C A T E B L A N C H E T T
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A situação toda ainda é estranha para mim. E todo esse cuidado? Toda aquela preocupação? O que é? Isso não é normal para mim, eu não costumo agir assim. Me preocupar dessa forma com uma aluna que eu costumava ignorar não é o meu usual. Isso é confuso, mas eu não pareço conseguir evitar. Eu quero descobrir por que me sinto assim por Hernández.
Após aquela cena com ela, eu volto para a sala dos professores. Sandra e Sarah estão lá e parecem saber de algo. Alguma delas me viu arrastar Hernández para o restaurante da faculdade? Elas me viram segurar a mão dela? Os olhares das duas indicam que sim.
Sandra e Sarah se olham e seus rostos mostram que sabem. Elas sabem o que eu fiz, elas me viram levar Hernández para o restaurante. Elas devem ter visto tudo. As irmãs trocam um olhar curioso e atrevido, talvez imaginando o que me levou à isso.
Porém, elas não estão surpresas, as duas agem de maneira mais divertida do que chocada. Eu me pergunto por quê. O motivo será os acontecimentos de antes? Sarah acena um pouco para Sandra, com um pequeno sorriso nos lábios. A mais nova se vira para olhar para mim enquanto vou me sentar à mesa. Seu sorriso se torna provocador.
— O que você estava fazendo com aquela garota? — a mais nova pergunta em tom de provocação, claramente sabendo muito bem o que aconteceu.
Sarah é quem é a mais curiosa, e também é ela quem faz mais perguntas sobre isso do que Sandra. A loira gosta de fofocar e não pode deixar de se intrometer quando há algo acontecendo por aqui. Sandra é diferente, ela prefere escutar as conversas e avaliar silenciosamente. Mas isso não quer dizer que ela não seja curiosa, ou que adore uma fofoca também.
Eu suspiro, já sabendo do que se tratava e sabendo que ela não me deixaria fugir disso.
— Com Hernández? Nada demais. — eu digo, em desdém. Sarah levanta uma sobrancelha.
— Nada demais? — ela pergunta, parecendo surpresa e um pouco cética agora. — Tem certeza? — acrescenta, seu tom agora é um pouco insinuante, e ela até faz um som um pouco provocador. Sandra ri dela e parece querer se juntar à provocação que a irmã iniciou.
— Você é terrível, sabia disso? — eu falo, meio brincando, e eu rio com elas agora, embora ainda pareço um pouco envergonhada. Passei a língua nos lábios e me endireitei na cadeira. — Eu só... Eu só paguei o almoço dela. Nada demais, como eu disse. — por mais que eu tenha reforçado que não era nada demais, isso parece significar muito para as duas.
Claro, primeiro a minha permissão para ela refazer o trabalho, depois a ajuda no gerenciamento do cronograma e agora eu pago o almoço da menina. Certamente isso era demais para as duas lidarem em um único dia. Elas olham para mim completamente surpresas e com sorrisos no rosto. E então eu me preparei para as perguntas, sem vontade de respondê-las.
Elas não iriam desistir tão facilmente. Elas continuariam fazendo perguntas e cavando até obter uma resposta. Principalmente Sarah.
— Por que você fez isso? — a mais nova pergunta, olhando para mim com uma pitada de provocação em seus olhos e em seu tom, mas ainda há mais curiosidade. Sandra ri ao ver tudo isso acontecer, e sorri para mim, claramente gostando do meu constrangimento.
Não haveria como escapar de responder à pergunta, então eu poderia muito bem ir em frente e admitir antes que elas me deixassem louca com suas perguntas.
— Eu só quis. — eu digo finalmente, tentando minimizar a situação agora e fazer parecer que não é nada sério.
Mas essa afirmação chama a atenção de Sarah e Sandra novamente, e as duas me olham com curiosidade. Elas devem saber que eu não estou contando tudo a elas e provavelmente sabem que há algo mais nessa história.

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Be Mine
ספרות חובביםNum enredo permeado por uma confusão de sentimentos, S/n Hernández percebe que sua paixão pela professora de física, Cate Blanchett, transcende os limites de um simples crush, desencadeando uma série de eventos que viram suas vidas de cabeça para ba...