P.O.V Charlie:
Henri chegou quase na hora no almoço. Abriu a porta todo sorridente e se deparou com a minha pessoa sentada no chão, apenas de cueca olhando para o elevador.
Minha expressão não devia estar das melhores, eu não me sentia nada bem, nada bem mesmo.
Já fazia um bom tempo que eu estava ali, minha bunda estava quadrada e gelada, eu sentia frio e embora eu soubesse que aquilo tinha que acontecer de um jeito ou de outro, se não hoje outro dia, não havia sido como eu planejei.
Definitivamente, não estava nos meus planos ser tão agressivo como foi.
Vê-la me olhar daquela forma foi a pior coisa que poderia ter acontecido comigo, era uma dor interna que eu não sabia explicar, eu nunca tinha sentido aquilo, e não queria sentir de volta, não mesmo.
Foi como levar uma facada no peito, aqueles olhos tão lindos marejados de raiva, as bochechas rosadas, e um leve bico irado. E vê-la saindo sem poder correr atrás dela, a abraçar e pedir mil desculpas enquanto eu explicava a situação para ela, tornou tudo ainda mais difícil.
Seria um milagre se ela continuasse me amando por aquelas duas semanas até a exposição onde se deus quisesse, tudo seria resolvido e ela seria minha eternamente.
Tinha que dar certo, tinha que dar.
— O que você ta fazendo ai cara? — Henri riu — cadê minha cunhada?
Solucei.
Não toca na ferida.
— O assistente do Steve ligou — eu disse baixo — eu tava dormindo, a Emy atendeu.
Henri parou de andar.
— Ela descobriu?
Assenti lentamente.
— Tudo?
Neguei.
— Não tudo, só o que ela realmente precisava saber.
— E... ?
— Agora ela ta puta da vida comigo, como esperado — o olhei.
— Então porque você ta assim? Deu certo, não é?
— Na teoria — engoli seco — mas não era pra ser assim, eu pretendia ser mais delicado, foi tenso e ela... — respirei fundo — você não viu o jeito que ela me olhou — olhei para o chão — estou com medo de ela me mandar pastar depois da exposição.
— Mas a amiga dela também está sabendo, não é? — assenti — o plano é ela alimentar a tristeza dela, e triste, ela fica vulnerável e volta pra você no mesmo dia da exposição.
— Estou me sentindo um monstro.
— Por que você é — Henri deu de ombros — podia ter explicado tudo numa boa pra ela, ela ia saber disfarçar.
— Não ia — neguei — ela ia tentar, acredito que ia, mas o olhar dela entrega tudo, ela não sabe esconder emoção alguma, se ela conseguisse, eu sem dúvida teria contado o plano a ela, não tinha nem o que discutir, o problema é que eu não posso arriscar que alguém desconfie.
Henri suspirou e deu de ombros.
— Agora é aceitar as consequências do próprio plano — ele se sentou ao meu lado.
— Duas semanas sem minha loirinha, eu já estava preparado para suportar isso, mas não faz nem um dia que eu estou longe dela e já estou sentindo meu peito doendo.
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Senhor Martin
RomanceEmily, uma recém-formada e fracassada no mundo na moda nunca foi fã dos garotos bonzinhos, sempre fora impulsiva, explosiva, irresponsável e muito bipolar, gostar de meninos realmente legais não era algo que costumava acontecer com ela... até um fot...