É tudo seu

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    Sarah estava apoiada em mim e eu nela. Esfreguei os olhos sonolenta e bocejei, olhei a hora, quase meio dia.

    É, acabamos dormindo no sofá mesmo. Me levantei devagar e senti minha barriga roncar, coloquei a mão por cima dela e fiz uma careta, estava morta de fome. Dei meu primeiro passo cambaleando duas vezes pro lado até me apoiar na parede.

    Merda de ressaca.

     Fui para perto da geladeira e fiquei na ponta dos pés apalpando o teto da geladeira. Peguei a caixinha de remédios e me apoiei na pia procurando o remédio de dor de cabeça. O coloquei na língua e tomei um grande gole de água sentindo o remédio descer rasgando as paredes de minha garganta.

     Meu estômago se manifestou novamente e eu com certa dificuldade comecei a perambular pela cozinha para fazer algo que prestasse.

     Consegui fazer alguma mistura doida com várias coisas e no final, ficou até que bom. Coloquei a comida nos pratos e os coloquei na mesa.

     — Morena — chamei Sarah — olha, não vou levantar, então se quiser comer, vem.

     Ela não se mexeu, então comecei a comer sem ela. Quando estava quase acabando um barulho enlouquecido tomou conta do silêncio daquele apartamento. Sarah pulou no sofá e meu celular foi pro chão, só então, percebi que o som vinha dele, e que aquele som era meu toque.

     — Emily!

    — Foi mal! — me levantei pegando o celular.

    Número desconhecido... estranho.

    — Alô?

    — Bom dia — fechei os olhos ao ver de quem era a voz.

    — Quem é? — Sarah perguntou.

   Apenas a olhei e fui para meu quarto me trancando lá dentro.

    — O que foi?

     — Sempre tão simpática — ele disse brincalhão e eu acabei sorrindo — apenas liguei para dizer que não precisa se vestir de modo especial para hoje, não especifiquei isso e pensei que pudesse ter dúvidas.

     Acabei sorrindo, ele era tão atencioso...

    — Normal então?

     — Normal — sabia que ele estava sorrindo.

    — Tudo bem.

    — Certo, fico feliz em saber que não desistiu.

     Ri.

    — E porque exatamente iria desistir?

    — Não sei, você é imprevisível.

    Revirei os olhos sorrindo.

     — Ou seja, bipolar?

     — Não — houve uma pausa — quer dizer, não sei. Se acha bipolar?

      — Bem, depende — mordi o lábio.

     — De que?

     — Da situação — eu dei de ombros — mas sim, em certas ocasiões sou bem bipolar, aliás, acho que todas mulheres são.

     — E isso que as tornam tão interessantes e desafiadoras.

    Sorri minimamente. Era bem óbvio que ele tinha um conhecimento amplo sobre... tudo, se não tudo, praticamente tudo, e isso o tornava interessante, desafiador e absurdamente sexy.

     — Só me ligou para falar isso?

     — Sim, algum problema?

     — Não, nenhum — eu me sentei na cama — apenas achei muito atencioso de sua parte se preocupar com minha roupa.

Senhor MartinOnde histórias criam vida. Descubra agora