Capítulo 23 - Surpresa

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Mark

As semanas se passaram sem novas mensagens de ameaça para Nina, mas o alívio era ilusório. Eu sabia que algo estava para acontecer, que a calma podia ser apenas um breve intervalo antes de algo pior. Meu instinto me dizia que devíamos estar preparados, que nada estava acabado ainda.

A chuva estava torrencial, e a ansiedade só aumentava com cada minuto que Nina não chegava. O pensamento de que algo pudesse ter acontecido com ela me consumia. Peguei meu celular e tentei ligar para saber se ela precisava de carona, mas a chamada caiu. A preocupação foi substituída por pânico: e se aquele desgraçado a tivesse pegado?

Decidi que era hora de agir e procurei os números de Taylor para rastrear a localização de Nina. Enquanto eu digitava, um barulho de carro estacionando chamou minha atenção. Corri até a janela, e meu coração deu um salto ao ver que era Nina chegando de Uber.

Ela saiu do carro, ensopada pela chuva, e parecia exausta. Minha respiração saiu em um suspiro de alívio ao ver que ela estava bem, mas a preocupação ainda estava presente.

Corri para a porta para encontrá-la.

– Nina, você está bem? Eu estava preocupado!

Ela sorriu toda molhada com a água da chuva e olhou para mim, um misto de cansaço e alívio em seu rosto.

– Desculpe, Mark. O trânsito estava horrível e a chuva só piorou a situação. Não consegui atender suas ligações.

– Eu entendo. Estava começando a ficar preocupado demais. Vamos para dentro e você se seca. Não podemos baixar a guarda.

Enquanto Nina se trocava no quarto, eu me peguei observando seus movimentos. Havia algo em sua postura, algo que me incomodava. Parecia que ela estava escondendo algo. Meu instinto me dizia que não estava tudo bem, mesmo que ela tentasse aparentar normalidade.

Quando ela saiu do quarto, vestida com roupas secas e confortáveis, decidi que era hora de confrontar minhas suspeitas. Eu precisava saber o que estava acontecendo.

— Nina — comecei tentando manter a voz calma e suave —, está tudo bem mesmo? Você parece... diferente. Algo aconteceu?

Ela hesitou por um momento, e eu vi a sombra de algo passar por seus olhos. Ela então tentou sorrir, mas não conseguiu disfarçar completamente sua apreensão.

— Não, Mark, está tudo bem. É só o cansaço e a chuva. Nada demais.

Aquela resposta não me convenceu. Cheguei mais perto, pegando suas mãos nas minhas. O contato parecia mais importante do que nunca, como se eu pudesse sentir a verdade através de sua pele.

— Nina, por favor, seja sincera comigo. Eu sei que algo está te incomodando. Se aconteceu alguma coisa, preciso saber. Não vou deixar que nada te machuque.

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior. Parecia estar lutando consigo mesma, decidindo se devia ou não compartilhar o que estava em sua mente. Aquele momento de silêncio foi suficiente para me fazer perceber que meus temores não eram infundados.

Finalmente, ela suspirou, os ombros relaxando um pouco como se tivesse decidido se abrir, mas ainda assim, sua voz soava hesitante.

— Mark, eu... não é nada grave, sério. Só estou um pouco preocupada com tudo isso, com a situação. Eu juro que estou bem.

Ela tentou parecer convincente, mas havia algo em seus olhos, uma tristeza que não podia ser ignorada. Eu sabia que não podia forçá-la a falar, mas também sabia que não podia simplesmente deixar isso passar.

— Tudo bem, Nina — disse, tentando parecer mais compreensivo e menos impressionante —, eu confio em você. Só quero que saiba que estou aqui para você, sempre. Se precisar de qualquer coisa, se algo estiver errado, por favor, me diga. Não quero que você enfrente isso sozinha.

Ela assentiu, mas ainda parecia preocupada. Decidi dar— lhe um pouco de espaço, na esperança de que ela eventualmente se sentisse confortável para me contar o que realmente estava acontecendo. Eu só esperava que, quando o momento chegasse, não fosse tarde demais para agir.

Minutos depois, recebi uma ligação urgente da delegacia. O dever me chamava e eu não podia ignorar. Peguei meu capacete e me preparei para sair de moto.

— Preciso ir, Nina. Chamado na delegacia. Vou ficar de olho em você, qualquer coisa, me liga.

Ela acenou, ainda parecendo apreensiva. Saí rapidamente, montando na minha moto e acelerando pela rua. Quando estava quase na esquina, um carro preto acelerou em frente à minha casa, chamando minha atenção. Meu coração disparou e a adrenalina correu pelo meu corpo. Era o que me faltava!

— Droga — murmurei, apertando os dentes.

Saí cantando pneu, acelerando para alcançar o carro. As ruas molhadas pela chuva tornavam a perseguição ainda mais perigosa, mas eu não podia perder essa chance. Acelerei mais, tentando me aproximar. As luzes traseiras do carro preto estavam cada vez mais próximas, mas ainda não conseguia ver a placa.

Então, de repente, um caminhão começou a pedir passagem atrás de mim.

— Merda! — desviei rapidamente, quase perdendo o controle da moto.

O desvio foi o suficiente para perder o carro de vista. Fiquei frustrado, mas não podia deixar isso me distrair. Continuei meu caminho até a delegacia, minha mente ainda na imagem daquele carro preto. Assim que cheguei, estacionei a moto e tirei o capacete, pegando meu celular.

Mandei uma mensagem para Taylor: "Carro preto suspeito perto da minha casa. Preciso da placa. Vê o que consegue descobrir, acesse as câmeras de vigilância."

Entrei na delegacia, preparado para enfrentar o que quer que viesse a seguir, mas com uma preocupação constante por Nina. Sabia que precisava proteger a mulher que amava, custasse o que custasse.

Secret Life - NinaOnde histórias criam vida. Descubra agora