Vick
Eles deveriam saber que aquele não era um adeus coisa nenhuma. Olha, eu conhecia aquele cara, e embora soubesse que ele realmente largaria tudo pela família, uma hora a chama ia se acender e a vida que ele escolheu não seria o bastante para apagar. Mas o que eu ia dizer? "Fiquem tranquilos que ele vai vir correndo quando estiver cansado"? Isso seria uma tremenda falta de empatia, e além disso, eu não tinha como saber. Tocamos naquele dia como se a nossa vida dependesse daquilo. E no final do show, com todos suados e ofegantes, corremos uns para os outros e nos abraçamos, choramos e rimos. Nos despedimos de Sam em Chicago, no mesmo dia em que Snow descobria no banheiro da casa em Los Angeles que os três agora eram quatro, e por coincidência ou não, isso aconteceu no mesmo momento em que o Ira puxou um coro com o nome do Sam, e ele pôde sair com a certeza de que não importava onde estivesse, ele era um Ethereal, e o mundo era dele.
...
Ethel
Não tenho muito a dizer sobre aquela turnê. Ela foi exaustiva, divertida, explosiva. Foi exaustiva porque eu precisava encarar as drogas de frente e mesmo assim me manter no controle. Foi divertida porque eu estava feliz e os meus amigos estavam felizes, e eu era amada pelo mundo. E foi explosiva porque essa é a natureza dos Ethereals: explodir. Mas quando o Sam saiu...eu senti que não íamos conseguir fazer aquela ferida fechar.
Estávamos no aeroporto quando ele soube da segunda gravidez, e ele estava tão feliz que me lembro de ter pensado: "É definitivo. Ele nunca mais vai voltar". E era tão estranho ficar triste e feliz ao mesmo tempo, e eu estava tão confusa que quando o abracei o Ira precisou me dizer que estava na hora de soltar.
Sam riu, mas me abraçou de novo mesmo assim.
- Pensa o seguinte: daqui pra frente vão haver quatro alfinetes vermelhos no mapa-múndi do coração da Ethel. E eles vão estar em Los Angeles. Você sabe quem são eles?
- Você, Snow, Eric e o bebê?
- Isso aí. E um alfinete laranja vai ser colocado em outros lugares depois de um tempo, porque não faz parte da natureza dele ficar parado e ver a vida passar. Sabe quem é ele?
- Eu.
- Você, Eth. E uma hora você vai voltar para junto dos seus alfinetes vermelhos porque, como você me disse uma vez: "Eles não vão à lugar nenhum, cara".
Ele me soltou e, depois de abraçar o Ira, embarcou, e eu fiquei agarrada ao meu alfinete vermelho restante.
...
Ira
Eu me lembro de ter ficado para trás enquanto todo mundo abraçava ele, e aquela foi uma das poucas vezes na vida em que eu não queria chorar na frente deles.
Eu sabia que ele não estava saindo da minha vida, sabia que estaria com ele em alguns dias e que todo aquele drama seria desnecessário. Mas era mais do que isso. Eu dividi o palco, todos aqueles palcos que eu chamava de lar, dividi com aquele cara, e naquele momento eu não conseguia encarar o horizonte da minha vida e pensar num futuro em que ele não estivesse ao lado da Vick enquanto eu cantava. No fim acabei chorando, e piorou quando ele deixou o meu abraço por último.
- Obrigado - Nós dois dissemos ao mesmo tempo.
...
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The Ethereals
FanfictionNa Las Vegas dos anos 70, a jovem Ethel King encanta corações impuros com a sua voz espetacular, um desses corações pertence à Ira Blame, rapaz bonito de San Diego que desfruta de uma viagem breve na companhia dos amigos. Mal sabem eles que após doi...