Ódio

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P.O.V Emily:

   Nova York era agitada. Meu deus. Muito mais que Atlanta.

    Era assustadora a pressa e o estresse que as pessoas pareciam sentir por todos os cantos, ninguém parecia saudável mentalmente por ali.

    Um garoto havia ido me buscar no aeroporto, devia ser assistente, estagiário ou algo assim. Era tão novo que quase cheirava a leite.

   Ele foi simpático, e eu retribui o máximo que meu humor permitia. Naquele dia, eu estava um verdadeiro porre. Eu já estaria naturalmente um porre, mas a TPM estava ajudando bastante.

     Ele dizia algumas coisas enquanto eu olhava a cidade passar por meus olhos de dentro do banco de trás do táxi. Eu nem estava com vergonha das minhas fotos sendo exibidas daquela forma, eu na verdade estava pouco me lixando para as fotos.

    Eu só queria ver o que aquele... ser vivente tinha a dizer sobre toda aquela grande palhaçada que eu estava passando por algum motivo, que é claro, ele não quis me informar.

    Nem lembrava mais das suas promessas, muito menos das minhas, afinal, agora eram apenas palavras que pareciam ter sido ditas há muito tempo, outra época basicamente.

    Eu não era mais aquela Emily.

    A loira inatingível havia voltado deixando a coração mole embaixo da cama em Atlanta.

   Entrei no quarto do hotel jogando minhas coisas em cima da cama. Era cedo e a única coisa que eu sabia era que oito horas uma limusine passaria para me levar para o evento.

   Eu não estava preparada para perguntas, pessoas vindo falar comigo... eu não estava preparada para interagir com outros seres humanos hoje.

   Nessa vida, pra ser mais específica.

   Fechei os olhos por algum tempo, até que meu celular tocou. Abri os olhos um pouco assustada e peguei o celular vendo a foto dos meus pais mostrando a língua e atendi.

    — Oi mãe.

   — Oi querida — acabei sorrindo — já está no hotel?

   — Sim, cheguei há algum tempo.

   — Ah que bom, e como é aí?— soube que ela estava sorrindo — já viu o Charlie?

    Lembra quando eu disse que ninguém além de Sarah sabia do nosso término? Pois é, ninguém.

      — Não eu... algum assistente me buscou no aeroporto, ele deve estar arrumando as coisas...

     — Sim, eu entendo.

    — Bom, aqui é agitado, pra caramba, as pessoas corem de um lado a outro, da agonia só de olhar.

    Minha mãe riu pensando que era brincadeira, pois não era.

    — Bom, eu só queria saber se você tinha chegado bem. Então dê um beijo no Charlie por mim e boa exposição, quero uma cópia de todas as fotos depois.

   — Ok.

    — Certo, até depois querida.

    — Tchau mãe.

   Bateram na porta e eu fui até lá devagar.

     — Olá senhorita Davis, acabaram de deixar isso pra você na recepção — um dos funcionários disse com uma caixinha em mãos.

    — Hã... obrigada — tentei parecer simpática, peguei a caixa e fechei a porta depois que ele saiu.

    Sentei na cama e abri a caixinha preta, tinha chocolates e um bilhete vermelho.

Senhor MartinOnde histórias criam vida. Descubra agora