━ Os caminhos de Lalisa e Jungkook acabam se cruzando de um jeito inusitado e a tristeza profunda que carregam atrai os dois como ímã. Ambos sabem que não foram feitos um para o outro, mas, como tudo vai acabar mesmo com o fim do verão, resolvem dei...
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— Meu pai vai se aposentar — comentou Lisa durante o jantar numa noite no fim de junho. — Jennie vai assumir a paróquia e vai dar o seu primeiro sermão neste domingo. Você vai comigo?
— Claro.
Não havia dúvidas.
Quando alguma coisa era importante para Lisa, era importante para mim também. Havia meses que não íamos a Chester, e eu não mentiria dizendo que a volta não seria difícil. Aquela cidade representava muitos demônios para mim, mas voltar de mãos dadas com Lisa me ajudaria a engolir aquilo.
Loretta veio com a gente porque, apesar de não querer rever Namjoon, ela queria ver a filha o suficiente para superar aquele desconforto.
Chegamos à igreja na manhã de domingo, e percebi o nervosismo de Loretta quando subimos os degraus.
Coloquei a mão no seu ombro e apertei de leve.
— Você está bem?
Ela assentiu.
— Respirando devagar.
Namjoon estava à porta cumprimentando as pessoas, e quando nos aproximamos, vi seus olhos pousarem em Loretta.
— Oi — disse ele.
Loretta se empertigou.
— Olá, Namjoon.
— Você está... Linda. — Ele parecia um pouco chocado e balançado com a beleza de Loretta, o que me causou certa estranheza. Todas as mulheres da família Manoban eram lindas.
Ela deu um sorriso e encolheu um pouco o ombro esquerdo.
— Claro que estou. — E seguiu para a igreja.
— Oi, pai — cumprimentou Lisa, aproximando-se do pai e dando um beijo em seu rosto.
— Oi, minha flor. Tudo bem?
Ela me deu o braço e abriu um grande sorriso.
— Melhor do que bem.
Entramos na igreja e nos acomodamos em um dos bancos.
Eu não me lembrava da última vez que tinha entrado numa igreja, quanto mais para ouvir o sermão de alguém, mas era um momento importante para Jennie. Eu não acreditava na igreja, mas acreditava na família.
Então, eu me sentei e ouvi.
O sermão de Jennie foi sobre o poder do perdão.
Ela falou sobre como a vida às vezes tinha suas reviravoltas e, mesmo assim, no fim das contas, você sempre tinha a chance de recomeçar na manhã seguinte. Ela estava confiante, como se tivesse nascido para fazer sermões. Jennie tinha encontrado sua paixão e era poderoso vê-la viver aquilo em voz alta.
Depois da missa, ela se aproximou de Lisa e de mim, e eu juro que nunca vi ninguém mais feliz que ela.
— Como eu me saí? — perguntou ela.
Lisa puxou a irmã para um abraço apertado.
— Você foi perfeita. Cada segundo foi perfeito.
— Ela está certa. Você nasceu para isso — comentei. Jennie sorriu e agradeceu.
— Ah, você já viu a sua antiga casa? Eu adoraria ouvir sua opinião — disse Jennie. Eu levantei uma das sobrancelhas e me virei para Lisa. — Você não contou para ele?
— Achei que seria melhor mostrar para ele — retrucou Lisa.
— Mostrar o quê?
As duas abriram um sorriso e me olharam com aqueles olhos azuis.
— Você vai ver — disseram ao mesmo tempo.
Começamos a andar em direção à minha antiga casa, e fiquei surpreso quando vi que a casa do meu pai, a oficina e a minha casa tinham desaparecido completamente. Em vez disso, havia trilhas pontilhando todo o terreno. Havia lindas flores por todo o espaço e um pequeno playground onde crianças estavam brincando, fazendo muito barulho.
— Você transformou minha casa num parque? — perguntei, um pouco surpreso.
— Sim, e nós demos a ele o nome de alguém bem chegado a você — comentou Lisa, apontando para uma placa. Olhei na direção do dedo dela. Parque do Tucker. — Já que existem tantos cães na região, achei que eles poderiam ter um lugar para brincar. Então fizemos algumas trilhas na área aberta no fim do parque. Venha, vou te mostrar.
Caminhamos pelas trilhas até a clareira onde Tucker e minha mãe tinham sido enterrados. O local estava protegido por um portão e havia uma placa dizendo “In memoriam”.
Havia donos passeando com seus cães ou brincando de jogar bolinhas para eles pegarem, e consegui sentir a felicidade que reinava naquele lugar. Aquilo era além de incrível.
Senti um aperto no coração quando olhei além do memorial para uma construção logo atrás. Era nova para mim, mas eu sabia exatamente o que era assim que vi.
— Você construiu o estúdio de pintura da mamãe? — perguntei, e minha voz falhou quando li a placa acima da porta. Foi criada com o letreiro da oficina do meu pai, mas agora estava escrito: Estúdio de pintura da Hwasa.
Lisa pousou a mão no meu braço.
— Tudo bem para você? — perguntou ela, preocupada. — Eu só achei...
Eu a interrompi com um beijo.
De certa forma, era como se minha mãe estivesse viva naquele dia.
— Nós oferecemos aulas de arte aqui — comentou Jennie. — As crianças amam. Às vezes, nós nos sentamos ao ar livre e pintamos o pôr do sol.
— Isso é incrível — comentei, ainda surpreso. — Isso é muito mais do que incrível.
— Se você estiver na cidade e quiser dar uma aula, nós vamos adorar. — Jennie abriu um sorriso e cutucou a irmã. — Lisa, por que você não mostra o estúdio para ele? Está fechado agora, então vocês vão poder olhar com calma.
— Claro! Venha. — Ela pegou minha mão, nós seguimos para o estúdio e entramos.
Era lindo. Encostados na parede, havia alguns quadros da minha mãe que eu nem conhecia.
— Onde vocês conseguiram tudo isso? — perguntei.
— Encontramos no porão da casa do seu pai, e ele disse que poderíamos usar. Achei que seria um toque especial. Também estudei alguns dos seus trabalhos mais antigos e achei que os desenhos com carvão seriam ótimos para as crianças mais novas. E, nos fundos, abrimos uma lona todas as noites de sábado na qual as pessoas podem jogar tinta à vontade. Eles a chamam de sala Jungkook Pollock, mas nós preferimos chamá-la de Jeon Jungkook, é claro. — Ela continuou falando sobre o espaço e o jeito como ela falava fazia meu coração flutuar. Ela percebeu que estava falando rápido demais e diminuiu um pouco o ritmo.
Ela franziu um pouco as sobrancelhas.
— Tudo bem para você? Eu só achei...
Eu a interrompi com mais um beijo.
— Case comigo — sussurrei com os lábios encostados nos dela.
Ela deu uma risada leve, pensando que eu estava brincando, mas, depois, ela se afastou um pouco e me olhou nos olhos, inclinando um pouco a cabeça.
— Casar com você?
— Sim. Case comigo, Lalisa Manoban.
Ela apoiou as mãos no meu peito, mordeu o lábio inferior e assentiu devagar.
— Está bem — sussurrou ela, roçando os lábios nos meus.