➢ CAPÍTULO 13

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Ela o ajudou quando não tinha a menor obrigação disso

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Ela o ajudou quando não tinha a menor obrigação disso. Eu não conseguia entender. Eu não conseguia processar o que tinha acontecido na noite anterior.

Lalisa Manoban, da família que eu desprezava, tinha ajudado meu pai. Por que ela faria uma coisa dessas? Por que tinha estendido a mão e o levado para casa? Dado banho nele? Limpado a casa dele?

Ela poderia muito bem ter chamado a polícia. Eu deveria estar agora na delegacia, pagando a fiança dele, mas não precisaria fazer isso.

Tudo que eu sabia sobre a família dela parecia ser o oposto de suas ações, mas mesmo assim...

— Onde está a porra do café? — resmungou meu pai, entrando na oficina, coçando a barba. Sua aparência estava péssima, o que não era surpresa nenhuma. Eu estava surpreso por ele ter se levantado antes das cinco horas da tarde.

— Na sala de descanso, onde sempre está — respondi secamente. — Como foi sua noite? — perguntei.

Ele encolheu os ombros.

— Tudo bem. Eu só apaguei.

Desmaiou, é o que você quer dizer.

— Você esteve com alguém? — perguntei, querendo saber de quanto ele se lembrava.

Ele arqueou uma das sobrancelhas e tomou um gole do “café”.

— Com quem raios eu poderia ter estado?

— Ninguém. Esquece.

— Já esqueci. Aliás, limpe esta bagunça. Está tudo uma merda aqui. Nós trabalhamos numa oficina ou numa porra de um lixão?

Nós não trabalhamos.

Meu pai não trabalhava havia anos. Nós costumávamos ser os melhores. Eu realmente o tinha como um exemplo antes de ele ter se perdido na bebida.

Agora era só uma sombra do homem que me servira de exemplo. Ele não fazia ideia do que tinha acontecido na noite anterior. Eu não sabia se isso era bom ou ruim. Mas se meu pai descobrisse que uma integrante da família Manoban o havia ajudado, daria mais marretadas no banco da igreja.

Nossa família não aceitava esmolas. Principalmente daquele tipo de gente. Só que ela talvez o tenha salvo na noite anterior. Se Lisa não o tivesse acompanhado até em casa, tomado conta dele, quem sabe o que poderia ter acontecido?

Eu sentia um conflito dentro de mim. Estava confuso, sem saber como esclarecer as coisas.

Além do ódio que sentia por Lalisa Manoban e tudo que ela representava, também sentia uma enorme gratidão.

Como aquilo era possível? Como eu podia odiá-la e me sentir grato a ela ao mesmo tempo?

Eu não sabia como me sentir, então optei por não sentir nada e voltei ao trabalho, que era a única coisa sobre a qual eu tinha algum controle. E, naquele momento, eu precisava sentir um pouco de controle.

SHAME - LiskookOnde histórias criam vida. Descubra agora