar de desprezo. — Sabe por que namorei com você? Você sempre foi uma putinha mesmo, eu só estive com você para ter uma foda fácil, isso é o que você é! Foda fácil, depósito de porra, e agora todos os seus amiguinhos da faculdade sabem a vadia que você é. Seus vídeos estão rolando pela internet, com seu professorzinho! — A crueldade nas suas palavras faz minhas lágrimas caírem mais intensamente. — Poupe suas lágrimas, vagabunda! Sua reputação será manchada e você vai morrer igual à puta da sua mãe, SOZINHA!

Ele se afasta, deixando-me sozinha. A dor é tão intensa que o simples fato de estar sozinha parece um alívio. Se ele me matasse, seria um favor. Ele e meu pai têm a mesma crueldade, ambos contribuíram para minha miséria de maneiras diferentes. A ideia de que eles possam estar juntos no inferno me traz um certo consolo, uma pequena vingança em meio ao desespero.

— Mark, espero que você não venha me salvar... — digo, com o pouco de força que me resta. A escuridão começa a tomar conta dos meus sentidos, e o mundo ao meu redor se desvanece lentamente.

O silêncio retorna após a saída brutal de Pitter, mas a paz é breve. Sinto a pressão da dor diminuindo um pouco enquanto meus olhos se fecham, e então o som de conversas começa a se formar ao meu redor. São vozes baixas, mas suficientemente audíveis para que eu consiga distinguir palavras.

— Tá, o que vamos fazer com ela agora? — pergunta Gabriel, a voz carregada de uma frieza calculada.

— A gente precisa manter ela viva até o Mark aparecer — responde Pitter. — Quero que ele veja tudo, que sofra vendo sua princesa morrendo aos poucos. É assim que se faz com esses desgraçados, faz eles se desesperarem.

Secret Life - NinaOnde histórias criam vida. Descubra agora