Não trabalho pra você, pai

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P.O.V Emily:

    — Como assim você não vai? — Sarah ergueu uma sobrancelha.

    — Não indo — dei de ombros olhando para a televisão.

     — Mas Nick te convidou, Charlie também.

     — Mas não vou — passei por ela indo até a cozinha — e outra, aquele não é meu lugar, só vai ter aquele tipo de pessoa, e eu sinceramente prefiro dormir.

     Sarah me olhou.

    — Também não é meu lugar.

    — Mas irá ser. Se você continuar com Nick, essa será sua vida, acho até bom que ele a leve a esses lugares, acho adorável ele gostar de te apresentar para todos, não me leve a mal, boa sorte pra você. Mas aquele não é meu lugar.

     Sarah me olhou por alguns segundos e suspirou.

     — E o que vai ficar fazendo aqui a noite toda?

     — Dormindo — sorri — comendo e dormindo, e depois quem sabe assistir a algum filme e comer mais um pouco.

     Ela sorriu.

    — Você não tem jeito, não é?

     — Não, pensei que já tivesse caído a ficha que sua melhor amiga e colega de casa é absolutamente anormal.

     Ela riu.

      — Ok loira, tchau — ela acenou para mim e saiu.

     Toda vez que eu via essa menina indo para aula agradecia mentalmente por já ter terminado de estudar.

    Voltei a sentar no sofá com uma xícara de café quente em mãos.

    Realmente cheguei a cogitar ir a essa social, mas... não, não daria certo. Eu não era uma pessoa que tinha muita paciência com coisas que não gostava, e não bastava não ter paciência, eu demonstrava isso claramente. Cogitei ir por Charlie, afinal, ele me chamou e seria legal conversar com ele, mas é óbvio que ele nem lembraria quem eu era perto daquelas pessoas e ficar com Nick e Sarah estava totalmente fora de cogitação, não queria atrapalhar o agarramento deles. Então era melhor que eu ficasse em casa mesmo, sozinha, aproveitando a casa só pra mim.

    Entrei em meu atelier indo até a bancada pegando a pilha de papéis. Eu tinha muitas roupas para fazer, mas a preguiça não deixava. Escorreguei meus dedos pelos desenhos vendo vestidos, calças, lingeries... falando nisso eu precisava comprar renda. Abri a gaveta pegando minha pasta organizando os desenhos por peça de roupa dando de cara com um envelope branco. Sabia exatamente o que tinha ali dentro, mas o peguei da mesma forma, abri com cuidado tirando minhas fotos lá de dentro. Eu tinha todas as fotos da minha pequena época como modelo, eu era diferente por não ser tão magra quanto a maioria das modelos, por isso eu consegui um ensaio após meu antigo professor da faculdade conseguir isso pra mim.

   Não foi de tudo uma perda de tempo, porque além de ganhar uma grana bem boa, ganhei dois sapatos Chanel que o fotógrafo havia ganhado quando fotografou para uma campanha da Chanel, porém, ele obviamente não usaria aqueles sapatos e aparentemente "foi com a minha cara", depois disso fiz mais alguns ensaios, mais oito pra ser exata, e depois minha carreira de modelo acabou, ainda bem.

    Recoloquei as fotos no envelope, gostava de guardá-las porque modéstia a parte, eu tinha ficado linda nelas, então quando a depressão batia, e apenas as olhava, não sei exatamente por que.

      Guardei tudo colocando a franja atrás da orelha, suspirei começando a organizar os tecidos e tudo que estava fora do lugar. Eu tinha agonia de ver coisas desarrumadas.

Senhor MartinOnde histórias criam vida. Descubra agora