➢ CAPÍTULO 48

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— O jantar foi bom — comentou Jen enquanto terminávamos de arrumar a cozinha naquela noite

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— O jantar foi bom — comentou Jen enquanto terminávamos de arrumar a cozinha naquela noite. — Estou feliz por tê-lo trazido aqui.

— Você acha que as coisas saíram bem? Mamãe não disse muita coisa. — Franzi a testa.

Eu ainda achava incrível que, mesmo depois de tudo que tinha acontecido, eu ainda desejasse a aprovação dela. Talvez isso nunca acabasse de verdade. Talvez uma pessoa sempre desejasse o amor e a compreensão dos pais.

— Talvez o fato de ela não falar tenha sido bom — comentou Jen. — Talvez isso signifique que ela está absorvendo tudo.

— Espero que sim. — Eu realmente esperava que sim.

— Eu nunca vi aquele olhar antes — comentou minha mãe, entrando na cozinha e encostando no batente. A voz dela era tão suave e baixa que quase não acreditei que fosse minha mãe mesmo. — O jeito como aquele rapaz olhou para você. O jeito como você olhou para ele... — Os olhos dela ficaram marejados, e ela enxugou as lágrimas que escorreram. — Eu não tinha entendido.

— Mãe... — sussurrei, surpresa com a emoção que via nos olhos dela. Em toda a minha vida, eu nunca a tinha visto chorar. Nem mesmo nos períodos mais difíceis.

— Minha teimosia me impediu de entender. Meu orgulho ficou no caminho, mas Lalisa, o jeito como vocês olham um para o outro esclareceu tudo para mim. É como se vocês realmente se vissem. Eu nunca vi isso em toda a minha vida.

— A não ser por você e pelo papai — comentou Jennie.

Minha mãe franziu a testa. As lágrimas continuavam caindo.

— O que está acontecendo? — perguntei, completamente confusa diante das emoções dela.

Ela não conseguia falar. Jennie e eu fomos até ela e a abraçamos. Eu não fazia ideia do que estava causando tanto sofrimento. Eu não sabia por que ela estava desmoronando daquela forma. Tudo que eu sabia é que ela precisava de mim por perto, e era exatamente onde eu estaria.

É muito doloroso testemunhar tamanho sofrimento nos pais. É como se você visse a sua Mulher-Maravilha despencar do céu.

— Está tudo bem? — perguntou meu pai, entrando na cozinha. Os óculos estavam na cabeça dele, no alto da cabeça, como sempre, e suas mãos estavam enfiadas nos bolsos enquanto nós consolávamos a nossa mãe.

— Ele a ama, Namjoon — declarou minha mãe apontando para mim. — Aquele rapaz ama a nossa filha.

— O quê? Não... — sussurrei.

O Jungkook não me amava...

Jeon Jungkook simplesmente não amava.

— Ama — concordou meu pai. — Ele ama, sim.

Minha mãe enxugou os olhos.

— Mesmo depois do que falei para ele, ele ficou do lado dela. Durante todos esses anos, eu venho tentando apagar aquela mulher das nossas vidas, e agora vem o filho dela e se apaixona pela minha filha.

— Aquela mulher? — perguntei. — O que você quer dizer com isso?

Minha mãe enxugou as lágrimas e saiu de lá, deixando-nos, Jennie e eu, completamente confusas.

Eu me virei para o meu pai.

— Pai? Do que ela está falando?

Ele engoliu em seco e eu vi a emoção que tinha tomado conta da minha mãe brilhar nos olhos dele.

— Nós temos que conversar.

— Você está chateada — comentou meu pai, indo me encontrar no degrau da varanda onde eu estava sentada pelos últimos dez minutos depois de ele ter me revelado sobre o seu passado.

— Estou confusa — corrigi.

Ele se sentou ao meu lado, a culpa estampada no rosto enquanto olhávamos para o céu noturno.

— A mãe do Jungkook... Você a amava? — perguntei.

— Amava.

— Se ela estivesse viva, você estaria com ela?

Ele franziu a testa.

— Estaria.

— Você ama a mamãe?

— Sua mãe sempre foi a minha rocha.

Eu dei uma risada, meneando a cabeça.

— Não foi isso que eu perguntei.

— Eu sei.

— Antes de Jeon Hwasa, houve outras mulheres? Ou ela foi a única?

— Lisa... você precisa compreender... — começou ele, e eu revirei os olhos.

— Não. Eu já entendi. Você foi infiel à mulher que se manteve ao seu lado apesar de tudo. Tudo faz sentido para mim agora. Minha mãe me pressionar tanto para eu voltar para o Jackson. Ela realmente acredita que não importa o que aconteça, você deve ficar ao lado do seu homem. Foi isso que ela fez. Ela sempre ficou ao seu lado, e você continuou com suas traições.

Ele fungou, olhando para o céu estrelado.

— Eu cometi muitos erros.

— Você tem razão nisso, e usou a lealdade dela para abusar do coração dela. Não é de se estranhar que tenha ficado tão fria. Ela não sabe mais o que é o amor.

— Você me odeia — declarou ele.

— Sim. — Fiz uma pausa. — Não.

Meus sentimentos pelo meu pai ficaram complicados, de repente. Parecia que eu tinha sido atingida por um trem e deixada para juntar os cacos da minha alma.

— Quando cheguei aqui no verão, você me disse que nós fomos criados para sentir e, às vezes, esses sentimentos ficavam desordenados. Você disse que o coração pode bater por amor em um instante e, no próximo, o ódio aparecia. É assim que estou me sentindo agora. Simplesmente confusa.

— Sinto muito.

— Eu sei. É engraçado. Eu sempre me perguntei onde eu tinha errado com Jackson. Como eu tinha caído em um relacionamento no qual o fundamento da lealdade não existia. — Respirei fundo e olhei para as mesmas estrelas que ele olhava naquela noite. — Acontece que eu me casei com um homem que era exatamente como o meu pai.

— Eu a decepcionei.

— Decepcionou, sim, mas eu vou ficar bem. Sou mais forte do que jamais achei que seria. Todos nós somos, no fim das contas. Mas eu queria pedir um favor.

— Qualquer coisa.

Minha mãe tomou os meus pensamentos. Eu não conseguia imaginar como ela se sentia perdida. Como sua alma devia estar magoada.

Apoiei a cabeça no ombro dele e fiz meu único pedido.

— Ou você a ama de forma completa ou a deixa livre para partir.

SHAME - LiskookOnde histórias criam vida. Descubra agora