━ Os caminhos de Lalisa e Jungkook acabam se cruzando de um jeito inusitado e a tristeza profunda que carregam atrai os dois como ímã. Ambos sabem que não foram feitos um para o outro, mas, como tudo vai acabar mesmo com o fim do verão, resolvem dei...
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— Xerife Camps, ele não merece estar atrás das grades — gritei, entrando na delegacia.
No instante em que ouvi falar sobre a briga e a prisão de Jungkook, segui direto para lá.
O xerife estava com o terno e a gravata que tinha usado na festa, sentado atrás da sua mesa.
— Pois é, e eu não mereço estar aqui preenchendo uma porção de formulários porque parece que seus dois homens não conseguem deixar de agir feito dois macacos em público.
— Eu sei, mas não foi culpa dele. Ele não fez nada de errado. E eu acho...
— Espere um pouco. De quem você está falando? — quis saber o xerife. — Qual dos dois você veio salvar?
— Jungkook, — declarei como se fosse óbvio. — Estou aqui por ele.
— Boa escolha. Parece que foi o Jackson que começou a briga, o que é um pouco chocante.
Aquilo não era nem um pouco chocante para mim.
— Posso ir até lá ver os dois com você?
Ele negou com a cabeça.
— Eu não sei, Lisa. A gente não deixa ninguém entrar.
— Xerife Camps... Sou eu. A pequena Srta. Lalisa Manoban. Eu só quero falar com os dois, isso é tudo, eu juro.
Ele suspirou.
— Acho que não vai fazer mal a ninguém. Vamos lá. Mas você não pode contar para ninguém que eu deixei, está bem? Não quero que as pessoas achem que sou um molengão.
Concordei em manter aquilo em segredo e fomos até os fundos.
Senti meu coração disparado.
Quando olhei para Jungkook, ofeguei um pouco. Ele tinha cortes pelo rosto, e marcas roxas e azuladas. A gravata estava frouxa em volta do pescoço e ele parecia tão derrotado.
Meu Deus, Jackson. No que você estava pensando?
— Oi — murmurou ele.
— Oi — respondi.
— Parece que você ganhou um passe-livre da cadeia, cara, graças à sua mulher aqui. Agradeça a ela, pois eu ia deixá-lo passar a noite atrás das grades — comentou o xerife enquanto procurava a chave para abrir a cela de Jungkook.
No instante em que ele abriu a porta, eu o abracei.
— Você está bem?
— Estou. Sinto muito.
— Sente muito? Por quê? Você não fez nada de errado.
— Eu sei. Mesmo assim, eu não deveria ter aceitado as provocações do Jackson. — A voz dele estava tão baixa que era quase um sussurro.
Percebi na hora que a mente dele estava um turbilhão e eu esperava que ele não se afastasse de mim.
Fique aqui comigo, Jungkook...
— Vou me encontrar com você lá na frente em um minuto, está bem? — falei, acariciando o braço dele.
Ele assentiu e foi até a frente da delegacia.
Fui até a cela de Jackson. Ele olhou para mim e seu rosto estava tão ferido quanto o de Jungkook.
— Acho que você não está aqui para pagar a minha fiança, não é? — brincou ele.
Eu mal conseguia olhar para ele. Jackson parecia um estranho para mim.
— Você ainda está de porre.
— Um pouco.
— Você não faz esse tipo de coisa, Jackson.
— Bem, talvez você não seja a única que tenha mudado um pouco. — Ele se levantou e se aproximou de mim, segurando as grades. — O que é que você está fazendo, Lisa? Saindo com um viciado?
Uau, ele estava jogando sujo.
— Ele está sóbrio — argumentei. — Há anos.
— Por ora. Tipo, olhe o que ele fez com o meu rosto. Ele é perigoso.
— Você fez a mesma coisa com ele, Jackson.
— Sim, mas... — Ele suspirou, virou de costas e, depois, olhou para mim. — Eu amo você.
— Pare de dizer isso.
— Não, eu não vou parar, porque eu amo. Nós temos uma história de quinze anos juntos e não posso ficar sem fazer nada enquanto vejo você cair nos braços daquele babaca. Eu amo você demais para isso.
— Eu rezei tanto para você dizer essas palavras de novo para mim — sussurrei, balançando a cabeça. — Eu rezei para você me querer de volta, para você voltar para mim, mas não era o que você queria.
— É, sim. Estou dizendo para você aqui e agora que é você que eu quero. Eu sei que as coisas estão confusas, mas...
— Você só demonstrou interesse em mim depois que outro homem demonstrou, Jackson. Isso não é amor, isso é ciúme, e eu não quero participar desse jogo. Não quero participar de jogo nenhum. Só quero que você me deixe em paz.
— Eu não vou desistir — avisou ele. — Eu não vou desistir de nós. Não vou desistir disso.
— Não existe um nós, Jackson.
— Por causa daquele merda?
— Não. — Neguei com a cabeça. — Por sua causa.
༄
— Está tudo bem — resmungou Jungkook sentado no sofá enquanto eu pressionava um pano úmido em seu olho. — Não é a primeira vez que fico com o olho roxo por dormir com a mulher de outro homem.
— Eu não sou a mulher dele — declarei com voz séria, observando enquanto ele fazia careta por causa da pressão do pano. — E ele não é o meu homem.
— Se você não é a mulher dele, de quem você é?
— Eu não sou de ninguém — respondi sem ar, sentindo meu coração disparar. — Antes de eu ser de alguém, preciso saber ficar sozinha.
— Nossa — sussurrou Jungkook, balançando a cabeça e mordendo o lábio inferior. — Você não faz ideia como é bom ouvir o que você acabou de dizer.
Dei um sorriso para ele e voltei a atenção para o olho roxo.
— Você está conseguindo — sussurrou ele, segurando a minha mão, para eu parar de aplicar o pano em seu rosto.
— Conseguindo o quê?
— Descobrir quem você é.
Eu sorri e pendurei o pano.
— Acho que você vai sobreviver.
— Bom saber — resmungou ele, olhando para os dedos.
— O que foi? — perguntei. — O que houve?
— O que você vê quando olha para ele? O que você vê quando olha para o Jackson? — perguntou Jungkook com voz insegura.
Parei por um tempo, agachando-me no chão, antes de olhar diretamente para ele.
— Eu vejo o meu passado. Vejo tudo que eu era e tudo que eu não era.
— E o que você vê quando olha para mim?
Juro que havia uma pequena centelha no olho dele que curou partes de mim que eu nem sabia que estavam quebradas.
Passei a mão pelo cabelo, mordi o lábio e encolhi os ombros.