Be Mine

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C A T E    B L A N C H E T T

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Na manhã seguinte, acordei com uma sensação de peso no peito, como se a noite anterior tivesse deixado uma marca indelével em minha alma. O sol já estava alto, mas eu não tinha energia para me levantar. Permaneci deitada por um tempo, encarando o teto, tentando processar os eventos da noite passada. O travesseiro ao meu lado estava vazio e frio, um lembrete cruel da ausência de Hernández. As horas da madrugada foram passadas em um turbilhão de pensamentos, revivendo o momento em que ela desligou na minha cara. O som do silêncio após a chamada ainda ecoava em minha mente.

Levantei-me devagar, sentindo o peso de uma noite mal dormida. Cada movimento parecia pesado, como se estivesse carregando o peso do mundo. Caminhei até o banheiro, me olhando no espelho. Meus olhos estavam inchados, e o cansaço era evidente em cada linha do meu rosto. Lavei o rosto, tentando me recompor. Desci as escadas lentamente, cada passo ecoando na casa silenciosa. A cozinha estava exatamente como a deixei na noite anterior, com uma xícara de chá intocada ainda sobre o balcão. Fiz uma tentativa de preparar um café, mas meus movimentos eram automáticos, quase mecânicos. Peguei a caneca e me sentei no sofá, deixando o olhar vago se perder pela janela.

Enquanto as semanas se desenrolavam, eu me encontrava constantemente imersa em um turbilhão de pensamentos e emoções, cada novo dia trazendo consigo uma mistura de esperança e desespero. As atualizações de Allyson sobre a vida de Hernández eram como pequenas âncoras que me ligavam à realidade, mesmo enquanto me afogava em um mar de incertezas e arrependimentos.

Ouvir sobre o novo emprego dela como tutora me trouxe um misto de orgulho e tristeza. Orgulho porque sabia que ela tinha talento para ensinar, tristeza porque isso significava que ela estava seguindo em frente sem mim. Cada nova informação sobre sua vida cotidiana era como um pequeno vislumbre de um mundo que eu havia perdido, um lembrete constante do vazio que sua ausência deixara em minha vida. E então, havia os momentos em que me encontrava perdida em pensamentos sobre como ela estaria se sentindo, o que estaria passando por sua mente enquanto navegava pelos desafios da vida cotidiana. Será que ela pensava em mim, assim como eu pensava nela? Será que sentia minha falta, como eu sentia a dela? Essas perguntas ecoavam incessantemente em minha mente, alimentando a chama frágil da esperança que ainda ardia dentro de mim.

Nas sessões de terapia, mergulhei fundo em um oceano de emoções há muito reprimidas, enfrentando as marés tumultuadas do meu passado e do meu presente. Cada encontro com minha terapeuta era uma jornada emocional, uma oportunidade de explorar os cantos mais sombrios da minha alma e confrontar os fantasmas que me assombravam. Houve momentos de profunda tristeza, onde as lágrimas fluíam livremente, carregando consigo anos de dor e angústia. Recordações dolorosas ressurgiam à superfície, como bolhas de ar presas sob a superfície de um lago congelado, quebrando o silêncio com estalos e estremecimentos.

Mas também houve momentos de pura catarse, onde a dor se transformava em cura, e a escuridão cedia lugar à luz. Ao compartilhar minhas experiências mais íntimas e vulneráveis, descobri uma sensação de alívio e libertação que nunca havia experimentado antes. Cada confissão era como um peso sendo retirado dos meus ombros, uma carga que eu havia carregado por tempo demais. E então, havia os momentos de revelação, onde as peças do quebra-cabeça da minha vida se encaixavam finalmente em um todo coerente. Percebi padrões de comportamento que antes me escapavam, compreendi a origem das minhas inseguranças e medos mais profundos, e reconheci a necessidade urgente de mudança e transformação.

Mas, acima de tudo, houve momentos de profunda conexão humana, onde me senti verdadeiramente vista e ouvida pela minha terapeuta. Sua presença compassiva e empática me proporcionou um espaço seguro para explorar minhas emoções mais complexas e contraditórias, e sua orientação sábia e perspicaz me ajudou a encontrar o caminho de volta para mim mesma.