➢ CAPÍTULO 15

706 81 65
                                    

Na cidade de Chester, você via as mesmas pessoas todos os dias

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Na cidade de Chester, você via as mesmas pessoas todos os dias. Mesmo que não quisesse. Descobri rapidamente que Jungkook não apenas levava Tucker para o parque de vez em quando, mas também carregava aquele garotão no colo todos os dias pela cidade para que pudessem se sentar ao sol por horas. Parecia ser o lugar favorito de Tucker, e Jungkook não se importava de dar aquela alegria para o cachorro.

Mesmo que ele odiasse quando eu olhava para ele, eu não conseguia evitar. Era tão intrigante olhar com atenção para alguém que eu acreditava ser tão diferente de mim e enxergar partes que combinavam perfeitamente com alguns cantos da minha alma. Talvez não fôssemos extremos opostos, no fim das contas — nós dois estávamos perdidos e tudo mais. Ele não era a única pessoa que eu via na cidade, porém. O que era uma pena.

Via Momo o tempo todo, mas fiz um bom trabalho em evitá-la. Eu a vi primeiro na lanchonete. Depois na sorveteria, e escapei antes que ela tivesse a
chance de me dirigir a palavra. Então nosso caminho se cruzou no mercado. Ela estava de salto alto e seu cabelo louro estava puxado para trás em um rabo de cavalo apertado. Enquanto ela seguia em direção à seção de frutas, legumes e verduras, eu parei. Ela ficou olhando para as bananas como se fossem criaturas estranhas, estudando cada uma delas como se não conhecesse a fruta.

São só bananas, sua idiota. É só escolher uma penca.

No instante em que o pensamento passou pela minha mente, eu me senti culpada.

Desculpe por chamá-la de idiota.

Espere.

Não.

Ela roubou o meu marido. Tenho permissão para xingá-la na minha mente sem me sentir culpada por isso.

Momo pegou uma penca, ergueu o olhar e me viu.

— Lisa — disse ela, meu nome escorrendo por sua boca como se fosse uma doença.

Ela deu um passo atrás, e eu fiquei parada. Seus olhos ficaram marejados, e eu odiei isso. Ela começou a chorar no meio do mercado, e as lágrimas pingavam nas frutas que ela havia comprado. Meu Deus, eu odiava as lágrimas dela porque faziam com que eu me lembrasse do meu próprio sofrimento.

O sofrimento que ela havia provocado.

Momo deu um passo em minha direção. E meu corpo se retesou.

Empurrei meu carrinho para longe.

— Lisa, espere. Podemos conversar? — pediu ela.

Suas palavras me feriram no instante em que saíram da sua boca.

Ela se aproximou.

Eu me virei e fugi correndo.

Correndo.

Só para esclarecer as coisas, eu não era uma corredora. Tinha certeza de que nem sabia como correr de maneira adequada. Depois de vinte segundos, já estava sem ar e suando em lugares que eu nem sabia que poderiam suar. Mas
continuei correndo assim mesmo, porque ouvi o som do salto do sapato dela atrás de mim.

SHAME - LiskookOnde histórias criam vida. Descubra agora