Sim...?

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     Abri os olhos lentamente, aquele definitivamente não era meu quarto, e aquele cheiro impregnando tudo definitivamente não era meu.

     Apalpei o lugar ao meu lado não encontrando ninguém, sentei na cama e o macio cobertor que me cobria caiu até minha cintura. Eu estava nua.

      Me levantei enrolada no cobertor e passei a mão no cabelo. Meu deus, eu havia dormido ali, como assim?

     Trombei com uma caixa enquanto ia para a porta, ao lado dela estavam meus saltos. Me ajoelhei vendo um bilhete:

   É um presente, não ouse recusar.

   Ps: Espero que sirva.

     Abri a caixa arregalando os olhos ao ver um vestido preto curto e tecnicamente simples, mas lindo, e embaixo havia uma lingerie também preta, arregalei ainda mais os olhos ao ver que a lingerie era da Victoria Secrets, peguei o vestido olhando a etiqueta e engoli seco ao ver que era um vestido Dolce & Gabbana.

    Saí de seu quarto já vestida colocando a franja atrás da orelha o procurando. Ele estava de jeans e camisa de braços cruzados olhando o movimento da cidade por sua parede/janela enorme.

     Ele se virou ouvindo o barulho de meus saltos e sorriu.

     — Ficou ótimo — ele foi até mim segurando minha mão para que eu desse uma voltinha.

     O olhei com as sobrancelhas erguidas e ele revirou os olhos.

     — Eu disse que não pode recusar — ele disse pegando minha bolsa em cima da mesa e tirando de lá meu celular — Sarah mandou uma legião de mensagens, respondi que estava tudo bem.

     — Espera, você respondeu?

    — Não, você respondeu, eu só escrevi.

   Assenti.

    — Obrigada.

    — Por nada, e ah, ela te chamou de... piranha, não sei exatamente o que isso significa.

    Ri.

    — E nem queira.

    — Ok — ele sorriu — eu fiz um café pra você... acho melhor tomar, sua entrevista com o Jeffrey é em... duas horas.

     Arregalei os olhos.

    — Oi? — eu gritei — eu tenho que ir pra casa me arrumar e pegar meu currículo... — eu disse desesperada.

    — Hey, tudo bem — ele segurou meus ombros — coma, eu te levo pra casa, você se arruma depois te levo para a Class — ele me olhou.

     — Não, você já fez demais por mim — eu disse pegando minha bolsa.

     — Isso não foi uma pergunta — ele me olhou — e insisto que use essa roupa, irá passar uma boa primeira impressão.

     — Charlie eu...

     — Eu tenho muitos motivos para te levar — ele disse — um deles é um agradecimento. Mas o mais importante é: eu conheço Jeffrey e posso elogiar seu trabalho a altura para ele antes de sua entrevista, sem dizer que fiquei de pegar algumas camisas com ele.

     — Não precisa me elogiar para ele.

     — Acredite, não falarei nenhuma mentira — ele disse sério.

    Suspirei cruzando os braços e mordi o lábio.

    — Não tenho como fugir, não é?

    — Não — ele sorriu — agora coma rápido e vamos — ele me empurrou gentilmente até a cozinha onde um café da manhã delicioso me esperava — primeira regra quando se trata do Jeff, seja pontual em tudo, em tudo. Ou seja, se ele pedir algo para amanhã, certifique-se que estará pronto hoje, entendeu?

Senhor MartinOnde histórias criam vida. Descubra agora