🎙Capítulo 31🎙

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Ira

Mesmo sem saber, a gente cumpriu a promessa que a Vick fez para o Sam. E os filhos dele, no que dependesse de mim, Vick e Ethel, seriam as crianças mais amadas do mundo, e elas nunca estariam sozinhas.

...

Ethel

A questão, pelo menos depois que Ivan completou seu sexto mês e a minha barriga estava ganhando volume, era que Snow queria ficar sozinha.

- Pessoal, eu amo vocês, mas preciso que acreditem quando digo que nós vamos ficar bem.

Ela não estava mais usando medicação para dormir, e a terapia parecia estar mesmo ajudando a lidar com o luto, mas a verdade era que nos sentíamos responsáveis demais por ela e pelos meninos para aceitar que um dia a vida dela poderia tomar outro rumo. Ela tinha a fortuna do Sam e as heranças que Tom e Dan deixaram para dividirmos igualmente mas que acabamos deixando tudo para ela. Não estávamos ali porque tínhamos medo de que eles passassem dificuldades, não éramos ingênuos à esse ponto. A questão era o cuidado, o medo de deixar ela infeliz.

- Ethel, é sério - Ela disse outra vez - Eu preciso começar uma vida nova, por mim, mas pelos meus filhos também. E prender vocês aqui comigo não vai tornar nada mais fácil e...acho que o Sam não ia querer que eu me sentisse sufocada.

Foi um golpe baixo, mas acho que no fundo eu sabia que ela estava certa, se não achasse não teria feito as malas e voltado para Malibu, não é?

Vick não foi com a gente, ela estava presa em Los Angeles até avançar na fisioterapia por causa da fratura na perna, e ela tinha uma esperança vaga de eliminar a dor fantasma que sentia no braço direito de vez em quando, e eu sabia que aquilo era frustrante para ela, mesmo que ela fizesse piadinhas e dissesse que tudo estava bem.

- Depois disso acho que vou arranjar uma casa para a Rory e eu - Ela deu de ombros - Mas vou ficar por perto, prometo.

No fim das contas, Snow e os filhos tiveram a casa de Los Angeles só para eles, Ira e eu tínhamos o chalé, e Rory e Vick não precisaram arranjar casa nenhuma. Elas reformaram a S.G'S, mas sem apagar as coisas que faziam daquela casa uma casa única. Ainda não dava para abrir a geladeira se estivesse com alguma coisa no fogo, as portas dos armários ainda podiam sair na sua mão se puxasse com força demais e os quartos ainda tinham menos de um metro de distância entre os móveis, sendo quase impossível andar dentro deles. Aquela era a casa dos sonhos de qualquer um que não tivesse juízo, e nós nunca tivemos.

...

Ira

Ser pai estava mexendo com a minha cabeça, e tecnicamente eu ainda nem era um. No dia em que Ethel me contou que era uma menina...eu senti que podia morrer de amor. Foi estranho, foi assustador, o jeito como aquela frase simplesmente pegou todas as minhas definições de amor e jogou direto pelo ralo. Aquele bebezinho que ainda nem tinha nome, que não tinha um rosto gravado na minha memória, roubou todo o espaço do meu coração.

- Você já pensou em como vamos chamar ela? - Estávamos deitados no sofá quando fiz aquela pergunta. Eu estava no colo dela, cuidando para não colocar peso em cima da barriga, mas com o ouvido bem perto para ouvir a minha garotinha ali dentro.

- Com certeza não quero seguir a lógica da minha mãe, ela deu às filhas nomes de personagens de contos de fadas.

- Snow eu até entendo, mas "Ethel"?

The EtherealsOnde histórias criam vida. Descubra agora