🎙Capítulo 26🎙

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Ira

Os representantes da Putnam's estavam ficando impacientes. Eles queriam estouro atrás de estouro, um disco atrás do outro, e isso gerou tanta discussão que acabei aparecendo na sede dois dias depois da Ethel ter voltado. Cheguei na sala de reuniões com uma porção de jornais e revistas, e antes de ouvir uma única palavra do Georgie, joguei tudo aquilo em cima da mesa e cruzei os braços.

- Isso aí é tudo o que saiu sobre a banda no último mês nos maiores veículos de comunicação do país. Bob?

Bob abriu a mochila e jogou o resto. Eu sabia bancar o filho da puta quando alguém me enchia o saco.

- Esses aí são das mundiais, e isso foi só o que eu consegui reunir em uma semana, Georgie, posso conseguir muito mais.

- O que está querendo com isso, filho? - Me lembro de que ele disse com aquele tom que significava: "Olha só, o cara está dando chilique".

- Quero que pare de mandar o seu pessoal pegar no meu pé. Quer quebrar o contrato, Putnam? Ótimo, faz aí o que quiser com ele - Joguei uma das muitas cópias do contrato com a gravadora que eu fazia questão de guardar - Não sou eu quem vai sair perdendo. Você não acha que tem gente esperando um passo em falso seu para contratar a gente? Porque olhando pra tudo isso eu tenho a certeza absoluta de que os Ethereals vão ser os Ethereals com ou sem o seu nome nas entrelinhas, porra!

- Ira, Ira, Ira, abaixa a bola. Eu ainda sou o dono disso aqui, e o seu bichinho ainda trabalha pra mim, e você também. Seja razoável. Você é o cara, já entendi, mas ainda trabalha pra mim.

- Bob, vai pedir demissão.

Bob me olhou como se eu fosse louco.

- Você é um dos produtores mais influentes disso aqui, aliás, do mundo. Pede demissão, você vai onde a banda for, e os Ethereals não trabalham mais para a Putnam's...a não ser que o Georgie aqui tenha alguma coisa a dizer.

Bob e eu fomos embora, e recebemos a notícia através do Harry de que seríamos deixados em paz, eu também fui avisado para não abusar da sorte porque os Putnam's eram gente grande e não sei mais o que.

- As coisas mudaram, Harry, não sou mais o rapaz que apareceu na gravadora dele com um sonho e meia dúzia de músicas. Tenho dado o meu melhor para levar o meu nome e o daquele velho fumador de charutos para o topo da porra do mundo e ele não demonstra a menor empatia pelo que passamos e ainda estamos passando com a Ethel. Vamos fazer música, Harry, e o sucesso vai continuar sendo nosso, mas nada disso vai ficar acima da minha família de novo.

Desliguei o telefone antes da ladainha recomeçar. Harry era um ótimo empresário, mas a nossa relação não chegava nem perto do que eu tinha com o Bob. Bob era da família, enquanto Harry nunca deixou de ser trabalho, embora desse para me divertir com aquele jeitão dele de vez em quando.

Ethel estava dormindo encolhida quando eu voltei para o quarto. Ela tinha o sono muito leve naquela época, então acabou acordando mesmo que eu tivesse me esforçado para não fazer barulho.

- O que está fazendo?

- Estava falando com o Harry - Eu deitei e abri espaço para ela vir se ajeitar no meu peito - Georgie abaixou a bola.

Ela ficou em silêncio e pensei que fosse voltar a dormir.

- Sabe, ele tem razão em alguns pontos.

The EtherealsOnde histórias criam vida. Descubra agora