Embarque no sucesso, querido

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P.O.V Charlie:

   — O que está fazendo?

   Dei um pequeno pulinho na cadeira, ainda não havia me acostumado com Henri morando comigo, porque afinal só fazia pouco mais de um dia.

   — Bom dia — o olhei e ele riu indo até a geladeira — estou editando as últimas fotos de Emily.

    — Claro — ele disse tirando o suco de laranja da geladeira e se sentando a minha frente — quando não está com ela, está fazendo algo que envolve ela.

    Sorri.

    — Estou trabalhando, na verdade — corrigi — as fotos serem dela é apenas um bônus.

    — Posso ver?

    Virei o computador para ele e peguei o suco enchendo meu copo já vazio.

    — Olha cara, não é por nada não — ele disse mordendo o lábio e olhou pra mim — mas sua namorada é muito gostosa.

     Sorri de lado orgulhoso.

   — Eu sei — dei de ombros tomando um pouco do suco.

   — Você a fotografou nua? — ele ergueu as sobrancelhas arregalando os olhos.

    — Sim e chega de olhar — eu virei novamente o computador para mim vendo a foto em que ela estava sendo abraçada pelo enorme urso de pelúcia com o braço dele por cima dos seios dela. Aquela foto era uma foto pra imprimir em tamanho real e botar no teto do quarto.

   — Será uma bela exposição — ele disse.

    — Tudo indica que sim.

    Ele assentiu e tomou mais um pouco de seu suco.

   — Consegui um estágio.

   Aquilo foi tão de repente, e eu estava tão focado na foto que quase não ouvi.

    Quase.

    — Como?

    — Consegui um estágio em um escritório de administração — ele disse — soube disso pouco antes de encher a cara.

     Fechei o computador e o olhei.

    — Ficou nervoso? Por isso foi beber e passou dos limites?

    — Sim — ele disse olhando para a mesa — mas não fiquei nervoso pelo estágio em si, mas sim pelo...

    — Jack — eu disse já bravo com Jack. Era tudo culpa dele, não tinha um desastre nessa família que não fosse culpa dele — Henri, você não pode ter medo do Jack, ele não manda na sua vida, você faz o que bem entender.

    — Eu sei, mas...

    — Você acha que eu seria fotógrafo se tivesse medo dele? — perguntei — você acha que eu estaria morando em Nova York?

   Ele negou.

    — Ele só te persuadiu a fazer administração, para ter alguém que fizesse tudo o que ele não queria — eu disse — pense bem, se quando eu cheguei aqui ele já me mandou para festas, reuniões e tudo mais, imagine o que ele fará com você.

    — Eu sei de tudo isso, ok?

    — Então porque continua na asa dele?

    — Porque eu preciso! — ele socou a mesa — eu não tenho a mesma capacidade que você de pegar um avião e me virar em algum lugar sem a mesada do papai e sem ninguém por perto.

Senhor MartinOnde histórias criam vida. Descubra agora