━ Os caminhos de Lalisa e Jungkook acabam se cruzando de um jeito inusitado e a tristeza profunda que carregam atrai os dois como ímã. Ambos sabem que não foram feitos um para o outro, mas, como tudo vai acabar mesmo com o fim do verão, resolvem dei...
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Eu não havia saído do hospital desde que descobri que o pai de Jungkook foi internado.
Eu saí para procurar comida e café para Jungkook porque tinha certeza de que ele não sairia do lado daquela cama e, quando estava voltando para o quarto, senti um frio na espinha.
— Lisa, o que você está fazendo aqui?
Eu me virei e vi Jackson olhando para mim.
— Como assim, o que eu estou fazendo aqui? O pai do Jungkook está internado e estou aqui para dar uma força para ele.
— Ele ligou para você? — perguntou Jackson, parecendo surpreso.
— Não, mas estou surpresa por você não ter ligado. Eu sei que estamos passando por muita coisa, mas você não me contar que sabia que o pai de Jungkook estava aqui... Você deveria ter me contato.
— Eu não podia. Confidencialidade médico-paciente.
— Ah, fala sério. Você deveria ter me contado!
— Não, eu não poderia e, francamente, não sei como você ficou sabendo — declarou ele.
— Eu contei para ela — revelou Momo, aparecendo atrás de nós.
— Você fez o quê!? — Finn gritou com ela. — Por que você faria uma coisa dessas!?
— Só achei... — Ela suspirou. — Eu passei pelo quarto do Jungkook e o vi sentado sozinho lá. O tio dele foi trabalhar e Jungkook passou o dia inteiro sozinho. Eu só achei que seria bom ele ter o apoio de alguém.
— Você não deveria ter se metido — rosnou Jackson, ficando com o rosto vermelho. — Você passou dos limites.
— E eu estou feliz que ela tenha feito isso — declarei.
Eu não conseguia olhar para Momo porque vê-la ainda me fazia sofrer.
— Ela não deveria ter se metido e, Lisa... Jeon Jungkook não é o tipo de pessoa de que você precisa agora.
— Não é você que decide isso.
— Ele é perigoso. Violento.
— Nós não vamos fazer isso de novo, Jackson. — Parecia que estávamos correndo sem sair do lugar toda vez que nos encontrávamos. — Foi você que começou aquela briga.
— Foi ele que revidou.
— Você o deixou com o olho roxo!
— Ele mereceu!
— Não é você quem decide isso. Você foi atrás dele para começar a briga! Ele não fez nada de errado — falei, irritada.
— Ele é um peso na sua vida. Você não deveria ser amiga dele.
— E você não pode tomar esse tipo de decisão por mim.
— Ela está certa, Jack. — interveio Momo, entrando na conversa.
— Momo, será que você pode ficar fora da porra desse assunto?! Estou tentando conversar com a minha mulher aqui! — exclamou ele, e no instante que as palavras saíram da sua boca, eu senti como elas devem ter magoado Momo.
Sua mulher.
Eu finalmente olhei para ela e vi o peso do seu olhar.
Então, veio o constrangimento, a culpa e a vergonha.
— Desculpe. Fique à vontade para conversar com a sua mulher — disse ela, antes de se virar e ir embora.
Jackson suspirou e apertou o topo do nariz.
— Meu Deus, não foi isso que eu quis dizer. Eu só... — Ele parou de falar, e Momo continuou andando. — Merda! — Ele ficou ali parado por um momento, olhando para mim, sem saber o que dizer. — Eu não sei bem o que fazer — confessou.
Respirei fundo e balancei a cabeça.
— Você tem duas opções: pode ficar aqui comigo ou ir atrás dela — expliquei de forma direta. — Mas pode acreditar quando digo que ficar aqui comigo não vai trazer absolutamente nada para você.
Ele suspirou e assentiu.
Então, se virou para ir atrás de Momo.
— E, Jackson?
Ele olhou para mim com aqueles olhos azuis que eu costumava amar.
— O quê?
— Você não tem mais uma mulher. É hora de me libertar.
Nenhuma outra palavra foi dita porque ele sabia. Ele já sabia que tudo estava acabado e terminado entre nós.
Não era segredo para ninguém que nossa história tinha chegado ao seu último capítulo, e algumas histórias simplesmente não tinham um final feliz.
Algumas histórias simplesmente acabavam.
༄
Mais dois dias se passaram, e Sungjin ainda não havia acordado.
Eu estava doente de preocupação. Jungkook estava se descontrolando, e eu não sabia como ajudá-lo a se manter firme.
Ficávamos sentados no sofá do hospital, e eu me apoiava nele enquanto ele fechava os olhos, e me concentrava na respiração dele. Às vezes, eu trazia um livro comigo e lia em voz alta para evitar que ele enlouquecesse.
— A gente devia ir até a sua casa para você tomar um banho — sugeri.
Ele negou com a cabeça.
— Eu não quero sair daqui.
— Você já está aqui há dias, Jungkook. Assim que as coisas mudarem, eles vão avisar. Nós só precisamos levar você para casa para descansar um pouco por algumas horas.
Ele assentiu devagar e finalmente cedeu.
Caminhamos no mais absoluto silêncio e quando vi que o corpo dele começou a se curvar, peguei a mão dele e dei um aperto leve para que soubesse que não estava sozinho.
Chegamos à casa dele, abri o chuveiro e peguei uma muda de roupa limpa. Coloquei as roupas na bancada do banheiro e fui chamá-lo na sala.
Ele estava diante de um dos quadros da mãe, olhando para eles com muita tristeza.
— O banho está pronto — avisei.
— Obrigado.
Ele pigarreou e entrou no banheiro. Então, colocou a cabeça para fora.
— Lisa?
— Hã?
— Você pode ficar aqui comigo?
Posso.
Fui até o banheiro com ele, e nós nos despimos bem devagar. O único som que ouvíamos era o do chuveiro. Entrei na banheira primeiro e ele me seguiu.
Ficamos em silêncio, enquanto ele ensaboava as minhas costas e eu lavava o cabelo dele. Nós enxaguamos a nossa pele, nossas mágoas, nossos medos e, quando o sabão escorreu todo no nosso corpo, continuamos na água quente.
Jungkook pressionou a testa na minha e fechou os olhos. Senti a respiração dele na minha pele, enquanto ele inspirava e expirava.
— Eu não posso perdê-lo, Lisa. — declarou, suavemente, e vi suas lágrimas se misturarem com a água que escorria por sua pele. — Eu não posso perdê-lo.
Senti o peso de suas palavras, então, pela primeira vez, fiz a única coisa que eu conseguia pensar quando a vida parecia tão fora de controle.
Fechei os olhos, respirei fundo e comecei a rezar.