Beber pra esquecer

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   — Emily, quer um café?

    Olhei para cima e uma parte da minha franja caiu sobre meu olho. Pelo menos uma vez eu tinha que usufruir da quedinha dele por mim.

   — Por favor, David.

    Ele assentiu com um sorriso e se retirou.

     Naquele dia em particular, parece que Jeff havia jogado os deveres de todos os funcionários em mim, pra terminar no mesmo dia.

     — Emily, vá buscar o presente da minha sobrinha, por favor — Jeff passou em frente a minha mesa deixando um papel com o endereço.

     Oh deus, estou morta.

     Não ousei contestar, não disse uma palavra sequer, apenas concordei com a cabeça e me levantei olhando o relógio calculando quando tempo eu demoraria pra voltar e se esse tempo seria o suficiente para entregar tudo que eu precisava.

    Peguei minha bolsa e desci pelo elevador apertando o botão do térreo várias vezes como se isso de fato o fizesse descer mais rápido.

    Parei o primeiro taxi que vi e fui depressa para o local e juro que meu queixo quase caiu quando vi que estava em uma joalheria e o tal presente era uma pulseira de Rubis.

     Recebi uma mensagem e a olhei rapidamente enquanto entrava novamente no taxi tomando muito cuidado por estar andando em pleno centro de Atlanta com uma pulseira de Rubis.

     "Café e Donuts de geleia, rápido".

    Certo, ele queria me matar, só pode.

   Depois de mais de uma hora eu estava de volta á redação da Class. Entrei na sala de Jeff sem bater mesmo e deixei seu café e Donuts em cima da mesa, logo em seguida tirando a caixinha da pulseira.

    Fiquei parada esperando ele conferir tudo.

     — Obrigada, é só.

    Sai disparado de sua sala e voltei aos meus compromissos. Ouvi vozes, mas não atendi nenhuma delas, eu tinha que terminar tudo aquilo e no momento a única voz que me faria parar era a de Jeff.

*          *        *

P.O.V Charlie:

    Já fazia um certo tempo que eu trabalhava naquelas fotos. As separava por sessão, acrescentava brilho se necessário, mas nada muito grandioso.

    Porque elas não precisavam de nada grandioso.

    Eu sorria hora ou outra vendo expressões marcantes de Emily, e sorria principalmente ao me lembrar dos momentos em que as fotos foram tiradas.

    E Emily ainda tinha a ousadia de dizer que não era nada fotogênica.

    Olhei por cima da tela do computador vendo o sofá a minha frente, por um momento parece que vi Emily ali, apenas com meu suéter, os cabelos levemente bagunçados, os olhos cansados e a boca vermelha. Eu estaria mentindo se dissesse que eu não estava completamente aos pés dela, não havia nada que ela me pedisse que eu era capaz de negar.

     Com certeza ela era o anjo mais bizarro do mundo, e isso a tornava tão extraordinariamente linda e sexy daquele jeito.

   Estava tão focado em meus pensamentos que levei um susto quando a campainha tocou. Levantei com o cenho franzido e fui até a porta a abrindo.

    — Olá senhor Martin.

    Sorri já a puxando pela cintura capturando seus lábios com os meus, a pressionei no batente da porta sentindo suas mãos irem até minha nuca.

Senhor MartinOnde histórias criam vida. Descubra agora